sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Diplomacia… macia

Há uma «narrativa» que, compreensivelmente, tem vindo a ser defendida por alguns apologistas de Barack Obama, tanto do outro lado do Atlântico como deste: a de que a presidência daquele, mesmo que seja, ou venha a ser, considerada «falhada», «fracassada» no plano interno, não o é ou não o será no plano externo – pelo contrário, até se pode falar em êxito no que se refere aos negócios estrangeiros. Mas tal fantasia também não corresponde, como é óbvio, à realidade.
Ao nível doméstico, «vitórias com sabor a derrotas» (porque são contestadas pela maioria dos americanos) como a aprovação do «plano de estímulo à economia» (que não a estimulou, bem pelo contrário) e do «ObamaCare», e a revogação da «Don’t Ask, Don’t Tell», não podem nem devem ser «compensadas» pelo Prémio Nobel da Paz em 2009, que não tardaria em ser desautorizado, desvalorizado, e mesmo anulado, entre outros «belicismos», pelo recrudescimento das operações no Afeganistão e pela intervenção na Líbia (não ratificada pelo Congresso). Saindo do campo militar para o civil, as recentes críticas à União Europeia – e, mais concretamente, à forma como aquela tem estado a lidar com a crise na zona Euro decorrente do colapso da Grécia – feitas pelo presidente americano poderão finalmente, quem sabe, e a julgar pela polémica que provocaram (em especial na Alemanha, onde os comentários de BHO foram considerados «absurdos» e «arrogantes»), começar a quebrar o «muro de protecção» que a comunicação social do Velho Continente ainda mantém, na sua maioria, à volta do Sr. Hussein – divulgando pouco ou mal o que verdadeiramente acontece nos EUA.
Entretanto, o que aconteceu neste mês de Setembro em Nova Iorque, na sede da Organização das Nações Unidas, acabou por constituir mais uma demonstração da falta de tacto do Nº 44 também na frente externa… e de como a diplomacia norte-americana, liderada formalmente por Hillary Clinton mas na verdade conduzida e condicionada pelas atitudes de Barack Obama, se tem revelada… macia para com adversários e inimigos e dura para com aliados e amigos. Antes, o discurso dele perante a assembleia geral não havia sido grande coisa. Depois, a exigência feita, no mesmo local, por Mahmoud Abbas do reconhecimento unilateral da Palestina como estado independente mais não foi do que a última consequência da estratégia de apaziguamento para com o Islão preconizada por Obama. A manobra do líder da Autoridade Palestiniana não passou de um atrevimento, de uma provocação que se sabia, à partida, sem possibilidade de sucesso: o veto será sempre (?) a resposta inevitável para com um regime que não reconhece a existência de Israel, que não corta relações com o Hamas e que favorece a criação de um sistema de apartheid entre árabes e judeus. No entanto, o exibicionismo de Abbas pode ter sido estimulado pelas afirmações e acções de uma administração, e do seu chefe, que, por exemplo, e só nos últimos meses: «removeu» Jerusalém de Israel; afirma que o Islão «sempre fez parte da nossa família americana»; autoriza que militares colaborem na construção de um «centro islâmico» no Afeganistão; pressiona o Congresso a manter o apoio financeiro à AP; contacta – e, logo, reconhece oficialmente – a Irmandade Muçulmana (do Egipto); e confunde «jews» com «janitors» (porteiros) … É pois de surpreender que Obama registe uma aprovação de 80% entre os muçulmanos americanos?
Àqueles que podem achar risível a «solução de um Estado» proposta por Andrew Klavan, e que consiste em dar todo o Médio Oriente aos judeus (!), é de perguntar se não acham ridícula a «análise» de Barack Obama de que aquela região tem registado um «abalo teutónico» (!!!)… Aliás, naquela parte do Mundo e em outras têm acontecido vários «abalos tectónicos», grandes e pequenos, e de que os EUA nem sempre se saem bem: na Síria o embaixador Robert Ford foi alvo de ataques por parte de partidários do ditador Bashar al-Assad… mas a Casa Branca não protestou; do Gabão veio o ditador (e filho de ditador) Ali Bongo para a Casa Branca, a convite do filho de queniano; e para a Argentina foi o apoio dos EUA na questão da soberania das ilhas Falklands, através de uma declaração unânime da Organização dos Estados Americanos – ou seja, subscrita também por Washington – apelando a Londres para entrar em negociações com Buenos Aires relativas ao futuro daquele arquipélago.                  
Perante todas estas posições… comprometedoras da diplomacia norte-americana, compreende-se perfeitamente porque é que Vladimir Putin apoia e aguarda com entusiasmo a reeleição de Barack Obama!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Escândalos à escolha

A falência (fraudulenta) da Solyndra, que agora é um dos temas mais em destaque na comunicação social dos EUA (mesmo na lamestream) e está sob investigação do FBI, já havia sido referida no Obamatório, em Março.
O caso é significativo e relevante em sim mesmo. Recordemo-lo: uma empresa que tinha como seu maior accionista George Kaiser, um apoiante e financiador de Barack Obama (e que o visitou na Casa Branca), encerrou depois de ter recebido mais de 500 milhões de dólares no âmbito do «programa de estímulo à economia»; existem vários estudos e recomendações, por parte de departamentos governamentais, a desaconselharem a concessão daquelas verbas, e que terão sido ignorados e mesmo contrariados por altas figuras da actual administração, entre as quais Valerie Jarrett, Joe Biden e o próprio Obama… que visitou a sede da companhia e a apontou como um modelo para «um futuro mais brilhante e próspero»; a anterior administração (de George W. Bush) recusou dar qualquer suporte à Solyndra. Mas o caso é também significativo e relevante enquanto (o pior) exemplo da política de criação de «empregos verdes» dos democratas, em que mais de 17 biliões de dólares foram gastos na criação de pouco mais de 3500 postos de trabalho… isto é, cada um custou cerca de cinco milhões! Para tornar a coisa mais ridícula, lembre-se que a Casa Branca continua sem painéis solares no telhado, pelo que se justifica perguntar: porque é que não os compraram à Solyndra? Porque não tinham qualidade suficiente?    
Jon Stewart referiu-se a este caso como um «escândalo Obama encomendado à medida» para os republicanos, e que proporcionaria ainda à Fox News «uma erecção que duraria mais de quatro horas». Só que… há mais por onde escolher! Igualmente em Março mencionei no Obamatório outro escândalo que envolve cada vez mais esta administração: o chamado «Fast and Furious», em que a ATF (organização policial do Departamento de Justiça que se dedica ao controlo de álcool, tabaco, armas de fogo e explosivos) promoveu a venda de armamento a criminosos mexicanos com o objectivo de se infiltrar nas suas organizações… mas acabou por perder o controlo sobre a operação, tendo inclusivamente um agente norte-americano sido assassinado com uma dessas armas! Também por este caso, em que é quase impossível alegar desconhecimento, e não só devido às suas prácticas discriminatórias no DdJ, Eric Holder vê a sua posição ser cada vez mais insustentável.
E como não há duas sem três… «Lightsquared» é a «palavra-passe» do mais recente escândalo a afectar a Casa Branca, e é igualmente o nome de uma empresa de telecomunicações – que tem como maior accionista Philip Falcone, outro apoiante e financiador de Barack Obama! – que quer construir uma avançada rede de banda larga. O problema é que: primeiro, se concretizada, essa rede irá interferir com as comunicações das forças armadas, em especial o sistema de GPS utilizado por aquelas; segundo, o general William Sheldon, da força aérea, revelou recentemente que foi pressionado pela Casa Branca para alterar o seu testemunho numa audiência no Congresso sobre o assunto… no sentido de desvalorizar os perigos resultantes do projecto daquela empresa.    
Dos três escândalos, um – o «Fast and Furious» - já começou a ser investigado pelo Congresso, e os outros dois deverão sê-lo muito em breve. Porém, e como já salientou John Kass num jornal da «cidade ventosa», isto «cheira» mais (e mal) a Chicago do que a Washington; nada representa de novo, apesar de estar em causa muito mais dinheiro.

sábado, 17 de setembro de 2011

É preciso fazer um desenho?

O democrata Anthony Weiner captou e divulgou fotografias da sua «salsicha»… e o resultado foi que um republicano ocupa agora aquele que era o seu lugar na Casa dos Representantes em Washington.
Esta é a forma mais simples (e jocosa) de resumir o processo que levou à vitória (por 53% contra 47% dos votos), a 13 de Setembro último, de Robert Turner na eleição especial do 9º distrito eleitoral de Nova Iorque. Ao analisar-se o resultado foram apresentadas duas causas principais para o desaire democrata… e ambas de carácter nacional e não local: a (má) situação da economia e a (degradada) relação com Israel – um tema sensível numa zona com uma importante comunidade judaica. Ou seja, a votação em Nova Iorque terá consistido num pequeno «referendo» das políticas – e da popularidade – de Barack Obama.
É uma conclusão correcta… mas nem todos terão apreendido na totalidade as implicações deste triunfo «vermelho» naquele que é (era?) considerado «um dos distritos mais azuis da nação» - onde um «elefante» já não triunfava desde 1920 (!) e onde a proporção de democratas para republicanos nos eleitores registados é de três para um. Repare-se: ao contrário do seu opositor David Weprin, do seu antecessor Anthony Weiner e do seu apoiante – e antigo mayor (democrata!) de Nova Iorque – Ed Koch, Bob Turner não é judeu mas sim cristão e católico... e reside no distrito pelo qual concorria, ao contrário de Weprin! E é contra: a construção de uma mesquita perto do Ground Zero; a amnistia de imigrantes ilegais; o «casamento» entre pessoas do mesmo sexo; a legalização do aborto; o ObamaCare; o aumento de impostos. E não acredita no «aquecimento global»! Ou seja, é o completo oposto de Weiner!  Turner é como que uma corporização de tudo o que os «progressistas» não são… e não gostam; é um verdadeiro conservador que vem da «liberal» Nova Iorque e que é agora uma «voz» daquela!     
Os «obamistas» compreendem o que isto quer dizer? São suficientes as palavras… ou é preciso fazer um desenho? A vitória de Bob Turner é ainda mais significativa – e simbólica – do que a de Scott Brown no Massachusetts (tomando o lugar do Senado que era de Edward Kennedy) e a de Mark Kirk no Illinois (tomando o lugar do Senado que era de Barack Obama). Representa mais um avassalador aviso, mais um preocupante prenúncio (para os «burros») do que irá acontecer em 2012. Pelo que é de recear que se sucedam mais casos como os de fraude eleitoral no Connecticut (suspeita) e em Nova Iorque (comprovada), e desvio de fundos de campanha na Califórnia… isto, sim, é «manipulação» e «batota»! Para já não falar de acções «sindicais» violentas contra opositores - esses «filhos da puta», como lhes chamou James Hoffa na presença do Sr. Hussein, o tal que apelou a uma maior «civilidade» no discurso político. E se os democratas já se comportam assim quando não estão (muito) desesperados… imagine-se o que poderá acontecer até Novembro do próximo ano!  

domingo, 11 de setembro de 2011

Parece que foi ontem

Passam hoje dez anos sobre os atentados terroristas nos Estados Unidos da América, que provocaram perto de três mil mortos, e em que os alvos foram as duas torres do World Trade Center em Nova Iorque (destruídas), o Pentágono (danificado) e, muito provavelmente, o Capitólio em Washington (salvo). Como é possível? Sim, não é original dizê-lo, mas é a verdade do que sinto: parece que foi ontem.
Onde é que eu estava, nessa distante mas tão próxima terça-feira de 2001? Em Lisboa, a trabalhar, mais precisamente na Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, de cuja revista, Comunicações, eu era redactor. Tinha acabado de vir do almoço, passava pouco das 14 horas. Numa outra sala, perto da minha, estava um televisor ligado. Já não me lembro em que canal estava sintonizado, mas creio que se estabelecera uma ligação em directo após o embate do primeiro avião; ainda não se sabia o que acontecera, não havia certezas, mas pensava-se, dizia-se, que fora um acidente. Por pouco tempo: quando o segundo avião veio… as dúvidas dissiparam-se. Pelas janelas eu podia ver, como habitualmente, a Avenida Fontes Pereira de Melo, o edifício-sede da Portugal Telecom, o edifício Imaviz, o Hotel Sheraton; aparentemente estava tudo na mesma… mas algo havia mudado, e muito, para sempre. E nos minutos, horas, dias seguintes, foi quase impossível pensar, falar, saber, sobre outro assunto. E nas semanas, meses, anos, que se seguiram nunca a memória daquele dia desapareceu por inteiro da minha mente… e, acredito, das de muitas outras pessoas.
O 11 de Setembro de 2001 representou igualmente para mim o final de um processo – solitário e sofrido – de mudança ideológica, da esquerda para a direita, iniciado 12 anos antes com a queda do Muro de Berlim em 1989… mas cujos primeiros «sintomas» haviam aparecido em 1985. E as reacções aos atentados, ou certas reacções de determinados quadrantes, selaram a minha mudança. Entre os muçulmanos houve festa ou um ruidoso silêncio – o Islão pode não ser sempre a religião da guerra mas é sempre a da discriminação, do obscurantismo e da supremacia. Entre a esquerda ocidental em geral, e a europeia em especial, a atitude preferencial foi do tipo «condenamos, MAS…» Chegaram-me ecos de afirmações, feitas inclusivamente por portugueses, do género «os Estados Unidos tiveram, finalmente, o que mereciam». Será que as pessoas, incluindo crianças, que iam naqueles aviões, e as que estavam nos edifícios atingidos, mereceram o que lhes aconteceu?
O 11 de Setembro de 2001 constituiu, enfim, o dia em que George W. Bush iniciou o percurso que o tornaria, de facto, no «homem da década». Tudo o que aconteceu nos dez anos seguintes, no seu país e no Mundo, foi determinado pelas suas decisões. Muitos não acreditavam nas suas capacidades, pouco ou nada esperavam dele. Ele era apenas o «filho do papá» que também se tornara presidente, e para mais numa eleição muito disputada e polémica. Eu próprio, em 2000, fiquei dividido sobre por quem deveria «torcer»; Al Gore era como um segundo Bill Clinton… mas com as qualidades e sem os defeitos de Bill Clinton; não me parecia então um mau candidato, muito pelo contrário – ainda não se tornara o maior «vendedor de banha da cobra» do planeta, o principal «culpado» dessa gigantesca fraude chamada «aquecimento global». Quanto a GWB, pouco sabia dele, não conseguia formar uma opinião clara… mas senti, pensei, que estavam a criticá-lo, e a desvalorizá-lo, prematuramente, injustamente.
O artigo que escrevi e publiquei no Diário Digital, em 20 de Janeiro de 2009, quando deixou de ser presidente – e que constituiu o tema do meu primeiro post no Obamatório – acabou por ser também, de certo modo, o relato dessa viagem que todos nós iniciámos há dez anos, e que teve, quer se gostasse ou não, o «cowboy de Crawford» como comandante. Mesmo ocupando o cargo que o tornava «o homem mais poderoso da Terra», não deixava de ser uma pessoa como nós, comum, normal. E que, como a nós, lhe custou a acreditar – como tão bem se viu pelo seu rosto naquela escola da Flórida – que o Mal havia transposto um novo, e horrível, limite.
(Adendas: George Soros e Paul Krugman continuam a lembrar-nos como são desprezíveis, e que nem valem a saliva que poderíamos cuspir-lhes; Rui Calafate escreveu sobre a «direita americana»… e saiu disparate (e Obama é que é «burro»).) 
         

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sharpton, o charlatão

Recentemente causaram sensação certas afirmações de alguns destacados políticos nos EUA – mais concretamente, congressistas afro-americanos – contra o Tea Party. Os membros deste movimento já se «habituaram» a serem chamados de «racistas» e de «terroristas», mas desta vez tiveram «direito» a novos «requintes». Nomeadamente, por parte de Maxine Waters, que disse que podem ir todos «direito para o Inferno», e por parte de Andre Carson, que os acusou de quererem ver os negros «pendurados de árvores».
Esta crescente e ridícula radicalização do discurso de alguns destacados dirigentes «a-a», quase sempre pertencentes a organizações genuinamente racistas como o Congressional Black Caucus ou a National Association for the Advancement of Colored People, não representa apenas um indício do desespero, perante a cada vez maior impopularidade – e, logo, cada vez menor probabilidade de reeleição – de Barack Obama, sentido pelos seus apoiantes mais fiéis. Representa, também, (mais) uma confirmação da decepcionante e degradante evolução (?) ideológica da maioria da população «colorida» norte-americana, que optou por permanecer prisioneira, numa nova «plantação», do partido que no passado lhe «deu» a escravatura (slavery) e a segregação, e que no presente lhes parece querer dar o socialismo como «forma avançada» da segurança social alargada com as políticas da «Great Society» de Lyndon B. Johnson – os três K’s metamorfosearam-se em três S’s. E como é hilariante – tristemente hilariante… - ouvir no presente democratas negros a acusar republicanos de comportamentos e de actos hediondos que, na verdade, foram practicados no passado por democratas brancos! Allen West e Herman Cain são duas das (vilipendiadas) excepções numa etnia que, para preservar a sua identidade dermatológica e cultural, alinhou na estratégia de «divisão por grupos» do PD.
No entanto, Waters e Carson, embora abjectos, estão muito longe do (mais baixo) «nível» daquele que, nos EUA, representa a epítome do racismo invertido enquanto acção afirmativa: Al Sharpton. Charlatão impenitente, não se «distinguiu» unicamente enquanto manipulador oportunista que utiliza a raça como arma para obter (mais) poder político, mediático… e financeiro: ele é também um agitador, um provocador perigoso que tem, de facto, sangue nas mãos. Jeff Dunetz elaborou uma breve mas assustadora biografia do «Reverendo» que, quando era mais novo… e mais gordo, se envolveu em (e empolou) casos como o de Tawana Brawley (em que uma jovem negra falsamente acusou jovens brancos de a terem violado) e o de Crown Heights (motins em Nova Iorque entre negros e judeus que causaram a morte de oito pessoas). Sharpton nunca pediu desculpa pela sua participação e responsabilidade nestes graves incidentes.
Com o passar dos anos ele não só não viu diminuída a sua liderança como até a reforçou, vociferando contra practicamente tudo o que é branco e está à direita. E, obviamente, tornou-se um dos principais apoiantes de Barack Obama. Assim, é compreensível que ele se sinta à vontade para: tentar tirar a liberdade de expressão aos que não pensam como ele – em especial Rush Limbaugh; exigir ao governo uma mais justa redistribuição do «espólio», um maior «pedaço da tarte» (isto é, dinheiro dos contribuintes); acusar – erradamente – o Arizona de não celebrar o dia feriado em honra de Martin Luther King e, por isso, ter feito como que uma «secessão»; contestar as afirmações… incontestáveis de Rick Santorum (partes um, dois, três) condenando a elevada taxa de aborto na população negra, equiparando essa mortandade – que implica não considerar um feto como uma pessoa – à escravatura – em que um negro não era considerado uma pessoa.
Porém, poucos seriam capazes de prever o «êxito» de Al Sharpton, neste Verão, na MSNBC, enquanto apresentador do seu próprio programa – em substituição de Cenk Uygur que, segundo o próprio, terá sido «convidado a sair» porque não defendia o actual presidente e a sua administração tanto como era exigido. Nesse aspecto, sem dúvida que da parte do líder da National Action Network há muito mais intensidade, mas o «pacote» inclui(u) também ignorância e incompetência. Os momentos risíveis ou simplesmente incompreensíveis sucederam-se, estando a dificuldade apenas na escolha do mais insólito. Talvez o «resist we much»?
Sim, Al Sharpton é uma anedota, e sem (muita) graça. Mas nunca se deve esquecer que ele é igualmente uma ameaça permanente a uma autêntica harmonia racial e social.
(Adenda: mesmo a propósito, Al Sharpton e Herman Cain dialogaram após o debate presidencial do GOP de 8 de Setembro, e ficou bem evidente a diferença de categoria entre ambos... o «Reverendo» nem sequer sabe em que ano foi aprovada a Lei dos Direitos Civis!)   

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

«Silly Season» (Parte 2)

Já o afirmámos aqui: nos EUA, e para algumas individualidades e instituições, a «Silly Season» dura todo o ano… aliás, nunca é interrompida para qualquer tipo de descanso ou de férias. Porém, e voltando a cumprir a «tradição», vejamos alguns episódios não propriamente edificantes que aconteceram do outro lado do Atlântico neste Verão que está a terminar…
… E a prioridade primeira e principal tem de ser dada, novamente e quase inevitavelmente, a Barack Obama. Que se deslocou, mais uma vez, a Martha’s Vineyard, um bastião democrata cada vez menos receptivo ao seu famoso visitante. Jay Carney negou que fossem umas «férias presidenciais»… no que constituiu uma atitude radicalmente – e previsivelmente – diferente da que ele tivera anteriormente, enquanto «jornalista» da Time, para com George W. Bush. Mas eis o mais «silly»: o presidente decidiu, antes de se deslocar ao Massachusetts, fazer a sua própria digressão de autocarro pelo país para «contactar com o povo»… ou, pelo menos, uma (pequena) parte dele. E desta iniciativa dois aspectos principais, pelo menos, imediatamente se destacam: primeiro, que se tratou de uma imitação descarada – e com menos sucesso, com menor impacto – da que Sarah Palin fez; segundo, o próprio veículo era, em si mesmo, deprimente – totalmente negro, como uma limusine três vezes maior… ou como um carro funerário três vezes maior. Uma comparação adequada tendo em consideração os números «fatalistas»da economia norte-americana. Em especial os referentes ao desemprego, maiores entre os afro-americanos, facto que terá levado a congressista Maxine Waters a apontá-los como o motivo para Obama não visitar certas cidades e comunidades no seu autocarro. No entanto, ela não é a única entre os democratas que parecem estar a distanciar-se cada vez mais do seu «querido líder». E, como se tudo isto não fosse suficiente para causar fastio no Estio ao Sr. Hussein, há relatos de que ele criticou a sua esposa pelos elevados gastos em turismo que ela tem feito desde que passaram a residir na Casa Branca.
Habituados a levar uma vida de luxo, sem dúvida que Barack e Michelle Obama compreendem e se «solidarizam» com as (diferentes) «angústias» sentidas neste Verão por dois multimilionários que são seus apoiantes e financiadores. Um, Warren Buffett, deu início – ou reavivou – uma campanha transcontinental (porque teve «ecos» na Europa) de demagogia ao apelar para que sejam aumentados os «impostos sobre os ricos»… incluindo, aparentemente, ele próprio; todavia, as verdadeiras intenções do patrão da Berkshire Hathaway não serão propriamente inocentes e desinteressadas. Outro, George Soros, viu a sua missão de «patrono de caluniadores» perturbada com as acusações da sua ex-namorada – jovem, brasileira e actriz! – já concretizadas num processo judicial de, não só não lhe ter oferecido um apartamento que lhe prometera, mas também, muito pior, de a ter agredido! Quem diria? O influente e intimidante especulador internacional ridicularizado e reduzido a um papel de vulgar, e violento, «sugar daddy»! Não é tão silly? Sim, como é «difícil» a vida d(e algum)as celebridades…