quinta-feira, 28 de abril de 2011

A culpa foi dos macacos?

É precisamente por continuarem a ser feitas «notícias» como esta que o Obamatório é necessário e até indispensável. Não porque seja, no fundamental, falsa: sim, é verdade que uma norte-americana, Marilyn Davenport, criou e enviou por correio electrónico uma «fotografia» de Barack Obama com os seus «pais» macacos. Porém, ela é sim uma activista local (na Flórida) e não uma «dirigente» do Partido Republicano e do Tea Party; este não é «ultra-conservador», e as duas instituições não têm, de modo algum, nas últimas semanas, «centrado os seus ataques às origens do presidente dos EUA».
Este reles arremedo de «jornalismo» vem mais uma vez demonstrar que os maiores danos são causados, frequentemente, não (tanto) pela deturpação mas sim pela omissão. Mais uma vez, é uma dualidade de critérios que está em causa. Na verdade, acaso a comunicação social portuguesa (e não só…) tem divulgado os contínuos e insultuosos ataques (até apelos à violência) contra o Partido Republicano desferidos também por autênticos dirigentes (líderes nacionais) do Partido Democrata – incluindo congressistas, membros do governo e o próprio presidente – e que o Obamatório regularmente revela? Marilyn Davenport não tardou a ser criticada e desautorizada por elementos do GOP, e poderá até ser demitida das funções que ocupa. Já os «burros» não só não apresentam desculpas nem são penalizados como parecem competir entre si para verem quem consegue fazer pior. Em especial Barack Obama, que continua a acicatar uma «guerra de classes» («ricos» contra «pobres») com fins propagandísticos e eleitoralísticos e a substituir um «guia espiritual» racista por outro. No entanto, por cá o silêncio é quase total…
Outra das «vantagens» da publicação deste tipo de textos no nosso país é a possibilidade de ver, e de confirmar, a existência de tantos portugueses basicamente ignorantes, estúpidos, ou simplesmente – e previsivelmente – preconceituosos. Leiam-se os comentários e repare-se como há sempre alguém, tão «sabedor» do que se passa realmente nos EUA, que «arrasta», caluniando, Sarah Palin para o assunto, mesmo que ela não tenha qualquer culpa. Agora imagine-se qual seria a reacção de muitos destes mentecaptos «opinadeiros tugas» se soubessem que o Partido Republicano – que teve em Abraham Lincoln a sua primeira grande figura – foi fundado para combater a escravatura, e que esta, e depois a segregação racial, tiveram no Partido Democrata o seu grande defensor – ainda havendo, aliás, a este respeito episódios do passado por resolver. Coitados, os seus fracos cérebros poderiam entrar em colapso…

sábado, 23 de abril de 2011

O «evangelho» segundo Matthews (Parte 2)

Era previsível que, após a saída de Keith Olbermann, a MSNBC «promovesse» Chris Matthews à posição (mais oficiosa do que oficial) de primeira figura da estação mais à esquerda dos EUA. E, apesar dos «esforços» de Ed Schultz, Lawrence O’Donnell e Rachel Maddow, nenhum deles consegue ter uma «produção» de dislates sequer semelhante, quanto mais superior, em quantidade e em «qualidade», à de Matthews.
Faça-se, porém, a justiça de distinguir – para melhor – o apresentador de «Countdown» do apresentador de «Hardball»: enquanto Olbermann era – é – um mau carácter, um indivíduo constante e consistentemente insultuoso sem, practicamente, qualquer sentido de humor, Matthews é menos previsível, mais desconcertante, soltando frequentemente frases que têm mais de hilariante do que de ofensivo. Exemplos não faltam, e, depois de uma primeira «leitura», justifica-se agora uma segunda.
Pode-se começar pela sempre surpreendente, e até embaraçosa, fixação «homo-erótica» do Sr. «Arrepio na Perna» pelo Nº 44: ele é «um tipo charmoso e bem parecido», «magro e numa forma fantástica», tem «um sorriso giro», enfim, «é quase mais do que perfeito», como que um segundo «Jesus Cristo», pelo que não se compreende como é que há quem «não lhe dê crédito». Pode-se continuar pela obsessão anti-republicana, em que «30 mil pessoas vão morrer por causa do plano de Paul Ryan», em que os (pré) candidatos presidenciais do GOP parecem vir de um «canil», enfim, em que os republicanos em geral são «péssimos» por não quererem construir comboios de alta velocidade!
E pode-se terminar (por agora…) com a sua muito especial relação – de amor/ódio? – com Michele Bachmann. Depois de a congressista pelo Minnesota ter troçado da sua famosa perna na noite da vitória republicana em Novembro passado, Chris Matthews não desistiu de a tentar marcar como ignorante e até estúpida. Partindo de um discurso que ela proferira no Iowa e em que o tema da relação dos «pais fundadores» com a escravatura terá sido abordado, «Chrissy» insinuou que ela não passaria em testes de literacia se estes ainda existissem. Porém, quem recebeu lições de História foi ele. E também precisa de lições de Geografia, já que disse que o Canal do Panamá fica no… Egipto!
Chris Matthews pode ser um «apóstolo» moderno, mas é (mais) um que «prega» a desinformação, a dualidade de critérios, a hipocrisia: criticou Sarah Palin por esta usar a expressão «WTF», mas não criticou Alan Grayson quando este usou a «STFU»; chamou «racista» a Donald Trump por este colocar a hipótese de Barack Obama não ter nascido nos EUA, mas antes apelara ao presidente para mostrar a sua certidão de nascimento. Nesta nova era de «civilidade» politicamente correcta, «estabelecida» após o tiroteio de Tucson, Matthews há muito que já «escolheu as (suas) armas».

domingo, 17 de abril de 2011

Sem «cartão» de cidadão

Ao contrário do que escreveu um outro blogger, nosso «colega» na análise permanente da política dos EUA, no passado dia 13 de Abril, Bill O’Reilly não «saiu em defesa» de Barack Obama. Como o Obamatório se pauta pelo rigor, eis o esclarecimento: o que o famoso jornalista do Fox News Channel fez, na sua habitual rubrica «Talking Points», foi listar uma série de alegações (e acusações) em relação ao percurso pessoal e profissional do actual presidente norte-americano e dizer se as mesmas são verdadeiras ou falsas. E, no entender do apresentador do «The O’Reilly Factor», umas alegações são verdadeiras e outras são falsas.
O assunto mais controverso - entre vários de um passado polémico - continua a ser, obviamente, o de Barack Obama ter nascido, ou não, nos Estados Unidos da América, e se, afinal, ele é ou não é – ou era – elegível (se reunia as condições elementares, os critérios básicos) para ser presidente do país. Para Bill O’Reilly a resposta a esta pergunta é «sim». Vários republicanos e conservadores concordam com ele, além, claro, de practicamente todos os democratas e liberais. Restam, pois, segundo alguns, os «fanáticos da direita» que insistem no «absurdo» de duvidar que o Sr. Hussein é um «natural-born citizen» dos EUA.
Porém, o que esses supostos «árbitros» do «bom senso e bom gosto» em política não sabem, ou preferem não dizer, é que: primeiro, que vários Estados consideraram, ou estão a considerar, a aprovação de legislação que exige aos candidatos provas da sua elegibilidade – e o Arizona foi o primeiro a concretizar uma medida desse tipo; segundo, que o tal «folclore conspirativo» tem sido, em grande medida, permitido e até propalado por democratas. Como, por exemplo, Neil Abercrombie, governador do Havai. Para quem a questão não é «ridícula» e, por isso, se comprometeu a procurar e a divulgar toda a informação que, de uma vez por todas, acabasse com todos os «rumores» e «teorias». No entanto, o que aconteceu? Abercrombie afirmou, em entrevista, que existem «papéis nos arquivos» do Departamento de Saúde em Honolulu, mas não os divulgou (porque é necessária a autorização do Sr. Hussein, e ele não a dá). E não confirmou se, entre esses papéis, está uma certidão de nascimento.
E é precisamente no tipo de documento que está o fulcro da questão. O que existe, fornecido pela candidatura de Barack Obama em 2008, é um «certificate of live birth» - um papel com o mínimo de dados, isto é, nome da criança e dos pais, data de nascimento, e pouco mais. Já o «birth certificate», que continua «em parte incerta», é mais completo, nele tendo de constar também o local – hospital ou outro – onde ocorreu o parto e uma assinatura de pelo menos um médico confirmando-o e validando-o. Fundamentalmente, o que os «birthers» dizem é... mostrem-no! Não o fazer contribui para aumentar, não a «transparência», mas sim a desconfiança. Que, ainda por cima, é reforçada quando Mike Evans, um jornalista do Havai, revela que Neil Abercrombie lhe terá confessado que não existe, de facto, a certidão ou «qualquer prova» do nascimento de Barack Obama naquele Estado... e que só conheceu o jovem «Barry» quando ele tinha cinco ou seis anos!
Assim, a conclusão é inevitável: não está efectivamente demonstrado, «para além de uma dúvida razoável», que Barack Obama nasceu nos EUA e que por isso tem legitimidade para ser o seu presidente. E se esta afirmação faz de mim um «fanático da direita» ou coisa pior... paciência!
(Adenda: validando plenamente a linha de raciocínio explanada neste post, Barack Obama finalmente cedeu e autorizou a divulgação da «forma longa» da sua certidão de nascimento. Partindo do princípio de que é autêntico, este documento esclarece e encerra definitivamente a questão e a dúvida – que, recorde-se, foram levantadas inicialmente pela candidatura de Hillary Clinton. E aos cépticos, histéricos e ingénuos que não o querem admitir, eu digo-o «branco no preto», peremptoriamente: este foi mesmo um triunfo de Donald Trump sobre o Sr. Hussein – e, provavelmente, o primeiro de vários.)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

(Des)Controlo de danos

Afinal, e felizmente, o governo dos Estados Unidos da América não «fechou». Mas que não se venha agora com a «conversa da treta» do costume de que «tanto republicanos como democratas seriam igualmente (ir)responsáveis se não se chegasse a um acordo...» Porque isso, simplesmente, não é verdade: uns teriam mais culpa do que outros.
Em primeiro lugar, convém recordar que até ao final de 2010 os democratas tiveram o controlo de ambas as câmaras do Congresso (Casa e Senado), para além da presidência, e não elaboraram nem aprovaram um orçamento para 2011 – preferindo, ao invés, concentrar os seus últimos esforços enquanto bi-maioritários em medidas tão «relevantes» como a revogação da directiva «Don’t Ask, Don’t Tell». Em segundo lugar, o cerne da disputa esteve na dimensão dos cortes na despesa pública que eram, e são, necessários para evitar que o país entre em bancarrota. E, de um lado, estiveram os realistas, e, do outro, os despesistas – não por acaso, o «r» e o «d» também identificam os respectivos partidos em que uns e outros predominam. Como avisou John Boehner, «a próxima luta (orçamental) será sobre triliões e não biliões.»
E tem mesmo de ser se houver vontade de reverter os números cada vez mais assustadores que assombram a economia e a sociedade norte-americanas desde que o actual presidente tomou posse. A situação continua a ser de tal modo grave que todas as receitas fiscais de 2011 não chega(va)m para os gastos considerados fundamentais. E se a isto se acrescentar as (previsíveis) contas «marteladas» que deturpam os (verdadeiros) custos do ObamaCare, fica ainda mais nítida a urgência em se começar, efectiva e finalmente, a poupar. Esta é, porém, uma preocupação que não é partilhada pelos «burros» que, em vez de ajudarem a (tentar) controlar os danos que causaram, optaram, como habitualmente, por insultar os adversários e «responsabilizá-los» antecipadamente por todas as calamidades possíveis e imaginárias – desde «tirar as refeições aos idosos» até «matar as mulheres que querem abortar» - porque, pasme-se, o GOP declarou «guerra às mulheres»! Em alternativa, planeava-se intimidar o speaker... despejando lixo na sua casa! Aí, sim, haveria o risco de ele apanhar pulgas!
Entretanto, Barack Obama, já muito «cansado» de tanta conflitualidade, imagina-se como presidente da China! Sim, seria tão mais fácil: não teria que negociar com a oposição... aliás, nem sequer haveria oposição! E o seu mais recente discurso – que deixou Joe Biden com sono – apenas veio reforçar a ideia de que, para ele, os «outros» mais não são do que obstáculos desagradáveis, objectos que se impõe contornar: ao afirmar, preto no branco, que é favorável ao aumento dos impostos dos «mais ricos» para equilibrar as contas públicas, Obama está, na práctica, a «rasgar» o acordo para o orçamento de 2011 estabelecido, dias antes, com os republicanos. Até o habitualmente comedido Charles Krauthammer considerou o discurso «uma desgraça, intelectualmente desonesto e demagógico». No entanto, é o próprio que admite que a desonestidade intelectual e a demagogia não são de agora: em 2006 o seu voto, enquanto senador, contra o aumento do tecto da dívida foi meramente «político». Ele, sim, é que parece estar a (tentar) tornar os EUA numa «nação do Terceiro Mundo».  

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Transparência... só de aparência

Já antes aqui se constatou: quando Jon Stewart satiriza Barack Obama em particular e/ou os democratas em geral é porque a situação é, ou está, mesmo, mas mesmo, má. E, numa das suas recentes diatribes televisivas, o Sr. Leibowitz começou por ridicularizar o «surpreendente» anúncio, por parte do actual presidente, de que vai tentar a reeleição – aproveitando de passagem para notar o pouco entusiasmo, ou até conformismo, de alguns dos seus apoiantes...
Porém, a (continuação da) campanha eleitoral de BHO nem foi dessa vez o tema principal da paródia do apresentador do «The Daily Show» mas sim o não cumprimento de mais uma das várias promessas do Nª 44: o aumento da «transparência» na governação. E, com efeito, não faltam diversas confirmações e exemplos de que a «opacidade» nos assuntos públicos tratados na Casa Branca, ao contrário de diminuir, até aumentou. Entretanto, os encontros secretos com representantes de grupos de interesses (lobbyists) continuam – o que, para Jay «foi-para-isto-que-deixei-a-Time?» Carney, nada mais é do que «rotina». Enfim, é uma «lógica» de pensamento que explica igualmente que Barack Obama tenha recebido um prémio de «transparência»... à porta fechada e sem a presença de elementos da imprensa!
Charles Krauthammer, com a habitual perspicácia, salientou que este galardão poderia ser o «equivalente doméstico» ao Prémio Nobel da Paz – porque, em ambos os casos, Barack Obama foi distinguido com pouco ou nada que o justificasse. Por seu lado, Andrew Breitbart chamou a atenção para o facto de um registo aparentemente tão anódino como a lista de visita(nte)s do Nº 1600 da Avenida da Pensilvânia poder esconder mais do que revela. E, na verdade, quando indivíduos tão obscuros – no sentido mafioso do termo – como os «patrões sindicais» Richard Trumka (sempre a «truncar» a verdade) da AFL-CIO e Andy Stern da SEIU estão entre os que mais vezes vão à Casa Branca, compreende-se que haja vergonha em admiti-lo.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Até parece mentira... (Parte 2)

... Que Hank Johnson, representante da Geórgia pelo Partido Democrata, tenha perguntado se a ilha de Guam, no oceano Pacífico, poderia «virar-se» após nela serem instalados mais militares norte-americanos e as suas famílias. Mas sim, é mesmo verdade.
... Que Barack Obama tenha apoiado o fim da proibição da caça à baleia. Mas sim, é mesmo verdade.
... Que Steven Chu (este, sim, «mereceu ganhar o seu Prémio Nobel») tenha permitido que o Departamento de Energia considerasse a hipótese de regular as características e a utilização de torneiras de chuveiro. Mas sim, é mesmo verdade.
... Que Michael Wolfensohn, autarca em Nova Iorque pelo Partido Democrata, tenha chamado a polícia ao saber que dois rapazes de 13 anos vendiam bolos num parque sem licença. Mas sim, é mesmo verdade.
... Que Barack Obama não tivesse ainda contactado seis dos membros do seu gabinete durante os primeiros dois anos do mandato. Mas sim, é mesmo verdade.
... Que Dennis Kucinich, representante do Ohio pelo Partido Democrata, tenha processado a cafetaria do Congresso – e exigido uma indemnização de 150 mil dólares! – por lá ter quebrado um dente ao trincar um caroço de azeitona que não era suposto estar numa salada. Mas sim, é mesmo verdade.
... Que Nancy Pelosi tenha alterado e aumentado uma resolução do Partido Democrata que elogia e louva... ela própria. Mas sim, é mesmo verdade.
... Que Barack Obama, mais de dois anos depois de ter tomado posse, ainda não tivesse pago todas as suas dívidas de campanha eleitoral. Mas sim, é mesmo verdade.
... Que Charles Schumer, senador de Nova Iorque pelo Partido Democrata (e com ordens para chamar sempre «extremistas» aos republicanos), tenha afirmado que os três ramos do governo são «a Casa, o Senado e o Presidente». Mas sim, é mesmo verdade.
... Que Frank Lautenberg, senador de Nova Jersey pelo Partido Democrata, tenha afirmado que os republicanos «não merecem as liberdades que estão na Constituição.» Mas sim, é mesmo verdade.