quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Apenas mais um discurso?

Barack Obama leu ontem, no Congresso dos EUA, o seu primeiro «Discurso do Estado da União». E representou algo de verdadeiramente diferente em relação aos muitos outros discursos que já leu? Admitiu ter compreendido o significado de recentes desaires eleitorais do Partido Democrata? Anunciou que vai abandonar ou alterar medidas que a maioria dos americanos rejeita? Não.
O discurso foi, essencialmente, mais do mesmo: longo (o maior da sua carreira!), repetitivo, desinteressante... tanto que até Harry Reid foi «apanhado» a bocejar! Porém, pior seria se tivesse sido dito em «dialecto de negro»... Mas houve pelo menos um aspecto positivo a registar: o «índice de narcisismo» desceu – neste discurso o presidente falou de si próprio «só» 114 vezes, quando, numa anterior alocução, chegou às 132...
Comentadores como Fred Barnes, Kevin McCullough e Toby Harnden chamam a atenção, além das insuficiências, para as incoerências inerentes ao pensamento e à acção de BHO, mais concretamente entre o que ele prometeu e o que cumpriu (ou não...), e entre o que ele diz que é verdade e... o que se sabe que é mesmo verdade. James Pinkerton aconselha-o a pedir a ajuda de Steve Jobs. Já o senador James Inhofe é mais sucinto: «Obama é melhor mentiroso do que Clinton.» No entanto, como diz o provérbio, depressa se apanha um...
E por falar em mentiras, uma «inovação» inesperada, mas insolente, do discurso foi a crítica a uma decisão recente do Supremo Tribunal de Justiça... com os respectivos juízes sentados na sala! Um deles, Samuel Alito, foi «apanhado» a murmurar «not true», o que fez lembrar o que aconteceu no ano passado com o congressista Joe Wilson... Barack Obama alegou que, assim, qualquer indivíduo ou instituição, mesmo do estrangeiro, pode intervir nas eleições americanas... o que não deixa de ser irónico, pois foi isso mesmo que aconteceu na sua campanha!
O Partido Republicano também já fez o seu «balanço» do primeiro ano de BHO como presidente. O primeiro de apenas quatro? O Sr. Hussein afirmou que prefere ser um «mesmo bom» presidente de um mandato do que um «medíocre» de dois. Mas Charles Krauthammer lembra que há uma terceira opção...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Cores primárias

«Sim, ele conseguiu»... o quê? Nem numa escola primária ele consegue falar sem a ajuda de teleponto! E porque esta é uma «dependência» que já se viu que ele não consegue diminuir, sujeitando-se a incidentes indesejados, não é de admirar o multiplicar de comentários sarcásticos, tanto por parte de cidadãos (mais ou menos) comuns como por parte de humoristas como Jon Stewart – que aliás, já o satirizara por outra estranha «fixação».

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Ano Dois

Barack Obama tomou posse como 44º Presidente dos Estados Unidos da América há um ano. E o Obamatório, não por coincidência, «abriu» também as suas «portas» há um ano.
Agora como então, vai-se dividir as atenções entre o anterior e o actual presidente. Assim, eis seis retrospectivas sobre George W. Bush, escritas por Andrea King e Dave Logan, Andrew Breitbart, Candace de Russy, Gary Graham, Jeffrey Shapiro e Leigh Scott. E seis retrospectivas sobre BHO, escritas por Bradley Blakeman, Charles Krauthammer, Frank DeMartini, Jon Kraushar, Kurt Schlichter e Paul A. Rahe.

«Este é o assento do povo!»

Scott Brown, do Partido Republicano, venceu ontem a eleição para o cargo de senador (um dos dois por cada Estado) pelo Massachusetts – uma votação que se destinou a encontrar um substituto permanente para Edward Kennedy, que faleceu no ano passado.
É uma vitória extraordinária (a primeira de um republicano desde 1972!), mas que só pode surpreender quem – ao contrário de nós – não tem observado atentamente o que se passa nos Estados Unidos da América desde há um ano, e que ainda prefere o delírio da propaganda à realidade dos factos – mais concretamente, o crescente descontentamento com as políticas, e as atitudes, de Barack Obama e do Partido Democrata. E o triunfo é tanto mais notável porque se trata do lugar que o irmão de John Kennedy ocupou durante mais de 40 anos! Mas, como Scott Brown correctamente lembrou, a posição que agora vai ocupar não é pertença de alguém em particular: «Este é o assento do povo!»
Mais importante, a confirmação de Scott Brown como o 41º senador republicano implica que os democratas perderam a maioria qualificada que detinham no Senado - e, logo, a capacidade de aprovarem sozinhos as suas propostas, em especial a «reforma» do sistema de saúde. É por isso compreensível a desorientação nas «fileiras azuis» e nos seus apoiantes, em especial os «cães de fila» que os «protegem» nos media. O desespero, e até o pânico, pelo que ia acontecer em Boston expressaram-se, por exemplo, no convite à fraude de Ed Schultz, nos insultosreiterados – de Keith Olbermann (ambos, não surpreendentemente, da MSNBC), e na «angústia» hilariante de Jon Stewart (actualização: até este afirma que aquele exagerou...). Porém, por mais que os «cães» ladrassem, a «caravana» republicana passou...
… E essa «caravana» tomou a forma de um carro, a pick up truck de Scott Brown, de que Barack Obama troçou, no seu já habitual pedantismo elitista que negligencia os hábitos, as opiniões e os problemas do cidadão comum. E a ironia está em que é um veículo produzido por uma empresa – a General Motors – que a actual administração intervencionou! Por ter ido ao Massachusetts apoiar Martha Coakley o actual presidente é também um dos grandes, e directos, derrotados nesta eleição. Para ele, um ano depois de ter tomado posse, esta é uma má «prenda». A segunda, aliás, que recebe num «aniversário» para ele importante: a 4 de Novembro último, um ano depois de ter vencido as eleições presidenciais, o país acordava ao som das vitórias dos republicanos Christopher Christie e Robert McDonnell nas eleições para governadores, respectivamente, dos Estados de Nova Jérsia e da Virgínia. E em Novembro deste ano haverá eleições para o Congresso...

domingo, 17 de janeiro de 2010

Por uma boa causa

Barack Obama pediu, e William J. Clinton e George W. Bush aceitaram participar na ajuda norte-americana ao Haiti, país devastado por um violento terramoto a 12 de Janeiro. Embora possa parecer insólita, esta aliança entre Clinton e Bush Filho não representa a primeira vez que o marido de Hillary colabora com um membro da mais famosa família do Partido Republicano: antes associara-se a Bush Pai no auxílio aos afectados pelo furacão Katrina. Quando os mais altos, e verdadeiros, valores se levantam (os de salvar, proteger, vidas humanas inocentes), não há lugar a diferenças políticas e a rivalidades partidárias. Mais um bom exemplo... por uma boa causa.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Harry, o inimputável

Em 2008 o então candidato Barack Obama tinha uma hipótese de vencer porque tem uma «pele clara» e «não fala como um negro». Quem disse isto? Algum «racista» do Partido Republicano? Não. Foi Harry Reid, presidente do Senado dos EUA, do Partido Democrata.
Não é de agora que o senador do Nevada se notabiliza por actos ofensivos e palavras insultuosas. Porém, como está supostamente «do lado certo da História» (e da política), Barack Obama desculpou-o. No entanto, o actual presidente não teve o mesmo comportamento para com Trent Lott, que, em 2002, proferiu igualmente alguns infelizes comentários no mesmo âmbito. Mas, lá está, é do partido do elefante, e não do burro, logo... não se esquece e não tem perdão. Todavia, o exemplo máximo de como se pode ser beneficiado por se ser democrata e fazer declarações raciais insensíveis aconteceu igualmente durante a última campanha presidencial: outro proeminente senador admirou-se por o Sr. Hussein ser «articulado, brilhante, limpo e com bom aspecto» - e não só foi perdoado como ainda foi convidado para vice-presidente! E Bill Clinton, defendendo a candidatura da sua esposa Hillary, disse que Barack Obama, em outras circunstâncias, estaria a servir-lhes café!
Este (recentemente descoberto) dislate de Harry Reid, cujos contornos, contexto e causas Ann Coulter sumariza e satiriza, é, além de (mais) uma demonstração de dualidade de critérios, apenas outro episódio da estranha relação da comunidade afro-americana com um partido tão intrinsecamente racista como o Democrata. Contudo, nunca é de mais lembrar que há excepções.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Colher as tempestades

Há pelo menos um aspecto positivo na tentativa – felizmente falhada – por parte do nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab de explodir, a 25 de Dezembro último e em pleno voo, um avião que viajava entre Amesterdão e Detroit: a demonstração definitiva do fracasso da «estratégia» adoptada pela actual administração norte-americana para o mundo muçulmano em geral e para o terrorismo islâmico em especial. Algo que já se podia antever aqui em Novembro e em Dezembro.
Com a confusão que se instalou nos aeroportos um pouco por todo o Mundo, Barack Obama está a «colher as tempestados» dos «ventos que semeou»: ao desvalorizar o terrorismo, ao ameaçar agentes da CIA por supostas «torturas», ao anunciar o encerramento da prisão de Guantanamo, ao dar a criminosos de guerra prerrogativas de cidadãos, o presidente dos EUA contribuiu indirectamente – ou até mesmo directamente – para o enfraquecimento dos sistemas de segurança implementados pela anterior administração. Um processo descrito e denunciado, entre outros, por Ann Coulter, Bill O’Reilly, Dick Morris, Kathleen McFarland, Michael Goodwin e Toby Harnden.
Também grave, e inquietante, é a circunstância de Barack Obama parecer enfrentar estes problemas algo displicentemente. Já aquando do massacre em Fort Hood demonstrara uma – aparente? – insensibilidade, não dando àquele assunto a prioridade imediata que se justificava; agora, reagiu ao quase-atentado nos céu de Michigan tardiamente e de uma forma pouco convincente – seguindo um «modelo» já utilizado em outras ocasiões. Entretanto, veio assumir-se como responsável principal pelo que aconteceu – nada de extraordinário, apenas uma elementar obrigação (parou finalmente de culpar George W. Bush?); e admitiu, finalmente, que há uma guerra com a Al-Qaeda – será que enfim aceitou que Dick Cheney tem razão?

domingo, 3 de janeiro de 2010

Balanços desequilibrados

O começo de um novo ano é um momento que costuma significar também, habitualmente... retrospectivas, balanços, análises, do ano que findou. Porém, e ultimamente, antes de se passar em revista os principais factos, e figuras, que se destacaram de Janeiro a Dezembro, deve-se ter cada vez mais em atenção o modo como esses factos e figuras foram, precisamente, destacados. É que, por o jornalismo já não ser o que era, descobre-se mais facilmente que há acontecimentos que não são correctamente cobertos... expondo, frequentemente, a incompetência ridícula e a precipitação leviana dos que os desvirtuam.