quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A hora das hienas

Aparentemente, o sonho dos democratas (de alguns, pelo menos…) tinha acabado de se concretizar em Tucson, no Arizona: «Barack Obama necessita de outra bomba em Oklahoma City para se reconectar
Porém, não muitas horas depois do atentado do passado sábado, de que resultaram seis mortos e 13 feridos, entre estes a congressista democrata Gabrielle Giffords (o principal, verdadeiro, alvo do assassino), descobriu-se que – tal como Timothy McVeighJared Lee Loughner não podia, não devia, ser associado aos conservadores, aos republicanos. Como é que um homem com óbvios distúrbios mentais, que, segundo testemunhas, vigiava a congressista desde 2007 (antes, portanto, da celebrização de Sarah Palin e do Tea Party), que apreciava ler o «Manifesto do Partido Comunista» e ver a bandeira dos Estados Unidos a arder, alguma vez se enquadraria no «perfil» de um «direitista extremista»?
No entanto, à semelhança de hienas, alguns à esquerda – sim, a «sinistra» - não hesitaram, quais necrófagos, em aproveitar-se dos corpos das vítimas para emitirem os seus «ruídos» estranhos... e, até, para (tentar) ganhar algum dinheiro! Quiseram, sem esperar por explicações, por factos, jogar antecipadamente o «jogo da culpa»... e perderam, porque o contexto comunicacional, nos EUA e não só, já não é, felizmente, o mesmo de há 10 ou 20 anos. O «rasto» (digital) das suas asneiras, dos seus erros, dos seus insultos, ofensas e ultrajes é muito grande e não se apaga(rá) assim tão facilmente. E esta é uma situação extrema em que não se deve ficar calado e, pelo contrário, se impõe confrontar os caluniadores até no seu «campo». Incluindo em Portugal, onde uma «Senhora Dona Palmira» que pouco tem de docente (e de decente) não está habituada a que ponham em causa, de uma forma efectiva e firme, as suas insuficiências informativas e intelectuais (sobre isto, ver aqui também todos os comentários).
Entretanto, bastaria apenas recordar um caso, um exemplo (entre vários) recente e relevante para comparar, e demonstrar – pela «enésima» vez – como a dualidade de critérios, por mais revoltante e repugnante que seja, é para essas «hienas» uma actividade habitual: James Jay Lee, eco-terrorista armado que no ano passado invadiu, fazendo reféns, o edifício do Discovery Channel exigindo deste mais programas contra a «procriação humana»… e que terá «despertado» para a sua «causa» depois de ver o filme «Uma Verdade Inconveniente». Porque é que aqueles que agora «culpam» Sarah Palin não «culparam» então Al Gore, apesar de Jay Lee ter mencionado o ex-vice presidente e Lee Loughner não ter mencionado a ex-governadora?
Pode-se também recordar, mais uma vez, o massacre de Fort Hood, em relação ao qual muitos à esquerda, a começar por Barack Obama, avisaram para «não se saltar para conclusões»... apesar de, quase de imediato, ter ficado confirmado que Nidal Malik Hasan gritou «Alá é grande!» enquanto disparava e matava 13 pessoas, e que, antes, expressara críticas à presença norte-americana no Afeganistão e no Iraque e que tivera contactos com grupos islâmicos radicais. Então a Al-Qaeda merece o «benefício da dúvida» e o Tea Party não? Já agora, porque não apontar.. o dedo a Joe Manchin?
Sim, é bonito falar em conciliação, e é útil e urgente chegar-se a um consenso sobre a conveniência de diminuir a violência verbal e a conflitualidade na política... desde que, obviamente, tal não se traduza em censura ou em quaisquer restrições à liberdade de expressão, como alguns no Partido Democrata parecem querer concretizar. Mas que não restem dúvidas de que, neste aspecto, os dois lados não são «igualmente culpados»: a esquerda tem um «cadastro» indubitavelmente maior. E, lamentavelmente, tem sido frequentemente o próprio presidente a dar o – mau – exemplo. Só mesmo quem tenha a memória (muito) curta é que se pode deslumbrar por discursos apaziguadores ditos por quem, ainda há pouco tempo, mais apelava à guerra.

Sem comentários: