domingo, 28 de novembro de 2010

Boas Festas com Alá

Será que já se pode falar de… tradição? Nos Estados Unidos da América, mais concretamente em Portland, no Oregon, um muçulmano de origem somali chamado Mohamed Osman Mohamud tentou fazer explodir, na passada sexta-feira, uma bomba no meio de uma multidão que assistia ao ligar das luzes da grande árvore de Natal da cidade. Porém, o perigo realmente nunca existiu, porque aqueles que o «candidato a terrorista» pensava serem seus cúmplices eram, afinal, agentes do FBI, que já o vigiavam e que lhe forneceram «explosivos»… falsos que nunca detonariam.
No entanto, o que conta, mais uma vez, é a intenção: o bombista falhado admitiu que já pensava fazer isto desde há quatro anos (quando tinha… 15) e que nem a possibilidade de matar centenas de pessoas, incluindo crianças, o deteve. Por outras palavras, Mohamud – que, quando foi preso, não deixou de gritar «Allahu Akbar!» («Alá é grande!») - acabou por «seguir o exemplo», felizmente, de Umar Farouk Abdulmutallab, que a 25 de Dezembro do ano passado tentou, mas não conseguiu, detonar uma bomba num avião que viajava entre Amesterdão e Detroit. Todavia, entrou na «galeria» que já inclui, entre outros, e além de Abdulmutallab, Faisal Shahzad e Nidal Malik Hasan
… E esta «galeria» demonstra também porque é ridículo e excessivo, além de praticamente inútil, o novo sistema de «radiografar e apalpar» utilizado nos aeroportos norte-americanos. Por obediência ao (falso) igualitarismo «politicamente correcto» e para não parecerem críticos da actual administração norte-americana, os democratas-liberais não hesitam em defender e desculpar métodos que molestam freiras e crianças com menos de dez anos, mas que podem isentar de inspecção mulheres com trajes islâmicos. E isto quando já é mais do que evidente, e há muito tempo, que tipo específico de pessoas pode constituir uma potencial ameaça. E pelo menos uma muçulmana sabe isso.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

«Cool, dude!»*

Olhem para eles os dois. Tão contentes que estavam. Ficaram muito bem lado a lado. Como não podia deixar de ser? Afinal, e apesar das diferenças, têm tanto em comum!
A 7 de Novembro de 2008 eu respondia assim a uma mensagem de uma amiga minha que, entusiasmada com a vitória de Barack Obama na eleição presidencial ocorrida três dias antes (e que a fizera «reconciliar-se com a América»), me aconselhava a leitura do livro «Dreams From My Father»: «Não deixarei de incluir – mentalmente – (aquele livro) na mesma categoria em que se encontra também, por exemplo, a biografia do José Sócrates: a categoria de livros de, ou sobre, “políticos demagogos, mentirosos, oportunistas e populistas, que insultam os opositores e intimidam os jornalistas, com passado nebuloso e más companhias, e que, essencialmente, não passam de rufias arrogantes e incompetentes com muita bazófia e a mania das grandezas”.» Em outra mensagem para a mesma destinatária, dois dias depois, escrevi: «És tu e não eu quem tem uma “visão distorcida” do Hussein. Tal como os outros milhões de adoradores do “novo Messias”, não queres que a verdade se sobreponha à fantasia. A não ser, claro, que aches bem: que ele tenha feito amigos, mentores e apoiantes entre mafiosos, racistas, terroristas e outros extremistas; que ele concorde com o aborto muito para além dos três meses; que perfilhe uma visão marxista da sociedade e da economia; que denigra as forças armadas das quais vai ser, supostamente, comandante supremo. (…) Chamas-me “intolerante, fundamentalista, conservador e “narrow-minded”... porque não alinho em histeria de massas, ilusões colectivas e lavagens cerebrais generalizadas. Sim, confesso: sou desconfiado, lúcido, penso pela minha cabeça e procuro informar-me para além da propaganda propagada pelos pasquins. E será que sobre ti surgiu um arco-íris do qual cairam muitas flores quando escreveste “acredito no sonho, no futuro e num mundo melhor (sim, com políticos destes)”? Não te sabia tão lírica... e crente! Também acreditas que o Elvis está vivo? Enfim, e resumindo: “No, I won’t!"»
Recordando estas palavras… premonitórias, é hoje evidente, não só que elas estiveram directamente na origem do Obamatório, mas também que prefiguravam, precisamente, os factos que ainda mais confirmariam as semelhanças nas afirmações, acções e percursos de Barack Obama e de José Sócrates. Repare-se… e compare-se: ambos têm currículos escolares que suscitam dúvidas e interrogações – muitos registos desaparecidos ou inacessíveis para um, uma «licenciatura ao domingo» para outro; o presidente norte-americano tem, ou teve, como «amigos», pessoas tão «recomendáveis» como Anthony Rezko, Jeremiah Wright, Rod Blagojevich, a família Giannoulias – e o (infelizmente, ainda) primeiro ministro português apresenta por sua vez… a sua família em geral e os seus primos em particular, e ainda António José Morais, Armando Vara, Rui Pedro Soares…; BO, e os seus apoiantes, atacaram Rush Limbaugh, a Fox News, Andrew Breitbart… - JS, e os seus apoiantes, atacaram Manuela Moura Guedes, o Público, António Balbino Caldeira…; ambos levaram os respectivos Estados a atingirem dimensões e despesas excessivas e incomportáveis, ao mesmo tempo que mostram pouco rigor com os números do (des)emprego; um (os republicanos em geral e George W. Bush em particular) e o outro (governos anteriores do PSD e do CDS, a «crise mundial», os «mercados especuladores», as agências de rating…) culpam sistematicamente outros pelos problemas que enfrentam – problemas, aliás, que causaram ou para os quais contribuíram decisivamente. Acrescente-se o fascínio: pelas «energias alternativas e renováveis» – o que não impede que Obama se desloque num automóvel que é tudo menos ecológico; e por Hugo Chávez – o «tuga» já é um «compincha», o «ianque» talvez queira ser.
Assim, quando Barack Obama, em Lisboa, disse a José Sócrates que a «sua determinação para fortalecer a economia portuguesa e receber estas cimeiras (da NATO, UE-EUA, UE-Rússia) diz muito da sua liderança», isso não significou que o presidente norte-americano estivesse mal informado sobre o (infelizmente, ainda) primeiro ministro português; pelo contrário, representou de certeza um elogio sincero. O investimento público é, para os dois, a melhor forma de… estimular, de «fortalecer a economia». E, para além disso, e como acima ficou demonstrado, muito provavelmente existem vários outros aspectos da «liderança» de Pinto de Sousa que o Sr. Hussein reconhece… e aprecia – além de admitir que «o seu inglês é muito melhor do que o meu português» (ou seja, valeram a pena as «lições técnicas» na Universidade Independente). Pelo que o «menino Zézito» bem que podia ter dito ao seu ilustre visitante: «Cool, dude!»*
(* Possível tradução de «Porreiro, pá!» para inglês, sugerida pela minha filha mais velha, sendo que «Dude» passou a ser uma designação «autorizada» do Nº 44 desde que Jon Stewart assim se lhe referiu pessoalmente.)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

«PALINfrasia»*

Sarah Palin «não tem» capacidade, competência e conhecimentos para desempenhar o cargo de Presidente dos Estados Unidos da América. Aliás, Sarah Palin «não tem» possibilidade de vencer uma eleição presidencial porque não é popular junto (da maioria) dos independentes. Aliás, Sarah Palin «não tem» hipótese de conseguir a nomeação pelo Partido Republicano porque não respeita o «establishment» do GOP. Aliás, Sarah Palin «não tem»…
Mas o que é que Sarah Palin – indubitavelmente – tem (e não é baiana...) que faz com que, apesar de tantas alegadas «lacunas», não parem de falar dela, em especial os liberais-democratas-progressistas, que não param de falar mal dela? S. E. Cupp é quem deve ter dado a explicação mais correcta: o que mais os irrita é a felicidade da «Mama Grizzly». E, dizemos nós, também a coerência e a persistência. Mais do que sucesso político, trata-se de sucesso pessoal e familiar. Que, depois dos livros «Going Rogue» e «America by Heart», está bem patente na série de televisão «Sarah Palin’s Alaska», cujo primeiro episódio bateu os recordes do canal TLC ao conseguir a atenção de cinco milhões de espectadores! Como se isso não bastasse, a filha mais velha Bristol está na fase final do programa «Dancing with the Stars», o que até já causou algumas reacções… radicais.
Críticos, tanto à esquerda como à direita, continuam a mostrar que nada aprenderam com Ronald Reagan – que também foi governador, e jornalista, e (média) estrela de (grande e pequeno) ecrã... Os preconceitos mantêm-se, agora tingidos com machismo e até com misoginia: se um homem é de direita quase de certeza que é estúpido; se uma mulher é de direita e, ainda por cima, é bonita, de certeza que é estúpida! (Veja-se mais um exemplo português desta atitude aqui.) Não adianta ser-lhes provado – e aqui no Obamatório isso tem sido feito regularmente – que praticamente todas as supostas «gaffes» e insuficiências de Sarah Palin são falsas, exageradas, distorcidas pela imprensa inimiga ou apenas insignificantes; e que para cada eventual erro «autêntico» dela se podem contrapor cinco de Barack Obama, dez de Joe Biden e quinze de Harry Reid/Nancy Pelosi.
E parece que nem aqueles de quem seria de esperar uma maior lucidez conseguem por vezes evitar cair nos lugares comuns dos ditos «mitos», ou sabem distinguir «intromissões autorizadas» de «intromissões não autorizadas»… E, destas, não só a do «vizinho indesejado» Joe McGinniss. David Kernell – filho de Mike Kernell, proeminente político democrata do Tennessee – foi agora condenado em tribunal por, em 2008, ter entrado numa caixa de correio electrónico da então governadora do Alaska e candidata a vice-presidente. Não é «curioso» que tal caso não tenha sido mais… divulgado?
De uma vez por todas, habituem-se! A mulher tem carácter, tem força, tem inteligência, e - que «chatice»! - é ambiciosa. Porque não há de ela querer viver na Casa Branca? Bem pode o «biógrafo» do Sr. Hussein apostar que isso não acontecerá. Bem pode Kathleen Parker orgulhar-se de que «liderou o assassinato» dela. Bem pode Tina Fey, pateticamente, continuar a servir-se da sua (muito superior) «sósia» para as suas «piadas» (pelos vistos, nada de mais relevante lhe resta…). Bem pode Lisa Murkowski dizer – com a «autoridade» de quem reprovou quatro vezes (!) no exame de advocacia – que a sua conterrânea não tem «qualidades de liderança e curiosidade intelectual». Enfim, e numa palavra: invejosas!
Sarah Palin é «aquela máquina», e veio para ficar. E já demonstrou que não é condicionada pelas manifestações de alguma estranha «variante» de «palinfrasia»* que parece afectar muitos dos seus compatriotas.
(* Palinfrasia: s. f. MEDICINA perturbação da elocução caracterizada pela repetição da última sílaba das palavras e, às vezes, de todas as sílabas de cada palavra (principalmente no atraso mental e na demência precoce) (Do gr. pálin, «de novo» + phrásis, «elocução» + ia) ) («Dicionário da Língua Portuguesa 2006», Porto Editora, página 1240)

sábado, 13 de novembro de 2010

O inimigo infiltra-se?

Na viagem que Barack Obama fez durante esta última semana pela Ásia o pior nem terá sido o seu dispendioso, excessivo e insólito «sistema de segurança», visível sobretudo na visita á Índia (que incluiu até a remoção de cocos… de coqueiros!), nem a surpresa sentida pelos indianos pelo continuado uso do teleponto pelo presidente norte-americano. O pior terá sido (mais um)a crítica a Israel… feita na Indonésia, o maior país muçulmano do Mundo, e depois de visitar a maior mesquita daquele país. Aliás, e ainda na Índia, Obama pareceu sentir dificuldades em responder a uma pergunta sobre a Jihad.
Esta aparente insegurança, ou indefinição, mostrada pelo «comandante em chefe», em relação à ameaça islamita parece reflectir a sucessão de sinais que provavelmente indicam que aquela continua a espalhar-se, de uma forma mais ou menos «silenciosa», nos EUA. E não foi, ou é, só o caso da «Ground Zero Mosque». Houve também os casos de uma caricatura e de uma caricaturista que foram… «retirados de circulação». E o caso de vários cúmplices de terrorismo que «rezaram» em Washington. E o do operacional do Hamas que entrou no centro de treinos do FBI e em outras instalações governamentais. E os indícios (das tentativas) de introdução da Shariah no país… que pelo menos uma(a) juiz(a) (de Oklahoma) não considera suficientes de modo a ratificar uma decisão tomada pelos eleitores. Entretanto, nos aeroportos americanos  a «segurança» parece-se cada vez mais com assédio sexual: vários passageiros são incomodados, e tende-se a esquecer que todos os que tentaram, ou conseguiram, explodir aviões são homens estrangeiros com o mesmo «perfil».
Neste contexto, torna-se ainda mais grave a declaração do Sr. Hussein, dada a Bob Woodward, de que os Estados Unidos podem «absorver» outro ataque terrorista. Impossível não relacionar este… «conceito» com a pergunta que Andrew Klavan faz: «Does Islam suck?» Enfim, são dúvidas que convém esclarecer… antes, de preferência, que se veja «a bandeira do Islão a voar sobre a Casa Branca».

domingo, 7 de novembro de 2010

Em Novembro lembraram-se

Desde o início deste ano que o apelo se repetia: «Remember in November!» E no passado dia 2 de Novembro a maioria dos norte-americanos lembrou-se de tudo o que lhes desagrada(va) no seu país governado em exclusivo desde 2008 – devido ao controlo da Casa Branca e do Congresso – pelo Partido Democrata. E dessa memória resultou a maior derrota eleitoral de sempre dos «burros» desde, pelo menos, a década de 1930.
A vitória do Partido Republicano não foi, porém, completa. Os «elefantes» recuperaram, é certo, a maioria na Casa dos Representantes, a maioria dos governadores e a maioria dos lugares nas legislaturas estaduais, mas não conseguiram o mesmo no Senado: apesar dos lugares conquistados pelos adversários, o Partido Democrata manteve aí uma maioria, mesmo que mínima. E é a este nível que se impõe fazer alguns comentários.
Será que mais ninguém reparou que, de todas as eleições mais em destaque, a única em que as sondagens não se confirmaram foi a de senador pelo Nevada? Nas últimas semanas, Sharron Angle aparecia à frente ou, quando muito, empatada com Harry Reid; e, no entanto, foi este que venceu. Porquê? Porque, muito provavelmente, a «máquina democrática» voltou a manipular uma votação. É certo que surgiram índicios de irregularidades em diversos pontos do país, mas nunca tantos nem tão graves como na «terra dos casinos»: Reid terá oferecido comida e cartões de prendas em troca de votos, beneficiado de «ajuda» do patronato e dos sindicatos da região, além da de centenas de operacionais do DNC. Uma situação que faz lembrar o que aconteceu há dois anos no Minnesota quando Al Franken foi eleito senador: soube-se recentemente que os votos (ilegais) de presidiários podem ter sido decisivos naquele resultado. Por outras (e poucas) palavras: a «vitória» de Reid não merece credibilidade. Não acreditam? Ouçam Richard Trumka a «orgulhar-se» do trabalho feito, em especial no Nevada...
Ao lado, na Califórnia, não terá havido fraude (generalizada, pelo menos) nem propriamente surpresas: a situação era, e é, de se «estar à beira do abismo»… e a maioria dos votantes californianos decidiu «dar um passo em frente» elegendo pessoas que muito contribuíram para a decadência daquele Estado, nomeadamente Nancy «Whip Operation» Pelosi, Jerry «Whitman is a Whore» Brown e Barbara «Call me Senator» Boxer. Esta, é de realçar, nem sequer recebeu desta vez o apoio do Los Angeles Times, que justificou a decisão com o facto de ela «demonstrar menos poder de fogo intelectual e liderança do que deveria». Ou seja, uma subtil maneira de lhe chamar «estúpida»… Mas não há, ou houve, «problema»: perto de Hollywood até uma democrata defunta ganha uma eleição!
É caso para perguntar: «o que é que os californianos têm andado a fumar?» A resposta é óbvia: muita «erva»! Tanta que se sentia o cheiro no estádio dos San Francisco Giants, equipa que este ano venceu a final do campeonato de baseball dos EUA (as denominadas World Series); tanta que este ano se multiplicaram os avisos contra «doces de Halloween»… com droga. E os «fumos» devem ter chegado mais a Norte, ao Estado de Washington, onde a «wacko» (muito mais do que Christine O’Donnell e Sharron Angle juntas) Patty Murray voltou a ganhar uma eleição para o Senado.
Vários foram os que já escolheram os vencedores e os vencidos destas «midterms». Pela minha parte, prefiro apontar aquele que é o seu verdadeiro vencedor nacional (e não estadual ou local): Michael Steele, que, constantemente criticado, e com menos dinheiro e menos «truques» do que os rivais, liderou os republicanos até um triunfo histórico. Agora, a grande pergunta é: «Barack Obama vai ou não vai alterar o seu comportamento?» A julgar pelas suas primeiras declarações após a derrota, a resposta parece ser… não, nem por isso. Além de que as sucessivas, divisivas e, por vezes, ofensivas afirmações que fez durante a campanha ainda vão certamente ecoar durante bastante tempo.
Enfim, não nos é necessário, agora, dar mais explicações para os resultados desta última «Super (ou será Hiper?) Tuesday». Quem costuma consultar o Obamatório percebe perfeitamente porque é que eles aconteceram. Aqui não se perde tempo e espaço, (dezenas de) posts e (milhares de) caracteres a falar constantemente de sondagens. Nos EUA uma eleição não é uma consequência de um jogo de Monopólio, não é determinada por lançamentos de dados: resulta de uma sucessão e avaliação de factos, e os mais relevantes para a política norte-americana nos dois últimos anos foram relatados no Obamatório. Podemos não ir à RTP para o programa «Olhar o Mundo», à TVI para o «Combate de Blogs», à Rádio Europa para o programa «Descubra as Diferenças», nem sermos o «convidado da semana» no Delito de Opinião, mas provavelmente somos, como ficou comprovado na terça-feira passada, o melhor blog português dedicado exclusivamente à política e à sociedade dos EUA – porque demonstrámos estar mais em sintonia com o que lá efectivamente acontece(u).

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Noite das «bruxas»

Não deixa de ser curioso que as «eleições de meio termo» de 2010 se realizem apenas dois dias depois do Halloween… porque a palavra (e a imagem de) «bruxa» tem estado, nesta campanha eleitoral, particularmente em foco.
Principalmente por causa de Christine O’Donnell, que confessou que na sua juventude participou em algumas «práticas mágicas»… por brincadeira e por namoro. Mas isso foi há mais de 20 anos. Hoje, concorre ao cargo de senador(a) pelo Delaware com base em conceitos e em propostas que assentam na limitação do poder do governo e na responsabilidade fiscal… mas as suas ideias foram desfavorecidas em favor de supostos devaneios de adolescência. E, no que é mais uma prova de como nos EUA os políticos – em especial as mulheres – são tratadas pela «lamestream media» de modo diferente consoante o partido a que pertencem, compare-se as pueris incursões pela «feitiçaria» de O’Donnell com as «conversas com mortos», em sessões espíritas na Casa Branca, feitas por Hillary Clinton quando era primeira dama!
Entretanto, é de salientar – e de saudar – a grande probabilidade de os dias de «susto» provocados pela maior «bruxa» da política norte-americana – autêntica «Wicked Witch of the West» (ela é de São Francisco) - estarem a terminar: Nancy Pelosi poderá não perder a sua eleição, mas se os democratas perderem a maioria na Câmara de Representantes ela deixará de ser speaker. Porém, e enquanto pode, ela não desiste de provocar alguns «arrepios»: aconselha os jovens a manterem-se dependentes dos pais; diz que a culpa é de George W. Bush (algo que não é original num democrata); acredita que há um problema na distribuição da riqueza no país; queixa-se de que «não ficámos com o crédito pelo que fizémos» (ela que não se preocupe porque já amanhã, e devido ao débito nacional que ajudou a acumular, esse «crédito» vai chegar).
Outras «bruxas» há que, embora não tão malignas como Nancy Pelosi, são capazes de desagradáveis «maus olhados»: Parry Bellasalma, presidente da secção californiana da National Organization for Women, que apoia Jerry Brown para governador daquele Estado e que diz que Meg Whitman é uma «political whore» (sim, é isto que passa por «feminismo» nos EUA actualmente); Joy Behar, que chamou, não «witch», mas sim «bitch» a Sharron Angle, «mandando-a» também para o «Inferno» – e que repetiu o insulto quando recebeu flores da candidata do GOP ao Senado pelo Nevada (!); Arianna Huffington, que afirma que quando os republicanos vencem isso significa que os votantes utilizaram o «lado lagarto do cérebro» (?!); Olivia Wilde, que «viajou» (de vassoura?) até a um… «futuro terrível» em que Sarah Palin é presidente.
Este breve e ridículo exercício em «ficção científica» protagonizado pela bonita, mas não muito inteligente, actriz da série televisiva «House, M. D.» é tão só mais um de inúmeros exemplos dos extremos a que os democratas-liberais-progressistas estão dispostos a ir para «denunciar» a ex-governadora do Alaska como… uma bruxa, entre muitos outros epítetos desagradáveis. Por exemplo, Jon «Restaurador da Sanidade» Stewart disse-lhe para se «ir f*d*r». No entanto, esses esforços têm invariavelmente, e estrondosamente, falhado, e o «feitiço» costuma virar-se contra o «feiticeiro». O «aprendiz» Markos Moulitsas aprendeu isso recentemente, e dolorosamente, à sua custa, depois de ter troçado da «running mate» de John McCain por ela ter advertido que ainda era cedo para «festejar como em 1773». Mas… o que aconteceu naquele ano? Bem, «nada» de especial… «apenas» a «Tea Party» original!
O que está fundamentalmente em causa nestas eleições é a escolha entre (mais) poder (para os políticos) e (mais) liberdade (para os outros cidadãos). Andrew Klavan ilustra com humor, mas didacticamente, este dilema no seu «Night of the Living Government». De meter medo!