segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Nem armas nem religião

Não é novidade que a insolência, a agressividade (verbal e física), a intolerância, os preconceitos, os impulsos totalitários da esquerda «democrata» e «progressista» dos Estados Unidos da América duram todo o ano, mas tais «qualidades» parecem ser acentuadas quando se aproxima o Natal e o Ano Novo… É uma época que traz à superfície o (ainda) pior do que eles têm…
… E essa tendência vai ao ponto de colocar em causa a própria festividade, o feriado, o conceito de Natal. Antes de mais, na sua vertente… ambiental. Sendo indispensável a neve para que esta quadra alcance o mais pleno significado, e para que o trenó puxado pelas renas e conduzido pelo senhor idoso vestido de vermelho – que alguns pensam pertencer ao Partido Democrata – melhor possa distribuir as prendas, é (penosamente) hilariante ver e ouvir os que continuam a acreditar na existência do «aquecimento global antropogénico» a defenderem a sua «crença» quando o frio, naturalmente, começa a fazer-se sentir, mais intenso do que no ano anterior, muitas vezes ainda em pleno Outono e não no Inverno, e a neve cai em locais pouco habituais… Entretanto, o combate às «alterações climáticas» soma – felizmente! – sucessivos e justificados desaires, que, «obviamente», são culpa de George W. Bush! Tal como o «fim do Mundo»!
Porém, os ânimos «liberais» agitam-se mais, previsivelmente, contra a vertente religiosa do Natal. Nos EUA continuam a ocorrer os incidentes que envolvem tentativas, por vezes concretizadas, de proibição de exibição de imagens, textos, e símbolos, alusivos a Jesus Cristo e ao Cristianismo. Árvores, concertos, cruzes, presépios, são alvos da pulsão proibicionista dos «apóstolos» do laicismo extremista e do «politicamente correcto». Que não são mais do que um «bando de alegres fascistas» segundo Bill O’Reilly, crónico «cavaleiro em (meritória) cruzada» contra ateus confessos e outros… que não se sabe muito bem o que são, como Lincoln Chafee, governador (independente) de Rhode Island, que insiste, ano após ano, em chamar «holiday tree» à Christmas tree. Entretanto, na Casa Branca, estão não uma mas sim… 54 árvores de Natal, o que significa, como muito bem faz notar Sean «Jim Treacher» Medlock, quase uma por Estado segundo as peculiares «contas» de Barack Obama!
O actual presidente queixou-se, na campanha em 2008, dos americanos que «se agarram às suas armas e religião» («cling to their guns and religion») – isto é, os seus opositores conservadores, sendo a «religião» referida, claro está, a cristã. E ele e os seus apoiantes têm-se esforçado para que os cidadãos comuns abandonem tanto umas como a outra. Contestar o Natal já não é suficiente, e o monstruoso massacre ocorrido a 14 de Dezembro numa escola primária em Newtown, no Connecticut, deu-lhes o pretexto que tanto procuravam. Tal como em Tucson em 2011, as hienas não se contiveram e passaram logo ao ataque, aproveitando-se de um crime horrível para tentarem concretizar o seu objectivo de inutilizar a Segunda Emenda da Constituição dos EUA. Sempre sem noção do absurdo em que vivem permanentemente, os democratas na política e na comunicação social aclamaram a decisão de Barack Obama de iniciar um processo de revisão do sistema de aquisição e utilização de armas no país através da formação de uma comissão (?) encabeçada por… Joe Biden, que ficou encarregado de apresentar um plano detalhado até final de Janeiro. O mesmo Joe Biden que, em 2008, avisava o então seu rival na nomeação pelo PD de que não se atrevesse a tirar-lhe a sua Beretta! E que credibilidade tem uma administração que entregou armas norte-americanas a criminosos mexicanos – sim, o caso «Fast & Furious» - sem qualquer controlo para, agora, vir dar «sermões» sobre controlo de armas? Nenhuma! Talvez possam pedir conselho a Harry «sou-mórmon-como-Mitt-Romney-mas-não-espalhem-isso» Reid, que, em 2010, aparecia em público ao lado do agora tão vilipendiado vice-presidente da National Rifle Association e confessava que levava uma arma para todo o lado.
Enfim, neste como em outros assuntos, não são mais do que o que costumam ser: hipócritas incompetentes. E continuam a não prestar atenção à realidade, a não quererem saber e reconhecer os factos: menos armas e/ou maior controlo de armas correspondem a aumento da criminalidade. Na verdade, as estatísticas têm indicado uma diminuição daquela nos EUA, e atrocidades como a que ocorreu no Connecticut são, cada vez mais, a excepção, e não a regra – é a cobertura mediática histérica promovida por aqueles que não respeitam o luto das famílias, e que não perdem tempo em tentar avançar a sua agenda à custa do sofrimento das vítimas, que dá a ilusão de serem mais e maiores do que de facto são. Ann Coulter refere, e demonstra, que os locais onde ocorrem mais frequentemente estes massacres são aqueles que não permitem a presença de armas: escolas (de todos os níveis, primário, secundário, universitário), centros comerciais, igrejas… Como ela diz, os homicidas podem ser loucos mas não são estúpidos: escolhem os locais que, à partida, estarão mais desprotegidos, em que provavelmente não encontrarão opositores armados. Mais, abundam os casos em que a intervenção de cidadãos responsáveis… e com um revólver impediu a ocorrência de tragédias maiores, mas que não são – «surpresa»! – divulgados pelos media.
Aqueles que querem saber, e convencer-se, de que o controlo de armas não funciona, não têm mais do que atentar nos Estados dos EUA, nas cidades, em que tal sistema impera. E até em outros países: sabem os «anti-armas» norte-americanos o que acontece no Brasil e no México, em que os cidadãos estão indefesos perante traficantes de droga impiedosos e polícias impotentes, e são mortos às centenas e mesmo milhares? Mais do que o Connecticut, o Illinois, e, neste, em especial Chicago, «paraíso» de quase todas as taras democratas, os tiroteios e os homicídios são tão frequentes que em cada mês é alcançado o mesmo número de mortos atingido em Newtown. Mortos esses que também incluem muitas crianças afro-americanas, o que levou Cornel West – longe de ser um conservador, pelo contrário – a afirmar que Barack Obama é um «cobarde» porque só se preocupa com as «crianças baunilha». Não é só BHO: a comunicação social nacional não se preocupa com o matadouro em que se converteu a «windy city»… porque isso significaria reconhecer o fracasso da ideologia que professam. Certo é que o actual presidente teve um comportamento deplorável após o morticínio na escola Sandy Hook: aproveitou-se deste caso para, numa conferência de imprensa e como que numa acção de «chantagem emocional», tentar forçar os republicanos a chegarem a um acordo fiscal com a Casa Branca; e não referiu o ataque em Fort Hood como outro exemplo recente de um assassinato em série perpetrado por um único atirador. Entretanto, prossegue a demonização da NRA, acusada pelos «suspeitos (idiotas) do costume» como Lawrence O'Donnell de querer assassinatos em massa. Acaso algum dos culpados dos tiroteios é, ou era, membro da associação? Se sim, talvez possam culpá-la; se não… não. E a proposta da NRA de colocar polícias nas escolas foi recebida com incredulidade e até escárnio por aqueles que trabalham e vivem em locais com seguranças armados, apesar de ser idêntica a uma ideia que Bill Clinton teve quando era presidente.      
Em resumo, o fundamental: Adam Lanza era um desequilibrado mental que os pais não quiseram, não souberam, não conseguiram controlar. Pior, a mãe levava-o a practicar tiro, não obstante saber que ele tinha atitudes e comportamentos estranhos e inquietantes! Em consequência da sua irresponsabilidade, o filho fez de Herodes, causando um autêntico massacre dos inocentes. Eu sou pai, e por isso posso, melhor do que os que não são, imaginar o sofrimento horrível, absoluto, daquelas famílias. Para elas é como se o Mundo tivesse mesmo acabado. Neste Natal todos nós, seja onde for que estivermos, também sentimos a sua tristeza. E por isso é-nos difícil, quase impossível, acreditar que 2013 será um feliz ano novo.  

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

De pai para filho

Usemos a imaginação para nos colocarmos, por um momento, no lugar – na pessoa – de Mitt Romney. Como é que ele se terá sentido – ou ainda se estará a sentir – depois de ter perdido para Barack Obama a mais recente eleição presidencial?
Uma derrota na «corrida» para o cargo de Presidente dos Estados Unidos da América – em que, realisticamente, só há dois verdadeiros candidatos – é sempre devastadora. Porém, desta vez, em 2012, foi ainda pior para o vencido… porque havia a noção, a sensação, tida pelos (muitos, quase todos os) republicanos mas, acredito, também por bastantes democratas, de que o ex-governador do Massachusetts tinha grandes probabilidades, boas hipóteses, de triunfar. Não foi como em 2008, em que, a partir de certo momento, poucas dúvidas existiram de que BHO – injustamente, como agora – seria eleito: vários – e, aparentemente, credíveis - «sinais» comprovavam essa esperança, essa expectativa. Não só as sondagens, não só o – extraordinário! – desempenho no primeiro debate, não só a consciência de que o responsável pelos Jogos Olímpicos de Inverno de 2002 era o mais competente, experiente, habilitado, qualificado candidato que alguma vez se propôs alcançar a Casa Branca, pelo menos nos últimos 50 anos se não mais, habituado a (com um currículo de) dialogar e colaborar com adversários. Não só tudo isto, mas também o facto de o mandato do opositor, do incumbente (o total oposto em qualidades pessoais e profissionais), ter sido marcado por (maus, mesmo péssimos) indicadores sócio-económicos, bem como por controvérsias e escândalos em practicamente todas as áreas de governação, e que, normalmente, seriam impeditivos de uma reeleição.
Sim, a decepção, a desilusão, terá sido enorme. Mas há mais, e pior: se perder nestas circunstâncias presentes, neste contexto actual, já foi por si só terrível, tal foi agravado por algo que muito poucos nos EUA, e no Mundo, terão sabido… mas o Obamatório sabe: a 6 de Novembro último passaram igualmente 50 anos sobre a primeira victória de George Romney – o pai de Mitt – para o cargo de governador do Michigan. É de crer que o filho tenha sentido o seu fracasso aumentado pela efeméride; sem dúvida que teria sido perfeito poder alcançar o cargo público mais importante do país meio século depois do progenitor ter iniciado uma carreira política de sucesso, que o levou inclusivamente a procurar a nomeação presidencial, pelo GOP, em 1968… que não alcançou: Richard Nixon foi o preferido, e, já presidente, convidou o seu anterior rival nas primárias republicanas para secretário da Habitação e do Desenvolvimento Urbano. Portanto, de certa forma, e – ironicamente – simultaneamente, Mitt foi além do pai – conseguiu a nomeação – mas ficou aquém – não entrou no governo da nação.
George Romney foi um homem, um empresário (presidiu à American Motors Corporation) e um político notável; é de lhe elogiar, já enquanto governador, o seu apoio explícito – normal num republicano – à implementação efectiva das leis contra a discriminação racial: participou, inclusivamente, em manifestações promovidas por Martin Luther King e pela NAACP! Pode, pois, dizer-se que o «testemunho» - feito de (louváveis) atitudes, competências e valores – passou de pai para filho. De certeza que George se orgulharia (ainda mais) de Mitt por este, apesar da derrota, ter respondido ao desprezível «votar é a melhor vingança» do Sr. Hussein com um honroso «votem por amor ao país»…       
… E também de certeza que se envergonharia do… estado a que o seu Estado chegou, e em especial Detroit, onde Mitt Romney nasceu. Outrora a imagem da pujança, agora é o retrato da decadência. A criminalidade é tal que a necessidade da existência e da actuação de um verdadeiro «Robocop» - e não apenas de uma personagem de filme ou de uma estátua do mesmo – já não parece assim tão rebuscada, tão «ficção científica». E, além da violência, a «Motown», a metrópole do automóvel e da música enfrenta a falência – fala-se inclusivamente da sua «dissolução»! Anos, décadas, de despesismo e de desperdício, quiçá de corrupção, deram nisto. É o próprio mayor da cidade, David Bing, a admitir que os seus conterrâneos vivem num «ambiente de regalias» («environment of entitlement») que, previsivelmente, devido a tantos abusos, se tornou incomportável. E, como não podia deixar de ser, para alguns deles a solução não é mudarem de hábitos mas sim arranjarem alguém de «fora» que… pague as contas. JoAnn Watson, conselheira municipal de Detroit, pediu ajuda a Barack Obama: «votámos em você, agora resgate-nos». É (um)a demonstração de que Romney estava certo, inteiramente correcto, quando pelo menos em duas ocasiões que foram outros tantos encontros (reservados) com doadores – uma antes da eleição (o famigerado «vídeo dos 47%) e outra depois – explicou, lembrou, que o actual presidente poderia vencer… e venceu, por à partida já dispor do apoio de quase metade da população, ou dos eleitores, que trocam os seus votos por apoios governamentais – várias vezes concretizados em ajudas imediatas e directas, financeiras ou não, como, por exemplo, o «Obamaphone» - e pela promessa de esses apoios não serem terminados.
Porém, e como que confirmando mais uma vez que em política nada pode ser dado por adquirido, o Michigan tornou-se nesta semana o palco – inesperado – da primeira grande victória do Partido Republicano em particular, e do movimento conservador norte-americano em geral, desde o triunfo de Barack Obama; pouco mais de um mês foi suficiente para tudo voltar a estar em jogo novamente e serem afastadas (quase) todas as dúvidas quanto à viabilidade da oposição. Na verdade, e apesar de, tal como o Wisconsin, ter dado também o triunfo ao incumbente, o Michigan tem desde 2010 um governador do GOP – Rick Snyder – e ainda uma legislatura maioritariamente republicana, que na passada terça-feira aprovaram uma proposta consagrando no Estado o «right to work», ou seja, deixou de ser obrigatória a inscrição num sindicato como condição prévia para obter emprego. Os democratas só são «pró-escolha» na questão do aborto… Pelo que as organizações do «big labor», todas afectas ao (apoiantes do) Partido Democrata e operando com base em esquemas autenticamente mafiosos, extorsionistas, reagiram violentamente, tendo ido além das habituais e «normais» ameaças: partiram para a agressão física e para a destruição de propriedade, o que já não é novidade. Aliás, Douglas Geiss, representante estadual democrata, bem que avisara, antes da decisão, que «iria haver sangue» se a mudança se concretizasse…. e houve mesmo! Nem faltou (verdadeiro) racismo!
A Casa Branca, pela voz de Jay Carney, não condenou os incidentes ocorridos em Lansing nem os seus perpetradores. O que não surpreende… A «civilidade», pregada depois do atentado de Tucson, é só para os outros. No fundo, os rufias do Michigan limitaram-se a  concretizar em actos, mais uma vez, as palavras do Sr. Hussein, que em 2008 incitara os seus apoiantes a «ir à cara» («get in their faces») dos opositores ou «inimigos». Aliás, o Nº 44 esteve no «great lakes state» (na cidade de Redford) na véspera da votação, no que não pode deixar de ser considerado uma provocação, e uma intimidação, visando condicionar a votação… mas, se era essa a intenção, falhou. Não, Obama não tem boas maneiras, e disso já deu provas por várias vezes. Talvez por na sua vida nunca ter tido uma verdadeira, positiva e duradoura figura parental: o pai queniano (Barack Obama Sr.) abandonou-o, o padrasto indonésio (Lolo Soetoro) deu-lhe cão a comer, e teve um comunista militante como «mentor» (Frank Marshall Davis). Os «sonhos do pai dele» são os pesadelos da América de hoje. Que, a não se ter cuidado, poderá transformar-se numa imensa Detroit.   

domingo, 2 de dezembro de 2012

Culpas no cartório

(Duas adendas no final deste texto.)
A eleição presidencial de 6 de Novembro último serviu também para se fazer, em simultâneo, vários estudos, inquéritos e sondagens. E uma das mais irritantes – mas não das mais surpreendentes – é a que indica que cerca de metade dos norte-americanos atribuem a culpa dos problemas económicos dos EUA a George W. Bush. É a demonstração decisiva de como Joseph Goebbels estava certo: uma mentira, se repetida muitas vezes (sem ser efectivamente denunciada e desmentida) torna-se «verdade». A questão aqui não é só a de, (quase) quatro anos depois de ter tomado posse, o presidente em exercício (qualquer que ele seja) é obviamente, sempre, o principal responsável pelo estado da economia; é também, concretamente, a de que, tal como não é culpado pelos problemas em 2012, GWB não foi culpado pelos de 2008! Mas que importância tem isso? Há que (continuar a) culpar o homem, mesmo que se negue fazê-lo, e mesmo que seja para sempre!
A crise de há quatro anos foi causada pelo colapso do mercado imobiliário dito sub-prime norte-americano. Ou seja, quando se tornou insustentável a utopia (mais uma) da esquerda – isto é, dos democratas e liberais – de que qualquer pessoa, qualquer família do país, poderia adquirir e pagar casa própria. Através de directivas políticas e de acções judiciais, muitos bancos foram obrigados a conceder empréstimos hipotecários que, realisticamente, poucas ou nenhumas probabilidades tinham de ser reembolsados - e, de facto, muitos não foram. E Barack Obama tem – literalmente! – culpas no cartório por ter sido, enquanto advogado – e «(des)organizador comunitário» - em Chicago, promotor e protagonista de um dos maiores processos deste género, que opôs em 1995 o Citibank a quase 200 dos seus clientes, todos afro-americanos – e dos quais mais ou menos metade viriam a declarar, posteriormente, insolvência.
Quase 20 anos depois, o que aconteceu no Illinois (e em outros Estados) parece estar a acontecer, a uma escala muito maior, em todo o país. Este não está muito longe de entrar em bancarrota, resultado inevitável de quando a (má) ideologia se sobrepõe à racionalidade, económico-financeira e não só; de quando se gasta mais do que se deve, pedindo emprestado sem ter possibilidade de pagar. Porém, para os EUA, e devido à sua dimensão, não haverá «troika terrestre» que lhe valha – a haver uma, terá de vir de outro planeta, de outro sistema solar ou de outra galáxia!
Toda a «filosofia», todo o «pensamento económico-financeiro» de Barack Obama e do actual Partido Democrata pode ser resumido, condensado em duas afirmações feitas pelo Sr. Hussein em campanha eleitoral, uma em 2008 e outra em 2012. Do «when you spread the wealth around is good for everybody» ao «You didn’t build that! Somebody else made that happen!» vai, como se costuma dizer, todo um programa, que explica toda uma política, e todos os fracassos e todos os escândalos do seu primeiro mandato, traduzidos em indicadores, em números que são recordes… negativos. Paul Ryan, como habitualmente, resumiu e explicou melhor do que outros a situação, avisando que, com as «Obamanomics», o futuro é, seria, de «dívida, dúvida e declínio». Mas, enquanto candidato a vice-presidente, a maioria dos eleitores, infelizmente, não confiou nele… Aquelas afirmações de Obama, que até há poucos anos nunca se imaginaria que pudessem ser proferidas por um presidente norte-americano, por serem tão «socializantes» e… «marxizantes» (sim, do Karl, mas também do Chico, Groucho e Harpo) representa(ra)m o início e o fim de um ciclo, de um círculo (vicioso) que, infelizmente, tudo o indica, vai repetir-se…
 … Quando estão a ser discutidas as formas de se evitar o chamado «fiscal cliff» («falésia fiscal»), para onde os EUA se encaminham e cairão se não forem terminados – ou pelo menos atenuados – os maus hábitos instalados. Da parte dos democratas, as propostas são as habituais: aumentos de impostos para os «mais ricos» e poucos ou nenhuns cortes na despesa. O mesmo é dizer, «conversa fiada» a que não se deve dar credibilidade: se concretizados, esses aumentos de impostos para os «mais ricos» apenas serviriam para financiar o governo federal durante… oito dias (!) Ironicamente, os cinco Estados que mais seriam afectados por esses aumentos deram, todos, a victória a Barack Obama a 6 de Novembro! Então, que fazer? Timothy Geithner defende que se deve aumentar o limite da dívida até ao «infinito», e Jay Carney diz que seria «irresponsável» exigir cortes na despesa idênticos aos aumentos de impostos! Note-se que ambos são porta-vozes do «dono» Barack Obama… Nancy Pelosi, como não poderia deixar de ser, concorda que o poder de aumentar esse limite deve caber, exclusivamente, ao presidente! E Harry Reid, comentando as críticas de John Boehner à atitude e ao comportamento dos democratas (a começar pelo presidente) nesta matéria, disse que «não compreendo o cérebro dele». É «normal» que alguém cujo próprio cérebro parou de raciocinar há bastante tempo não perceba outro que ainda o faz… Tal como devem ter parado – ou são pouco utilizados – os cérebros dos que, nos EUA, consideram o socialismo como algo positivo e que, concomitantemente (provavelmente, são quase os mesmos), acreditam que são os republicanos os principais - ou únicos – culpados pelo «fiscal cliff». Afinal, se são do mesmo partido de George W. Bush, «só podem» ser culpados, não é verdade?
Assim sendo, se o GOP já tem a «fama», porque não ter também o «proveito»? Alguns comentadores conservadores, nomeadamente Charles Krauthammer e John Nolte, apelam a que não se ceda à chantagem democrata… e que se deixe o país cair no «fiscal cliff». Talvez assim a maioria dos norte-americanos, ou a maioria que reelegeu Barack Obama, se aperceba de que os «burros» não são sérios, nada têm de consistente nem de competente para oferecer, e que os problemas não se resolvem apenas através de uns – demagógicos, ideológicos e inúteis – aumentos de impostos. Porque eles sentem a sua confiança reforçada pelo recente triunfo presidencial – embora, recorde-se, por uma margem pequena, e inferior à de 2008 – estão ainda mais à vontade para fazerem exigências e estabelecerem condições absurdas, entre as quais, imagine-se, um novo plano de «estímulo» à economia! No que são acompanhados pelos sindicatos, seus tradicionais aliados, que, sabedores da importância que tiveram na reeleição do Nº 44, se mostram ainda mais à vontade para abusarem nos seus protestos e reivindicações, como se viu nas últimas semanas. E, claro, continuam a contar igualmente com o colaboracionismo de uma certa comunicação social: na NBC diz-se que, depois de a eleição ter terminado, «já é seguro outra vez falar da economia e dos empregos» (claro, porque o preferido ganhou... que «alívio»!); o NYT, que em 1992, com George H. Bush, considerava decepcionante um crescimento de 2,7% no produto interno bruto, agora, em 2012, considera uma «melhoria lenta mas sustentada» um crescimento de 2%!    
As coisas chegaram a um ponto tal que os socialistas franceses, novamente no poder, vêem em Barack Obama um modelo a imitar, um bom exemplo a seguir! Bem, pelo menos o Sr. Hussein ainda não se lembrou de querer aplicar aos «ricos» dos EUA uma taxa de IRS no valor de 75%... por enquanto. Há, entre os democratas, quem ameace que se está apenas no início. De quê? No horizonte de alguns poderá haver, eventualmente, um imposto sobre a riqueza, sobre o património. Mas, aí, o termo de comparação estaria não em Paris mas sim talvez em Havana ou em Caracas.
(Adenda - Harry Reid é um fala-barato, sempre com bazófias e bravatas, mas, nas horas da  verdade, encolhe-se e acobarda-se... Desafiado por Mitch McConnell a levar à votação, no Senado (onde os democratas continuam em maioria), o «plano fiscal» de Barack Obama, decidiu... não o fazer! Mas, então, as propostas do presidente não são as melhores para o país?!)
(Segunda adenda - Erskine Bowles, um democrata que integrou a administração de Bill Clinton e que co-dirigiu, com o senador republicano Alan Simpson, a Comissão Nacional para a Responsabilidade e Reforma Fiscal... empossada por Barack Obama, é... taxativo: «a despesa é a maior parte deste problema», e o aumento de impostos em que o presidente insiste não o vai solucionar. Que as suas palavras sejam recordadas sempre que um «burro» irresponsável vier acusar os republicanos de, entre outras idiotices, só quererem defender os «ricos».)     

domingo, 18 de novembro de 2012

Fica a promessa

(Uma adenda no final deste texto.)
No meu anterior texto aqui no Obamatório, publicado a 5 de Novembro último, escrevi: «(…) Estes e outros factos não significam, necessariamente, que Barack Obama vai perder a eleição. Porém, do que não resta qualquer dúvida é que ele não merece ganhá-la; aliás, já em 2008 ele não merecia, e agora muito menos. (…) Qualquer que seja o resultado de amanhã, ele não alterará, não apagará, o que aconteceu nestes últimos quatro anos. (…)»
Não só não duvido de que se saberá cada vez mais pormenores, mais informações e esclarecimentos, sobre os «casos» já conhecidos e que aqui foram relatados, como acredito, tal como outros, que se descobrirão mais «casos». Aliás, logo nos dias seguintes ficaram a saber-se mais dois, ocorridos antes das eleições mas que, por «coincidência», foram ocultados até os votos terem sido depositados e que, quem sabe, poderiam ter influenciado o resultado final, tal como o furacão Sandy, indubitavelmente, o fez: o ataque iraniano a um drone norte-americano e a demissão do General David Petraeus do cargo de director da CIA.  
Pelo que desde já fica a promessa, da minha parte, de que vou continuar por aqui, a fazer essa denúncia, a relatar factos que outros não se atrevem a relatar, a dar opiniões incómodas – mas assentes e validadas nos factos – que outros não têm a coragem de dar. Apesar da surpresa, e da decepção, pelo resultado do passado dia 6 de Novembro, devo continuar, tenho a obrigação de continuar «no meu posto», quanto mais não seja por respeito para com aqueles que visitam o Obamatório, e que são cada vez mais: Setembro e Outubro de 2012 foram os melhores meses de sempre, e, ironicamente, a 6 e a 7 de Novembro registaram-se os melhores números de visualizações num só dia! Nos próximos dois meses irei reduzir o «ritmo» de publicação, que aliás nunca foi muito intenso – sempre preferi a qualidade à quantidade. No entanto, a partir de dia 21 de Janeiro, voltarei «à carga» com regularidade, e até Barack Obama, de uma forma ou de outra, deixar de ser presidente dos Estados Unidos da América.
E é também por consideração para com os meus leitores que não me incomodo (muito) – aliás, já estou habituado – a que, de caminho, me tentem «ostracizar», que seja boicotado, discriminado, ignorado. Como? Fundamentalmente, pela não participação em (não ser convidado para): «combates de blogs» que supostamente dispõem de um «painel completíssimo» apesar da minha ausência; em programas em estações de rádio e de televisão; em «tertúlias» promovidas por juntas de freguesia; em colóquios organizados por universidades; em viagens aos EUA apoiadas por fundações… Mas não ter tudo isto não me tira autoridade, legitimidade… e vontade para (continuar a) fazer o que faço. Desenganem-se os que pensam o contrário.
E aconselho todos aqueles que ainda estão a comemorar mais um triunfo do Sr. Hussein a não se excitarem demasiado, a acalmarem-se… e a olharem bem, friamente, melhor, para os números. O actual presidente teve cerca de sete milhões de votos a menos do que os que teve em 2008 (69,4 para 62,8) – é, creio, caso único na história eleitoral dos EUA da era moderna um presidente incumbente ser reeleito com menos votos do que da primeira vez. O problema foi que o seu opositor não só não venceu como também teve cerca de 700 mil votos a menos do que o seu «antecessor no cargo» - Mitt Romney obteve 59,2 milhões, e John McCain (na verdade, Sarah Palin…) obteve 59,9. Ou seja, o desgaste, a desilusão, a dúvida relativamente ao Nº 44 existiram de facto, e tiveram tradução nas urnas, mas não houve um aproveitamento pleno dessa situação por parte dos republicanos. Todavia, estes, se é certo que também perderam lugares no Senado e na Casa, ganharam um governador, além de terem ainda a maioria dos legisladores estaduais.
Sim, a «vantagem» ainda é dos «burros», mas essa «vantagem» reduziu-se consideravelmente em relação há quatro anos… e os «elefantes» consolidaram as posições conquistadas há dois. Os democratas perderam mais do que os republicanos perderam, e estes, muito provavelmente, por culpa própria, por deficiências logísticas e técnicas que, espera-se, estarão corrigidas e superadas nas próximas eleições. Assim como é desejável que (re)conquistem os votos dos eleitores hispânicos, que poderiam ter sido atraídos este ano se um dos seus – Marco Rubio – tivesse sido candidato a vice-presidente. E também dos libertários, cujos candidatos, em várias corridas, obtiveram votos que seriam suficientes para derrotar os democratas se tivessem sido adicionados aos dos republicanos. A incredulidade, e até a indignação, pelo que aconteceu no passado dia 6 compreendem-se e justificam-se. Contudo, nada na história recente indica que o Partido Republicano esteja em risco de desagregação, de perda de influência e de implantação, quanto mais não seja porque o «fenómeno» Barack Obama, segundo os seus próprios subordinados, não é replicável por nenhum outro democrata; em muitos aspectos, é uma anormalidade.   
Entretanto, e para que tal acontecesse, seria igualmente conveniente e preferível que fossem definitivamente afastadas as suspeitas – e as provas? – de fraude eleitoral em larga escala a favor dos democratas (acaso há outra?) das quais diversos e inquietantes indícios voltaram a surgir neste ano, em especial no Maine e na Pensilvânia – neste existiram circunscrições eleitorais em que, entre milhares de votantes, Mitt Romney não registou um único! Para não falar de vários incidentes mais ou menos violentos, incluindo propaganda descarada – vestida e pintada – nos próprios locais de voto, discriminação (representantes do GOP expulsos daqueles!), intimidação (os Novos Panteras Negras, porque não foram punidos pelo que fizeram em 2008, voltaram ao «local do crime»), agressão e até ameaças com armas, com e sem roubo!
Enfim, soube-se a resposta à pergunta que, por curiosidade, muitos colocaram: a de saber se este ano faria lembrar, eleitoralmente, mais 1980 (Jimmy Carter vs. Ronald Reagan) ou 2004 (George W. Bush vs. John Kerry) Acabou por ser 2004 – um presidente contestado que acaba por vencer, por pouco e depois de alguns «sustos» (como o de um primeiro debate desastroso), um milionário do Massachusetts… Mas quem acredita em «movimentos cíclicos» na política, quem acredita que 2012 foi uma repetição «ao contrário» de 2004, então tem de aceitar que 2014 vai ser igualmente uma repetição «ao contrário» de 2006, e 2016 uma repetição «ao contrário» de 2008… Contudo, quem sabe se, a curto ou médio prazo, 2012 não acabará por parecer-se mais com… 1972?  
Esta eleição presidencial nos EUA de 2012 faz-me lembrar mais, isso sim, a eleição parlamentar no Portugal de 2009: um incumbente arrogante mas «elegante», conflituoso e insultuoso, falador e gastador, enredado em suspeições e em escândalos, que vence um(a) opositor(a) consensualmente tido(a) como competente mas com um discurso «aborrecido», «quadrado», nada «cool», a falar sempre na necessidade, e até urgência, em controlar as contas públicas e em reduzir a dívida… Sabe-se o que aconteceu, não muito tempo depois, deste lado do Atlântico. Acontecerá o mesmo do outro?
(Adenda - Pode ser um prenúncio do que aí vem: Jesse Jackson Jr., representante do Partido Democrata pelo... Illinois (e de Chicago!), que a 6 de Novembro havia sido reeleito facilmente, renunciou ao cargo. Problemas de saúde? É mais problemas com a lei... Sim, que «surpresa»!)  

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Não merece ganhá-la

Michelle Obama disse que era no dia 2, para os «cabeças-duras» e não só, e o marido que é no dia 7… pois, nem nisto eles são dignos de confiança: é amanhã, 6 de Novembro. No último dia da campanha eleitoral «mais suja de sempre», na véspera da votação para a presidência dos Estados Unidos da América, quais são as palavras, as imagens, as ideias que mais se destacam?
Em termos de dinâmica, notou-se nitidamente, e simultaneamente, um crescendo – em apoio, em entusiasmo, em optimismo – na candidatura de Mitt Romney, e um esvaziamento – nos mesmos itens – na de Barack Obama. Há factos que podem constituir sinais reveladores, confirmadores, dessa asserção: no Ohio, e no mesmo dia, o republicano falou para uma audiência de 30 mil pessoas, e o democrata… para uma de 2800; e em Cleveland o Sr. Hussein passou de 80 mil em 2008 para… quatro mil em 2012. Nem Bruce Springsteen nem Stevie Wonder foram grandes ajudas desta vez… Também no aspecto das escolhas (endorsements) por parte de jornais também se está a verificar uma tendência que parece favorecer o ex-governador do Massachusetts: são muitos mais os que, no que se refere a apelo ao voto, mudaram de «azul» para «encarnado» desde há quatro anos; e, pela surpresa da posição e/ou pela veemência com que a explicam e a defendem, são de salientar o Des Moines Register, o Las Vegas Review-Journal, o Los Angeles Daily News, o Nashville Tennessean, o Newsday, o New York Daily News, o Orlando Sun-Sentinel e o Wisconsin State Journal.
Estes e outros factos não significam, necessariamente, que Barack Obama vai perder a eleição. Porém, do que não resta qualquer dúvida é que ele não merece ganhá-la; aliás, já em 2008 ele não merecia, e agora muito menos. E basta ouvir o que ele tem dito nestes últimos dias de campanha para se dissiparem as (muito) poucas dúvidas que ainda pudessem subsistir sobre o mau carácter – e, sim, a sacanice – do actual presidente. Exemplos? Ao referir-se à «romnesia na fase três» do seu adversário insultou todos os doentes de cancro, em que se incluem Ann Romney e a própria mãe dele, Ann Dunham, falecida em 1995. Chamou a Romney um «vendedor», mas ele próprio tem sido um, e mau, e até o admite ao prever que «alguns dos negócios que encorajamos irão falhar»… como se viu com a Solyndra, e não só. Pior, chamou a Romney um «m*rd*s*» («bullshitter»). Ainda pior, declarou que «votar é a melhor vingança», ao que Romney respondeu apelando a que se vote «por amor ao país». Que tal para «raiva republicana»? Onde já vai a «civilidade», a «esperança» e a «mudança»… Provavelmente, nem ele imaginava em 2008 que as palavras com que descrevia os seus opositores haveriam de se aplicar, na perfeição, à sua actual situação: «If you don't have any fresh ideas, then you use stale tactics to scare the voters. If you don't have a record to run on, then you paint your opponent as someone people should run from. You make a big election about small things.»
Nunca a «verborreia de diarreia» dos «liberais e progressistas» foi tão «stale» e «small», tão desagradável como agora – aliás, Michelle Obama bem que falava que a retrete poderia estar entupida no dia da eleição… Lena Dunham, uma starlet de terceira categoria, protagoniza um anúncio, quase de certeza copiado de outro de… Vladimir Putin (!), em que equipara a perda da virgindade com o voto no Sr. Hussein. Bill Maher avisou os votantes em Mitt Romney de que «os negros sabem quem vocês são e irão atrás de vocês». Michael Moore realizou um anúncio em que idosos lançam palavrões contra os republicanos. No entanto, é preocupante, e perigoso, quando, sem dúvida inspirados pelo «chefe», os seus apoiantes se dispõem a passar, ou passam mesmo, das palavras agressivas… aos actos agressivos – o que, aliás, representa o «business as usual» dos democratas: roubo de material de propaganda por parte de activistas sindicais; vandalismo; (acusações de) fraude eleitoral, no Colorado, no Texas e na Virgínia; assédio sexual; mais ameaças de motim, violência e morte, tanto generalizadas como específicas; espancamento, no Wisconsin, do filho de um senador estadual do GOP. Não relacionado directamente com a eleição presidencial, há ainda os casos do traficante de droga na Carolina do Norte e o da ladra – que fora antes eleita «democrata do ano» no seu condado! – no Colorado. E para que não digam que eu só menciono as malfeitorias dos «burros», também é de assinalar o caso de uma mulher do Nevada identificada como «republicana registada» que tentou votar pela segunda vez. Sim, foi o único acontecimento negativo similar que eu encontrei do «outro lado» no mesmo período de tempo. Quando o assunto é ilegalidades, a desproporção ainda é (muito) «favorável» ao Partido Democrata.
Todavia, mesmo que não houvesse violações da lei, sempre haveria a criticar aos «azuis» a sua atitude, de arrogância, de intolerância e de negligência, de leviandade e de superficialidade, que teve em Barack Obama um expoente máximo. E que lhe permite fazer afirmações como a de que é «rebuçado para os olhos» («eye candy») das senhoras do programa «The View» ou a de que é um «adereço» da sua própria campanha. Que lhe possibilita votar antecipadamente (em Chicago), antes do dia 6 (o primeiro presidente a fazê-lo, e nitidamente como forma de tentar animar as suas desanimadas bases), e apresentando – naturalmente, normalmente – um cartão de identificação sem que idiotas como George R. R. Martin o apresentem, indignados, como uma vítima de «racismo». Que proporciona a Joe Biden afirmar que «não houve um dia nestes últimos quatro anos em que senti orgulho de ser seu vice-presidente»! Mais uma gaffe a juntar a tantas outras?
Em conclusão, pode-se e deve-se recorrer, não uma mas sim duas vezes, a Andrew Klavan, um dos melhores «cronistas» deste mandato, se não mesmo o melhor: os «conteúdos do (mau) carácter de Obama» (tão longe do de Martin Luther King…) traduzem-se em «uma eleição de fantasia, um homem imaginário». Qualquer que seja o resultado de amanhã, ele não alterará, não apagará, o que aconteceu nestes últimos quatro anos. Nem tudo o que havia para fazer foi feito, mas tudo o que havia para dizer e escrever foi dito e escrito. Agora, há que aguardar. Com paciência e de consciência tranquila.

sábado, 3 de novembro de 2012

Escândalos à escolha (Parte 2)

Em 2012 assinalam-se os 40 anos do início do denominado «escândalo Watergate», que, desde então, como que se tornou o primeiro sinónimo de corrupção política em Washington… pelo menos em Hollywood, de onde resultaram dezenas de filmes e de séries televisivas que abordam, directa ou indirectamente, principal ou secundariamente, o acontecimento. Que envolveu arrombamentos (de instalações do Partido Democrata), escutas e gravações ilegais… e que terminou com a demissão do (republicano) Richard Nixon da presidência e a condenação e a prisão de muitos dos seus colaboradores.
Porém, e como tem sido salientado por, entre outros, John McCain, o escândalo Watergate não envolveu, não causou, perda de vidas inocentes… ao contrário dos escândalos «Fast & Furious» e de Bengahzi. Vidas de americanos e, no primeiro daqueles, também de estrangeiros. E a responsabilidade por essas mortes cabe a Barack Obama e à sua administração. O que aconteceu na Líbia a 11 de Setembro de 2012 constituiu um agravamento, como que um «aperfeiçoamento perverso» do que aconteceu na fronteira com o México entre 2009 e 2011: se no primeiro caso se permitiu que armas norte-americanas fossem entregues a traficantes estrangeiros sem monitorização, no segundo permitiu-se que norte-americanos com pouco armamento e equipamento fossem atacados por terroristas estrangeiros que estavam a ser monitorizados.
Nas últimas semanas têm sido vários os comentadores e especialistas que têm procurado estabelecer uma (tanto quanto possível) completa sequência dos acontecimentos, e uma das melhores e mais recentes foi dada por Pat Buchanan. Basicamente, foi isto: sabia-se, e informara-se o Departamento de Estado e a Casa Branca nos meses anteriores, que a área de Benghazi comportava muitos e graves riscos de segurança (após serem alvos de atentados, representações do Reino Unido e da Cruz Vermelha foram encerradas), e pedidos foram feitos para reforçar aquela, inclusivamente pelo próprio embaixador Christopher Stevens… o último dos quais poucas horas antes de ser morto; aquando do ataque (com lança-granadas e metralhadoras), elementos da CIA estacionados num local próximo pedem ajuda e autorização para auxiliar o pessoal diplomático, mas é-lhes dada a ordem para ficarem onde estão – ordem a que não obedecem, e não terão ajuda; poucas horas depois do início do confronto, um grupo aliado da Al-Qaeda reivindica a autoria da iniciativa – informação que é quase imediatamente transmitida para Washington, onde a situação terá sido acompanhada em directo; consumados os assassinatos, Barack Obama e vários dos seus coadjuvantes atribuem a culpa pelo sucedido a manifestantes descontrolados que se revoltaram contra um (desconhecido, obscuro, quase amador) filme anti-Islão exposto no YouTube.
É preciso dizer e explicar ainda mais até que ponto isto é extremamente, inacreditavelmente, grave? Porque é que o actual presidente teve este comportamento? Porque não quer(ia) admitir que o seu principal slogan para a reeleição - «Bin Laden está morto» - estava irremediavelmente comprometido. Ainda agora, na campanha, ele afirma que a Al-Qaeda foi «dizimada»!
«Benghazigate» já é um escândalo (suficientemente) mau no seu aspecto meramente político, mas torna-se péssimo enquanto (também) escândalo mediático. Em Junho último, Carl Bernstein e Bob Woodward revisitaram o caso que os tornou famosos, e assegura(ra)m que sabem hoje, quatro décadas passadas, que Watergate é «muito pior do que pensavam». Isso quer dizer… que foram descobertos cadáveres? Claro que não. Uma semana depois, entrevistado por Sean Hannity, Woodward mostrou relutância em reconhecer inequivocamente as implicações do que aconteceu na Líbia. E o Washington Post, o seu jornal e de Bernstein, está a colaborar, assim como quase toda a mainstream media, na construção de uma «cortina de fumo», recusando-se a revelar e a distribuir (grande parte d)a informação disponível. Mais do que incompetência e conivência, isto é cumplicidade. Que, claro, se estende a Portugal, onde o «apagão» sobre o que realmente aconteceu em (e a propósito de) Benghazi é quase total – (um)a excepção é o Obamatório.
Este é, incontestavelmente, o pior de todos os escândalos nestes últimos quatro anos, mas não é, evidentemente, o único – como já antes demonstrámos, há, neste âmbito, mais por onde escolher. Aliás, não faltam outras «listas» de «casos duvidosos» protagonizados por elementos da actual administração. Como o «Guia dos cinco maiores escândalos da administração Obama para totós da MSM» de Bryan Preston, que refere, para além dos dois principais mencionados aqui, também as ilegalidades cometidas por Kathleen Sebelius, as «propostas indecentes» feitas a fornecedores de material militar, e as fugas de informação de segurança nacional para o New York Times – um caso também «pior do que o de Watergate» e cuja possível e respectiva «garganta funda» já foi apontada. Ou as «14 das mais flagrantes mentiras, políticas e actividades fora da lei desta administração», de Dustin Siggins, de que se destacam o «ObamaCare», violações da Primeira Emenda (liberdade de expressão) e o assassinato de terroristas (confirmados ou suspeitos) no estrangeiro, mesmo que sejam cidadãos dos EUA (a famigerada «kill list»). Ou esta terceira lista, de Chris Gadsden. Ou o estudo que revela que poucas agências governamentais forneceram informações a que estavam obrigadas (tanta «transparência»!). Ou as doações estrangeiras – ilegais – para a campanha de BHO. Ou as «ajudas estatais» que beneficiaram um irmão e um amigo de Joe Biden.
Será que, daqui a 40 anos (ou 30, ou 20…), escândalos como o de Benghazi terão um tratamento – na comunicação social e no entretenimento – semelhante ao de Watergate? Se ambos os meios continuarem a ser dominados por esquerdistas preconceituosos, isso será muito pouco provável, quase impossível.             

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

«Frankenstorm»

(Três adendas no final deste texto.)
Neste ano o Halloween, o «Dia (e Noite) das Bruxas» nos Estados Unidos da América, não proporcionou propriamente uma festa, uma celebração em toda a nação, porque aconteceu em simultâneo com um susto a sério, enorme, e que provocou muitos mortos. Mais do que monstros de brincadeira, vampiros, lobisomens e fantasmas a fingir, o que houve desta vez foi uma tempestade «perfeita» e monstruosa – o furacão Sandy, que atingiu a costa leste do país e que não tardou a receber a alcunha de «Frankenstorm».
Compreensivelmente, as campanhas eleitorais para a presidência dos EUA, tanto por parte de democratas como de republicanos, foram suspensas durante algum tempo – com a excepção, nomeadamente, de Michelle Obama… Porém, esta pausa forçada não significou que não existissem alguns aproveitamentos político-partidários, ideológicos, da calamidade. A começar, claro, por Al Gore, que não deixou de… alegar que o furacão é uma consequência, e uma prova, do «aquecimento global», no que foi secundado por «eminências da ciência» como Cenk Uygur, Chris Matthews e Martin Bashir… O que não é de surpreender, tal como a exaltação da destruição por parte do (que resta do) movimento Occupy Wall Street.
Para além do oportunismo dos charlatães do clima (que parecem «esquecer» que existiram tempestades, e piores, no passado), houve inevitáveis – e até normais – demonstrações de calculismo em relação à eleição da próxima semana: especulações sobre se o Sandy afectaria ou não a eleição, e, se sim de que modo; se poderia até causar o adiamento do próprio acto eleitoral… E, dos «suspeitos do costume», vieram as previsíveis acusações a Mitt Romney, mas que, aliás, seriam dirigidas a qualquer republicano na sua posição: a da sua suposta desvalorização dos auxílios governamentais federais de emergência – para a esquerda esta «Frankenstorm» foi mais uma «prova» de que o «grande governo» é necessário; e, para cúmulo, a da suposta irrelevância, e mesmo falsidade, da ajuda aos afectados e desalojados que o governador e a sua equipa de campanha prestaram!      
Para Barack Obama este furacão providenciou mais uma oportunidade a Barack Obama para parecer «presidenciável» - e bem que ele tem precisado dessas oportunidades… No entanto, comentadores como Charles Krauthammer não deixaram de notar, correctamente, que o Nº 44 não se comportou da mesma maneira aquando – e a propósito – do ataque em Benghazi. Mais: se foi divulgada agora uma fotografia da «sala da situação» a monitorizar o Sandy, porque não foi divulgada uma antes a mostrar a reacção – ou a falta dela – da administração ao atentado terrorista que matou quatro norte-americanos, incluindo o embaixador na Líbia? Estes, ao contrário das vítimas da tempestade, foram «deixados para trás», e – os indícios nesse sentido acumulam-se crescente e inquietantemente – de uma forma consciente e deliberada, quiçá criminosa. Todavia, e como salientou Jonah Goldberg, ao menos o Sr. Hussein não atribuiu a culpa pelo furacão a um vídeo; nem (digo eu) a George W. Bush…
Outro aspecto positivo da tragédia, sem dúvida menor mas algo significativo: Samuel L. «votei em BHO porque ele é negro» Jackson, que desejou em Agosto último que o furacão Isaac devastasse Tampa e destruísse a convenção republicana, desta vez (porque será?) não se pronunciou.
(Adenda - Aqueles que, «ingenuamente», acreditam que o furacão Sandy possa ter beneficiado Barack Obama provavelmente ainda não sabem, ou não querem saber, das notícias e das imagens de filas para abastecimento de combustível (a fazerem lembrar os tempos de Jimmy Carter) e, o que é pior, as de violência, morte e miséria, mesmo que momentânea (gente a procurar comida em contentores de lixo!))
(Segunda adenda - Nova Iorque depois do Sandy começa a parecer-se com o Louisiana depois do Katrina? Algo que os dois Estados têm em comum: governadores democratas aquando das respectivas calamidades.)
(Terceira adenda - Michael Bloomberg, que deu o seu apoio a Barack Obama em especial pela posição do actual presidente sobre o «aquecimento global», diz que o «frio é o próximo grande problema para nós». De notar que ainda se está no Outono... ah, a ironia!)  

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Rever em baixa (Parte 6)

«Eu oponho-me a Barack Obama porque ele é negro», Andrew Klavan; «O presidente imperial ataca outra vez», Ben Shapiro; «O escândalo “Rápidos e Furiosos” está a tornar-se no Watergate do Presidente Obama», Tim Stanley; «Bem-vindos à Primavera Árabe de Obama», AWR Hawkins; «Para derrotar Obama em 2012 contem a história do declínio de Chicago», Wayne Allyn Root; «Impostos e confiança – O calcanhar de Aquiles do ObamaCare e de Obama (Parte 1; Parte 2)», Patrick Caddell; «Pode o voto negro custar a Obama a eleição?», Edward Klein; «Presidente Obama tem a intenção de mudar completamente a América, para pior», David Limbaugh; «Obama necessita de uma lição de história sobre os negócios e os Estados Unidos», John Lott; «O manifesto de Obama», Robert J. Guenther; «O monte de palha de Obama», Joseph F. Petros III; «A jogada emblemática de Obama – desselar registos privados», Ann Coulter; «O caminho de Obama para a vitória – mudar de assunto, mudar a História», David Cohen; «Barack Obama bate Mitt Romney no jogo da confiança, mas irá provavelmente perder a eleição», Michael Medved; «Obama tem de ir», Niall Ferguson; «Irá Tel Aviv arder enquanto Obama toca?», Kenneth Timmerman; «Obama – o verdadeiro radical», George Will; «Obama – um discurso pedestre e demasiado confiante», Michael Tomasky; «Se você precisa de uma razão para votar contra Obama…», Stuart J. Moskovitz; «Se é “olá 1980”, é “adeus Obama”», David Bossie; «Porque usou Obama a palavra começada por “n” para descrever o avô dele?», Dinesh D’Souza; «Obama em vias de ter o pior registo de emprego desde a Segunda Guerra Mundial», Donald Lambro; «A fraqueza de Obama regressa a casa para assar», Bart Marcois; «O Mundo que Obama fez», Matthew Continetti; «Obama é um representante para a tirania», Stella Paul; «Presidente Obama, pare de culpar a vítima pela violência no Médio Oriente», Kirsten Powers; «Obama aprendeu que é um falhado», Jonah Goldberg; «Porque me recuso a votar em Barack Obama», Conor Friedersdorf; «Os cinco piores aumentos de impostos de Obama sobre as pequenas empresas», Ryan Ellis e John Kartch; «Obama a debater faz com que Jimmy Carter pareça espantoso», Charles Hurt; «Barack quebrado», William L. Gensert; «O mito Obama não sobreviverá aos debates», Anthony G. Dispenza; «As cinco principais ideias económicas falsas em que Obama e os seus apoiantes acreditam», Joel B. Pollak; «Obama paga o preço de evitar as perguntas», Dana Milbank; «Não o homem que ele pensava conhecer», James Taranto; «Porque está ele a cair aos bocados», Jim Geraghty; «Está Obama sobrestimado como candidato?», Chris Cillizza; «Obama acabou de mandar fora toda a eleição?», Andrew Sullivan; «Os media liberais amaram Obama até à morte», Noemie Emery; «Deve Barack Obama demitir-se esta noite?», Roger Simon; «Quando os americanos viram o verdadeiro Obama», Peggy Noonan; «O argumento progressivo contra Obama», Matt Stoller.                        

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

«Criminoso de guerra»…

(Uma adenda no final deste texto.)
… Foi como, há um mês, Ralph Nader, figura histórica da defesa do consumidor, da ecologia e da esquerda norte-americanas, cinco vezes candidato presidencial, classificou Barack Obama, Prémio Nobel da Paz em 2009.
Sim, «pior» do que George W. Bush: porque há quatro anos se opôs, tal como os seus apoiantes, a políticas que, afinal, continuou e até, em alguns casos, acentuou – em especial o programa de assassinatos selectivos e à distância através de drones, várias vezes com danos colaterais, e em que cidadãos dos Estados Unidos da América no estrangeiro podem igualmente ser alvos. E isto por parte daqueles que condena(ra)m a «tortura» do waterboarding – que, recorde-se, não causou qualquer morte e proporcionou muitas informações úteis, algo que terroristas… perdão, «combatentes inimigos» abatidos não podem dar. Osama Bin Laden pode estar morto (apesar de as imagens do cadáver não terem sido divulgadas…) mas a Al-Qaeda está viva, e não se recomenda. Muitos «progressistas pacifistas» do outro lado do Atlântico estão muito desiludidos com o actual presidente, mesmo que não se manifestem tão ruidosamente como faziam contra o antecessor…
… E sem dúvida que essa opinião se manteve, ou agravou-se, ao ouvirem na passada segunda-feira, durante o terceiro e último debate presidencial de 2012, o Nº 44 a pretender «explicar», arrogantemente, condescendentemente, ridiculamente (e orgulhosamente?), a Mitt Romney que as forças armadas são actualmente muito diferentes e melhores do que eram há 100 anos, que se utilizam menos cavalos (é verdade), menos baionetas (não é) e que existem umas coisas chamadas porta-aviões… Mais uma vez, os «jornalistas» membros do «clube de fãs» do Sr. Hussein riram e aplaudiram o suposto «momento alto do debate», mas eles já deviam saber que aquilo que parece, imediatamente, positivo, acaba por tornar-se, posteriormente, negativo… Na verdade, e novamente, Romney pareceu (e é) mais presidenciável, o incumbente, e Barack Obama um challenger… algo irritado e irritante. E que, também novamente, se enganou ou mesmo mentiu no debate, não só em questões técnicas mas também no que se refere às questões de financiamento da máquina militar, dizendo que não faria… aquilo que já fez: cortes consideráveis nas verbas para o Pentágono. E é Bob Woodward quem o confirma
Parece impossível, é incrível, que ainda exista quem insista que na política externa e de defesa Barack Obama tem vantagem, que é o seu «ponto forte», quando a cada dia se torna mais evidente o comportamento incompetente, irresponsável e até, eventualmente, criminoso desta administração nos negócios estrangeiros, tanto civis como militares. Exemplos? Um presidente que prescinde de encontros nas Nações Unidas com outros líderes mundiais mas não de uma entrevista para falar de futebol. Uma porta-voz (do Departamento de Estado) que admite que é paga para ser «mais parva» («dumber»). Aliás, parvoíce (ou algo pior…) é o que não falta na instituição liderada por Hillary Clinton, como ficou demonstrado através da nomeação de Salam al-Marayati, apologista de terroristas e «truther» (alegou que Israel poderia ser responsável pelos ataques em 2001/9/11!), como representante dos EUA numa conferência da OSCE sobre direitos humanos. Vários islamitas radicais fizeram centenas de visitas à Casa Branca para encontros, se não com o Sr. Hussein, pelo menos com elementos de topo do governo federal. Entretanto, soldados no Afeganistão recebe(ra)m ordens dos comandantes norte-americanos para não disparar sobre guerrilheiros taliban que colocam minas… porque isso pode incomodar os habitantes! Muitos homens e muitas mulheres de uniforme, ausentes no estrangeiro, arriscam-se a não participar na eleição presidencial devido a atrasos (deliberados?) no envio de boletins de voto. São cada vez mais, e maiores, as provas de negligência dolosa perante (antes e depois d)o ataque ao consulado de Benghazi, na Líbia. E ainda há bastante para esclarecer sobre as fugas de informação – confidencial, e mesmo secreta (sobre operações no estrangeiro) – para o New York Times ocorridas este ano.
Uma verdadeira, mais realista, aferição do sucesso (ou falta dele) de uma política externa é habitualmente dada… por pessoas de outras nações, aliadas ou não. Nesse sentido, são muito significativas as perguntas feitas por Ahmad Abu-Risha, um dos principais líderes tribais iraquianos, a Barack Obama, queixando-se da falta de colaboração e de empenho da actual administração, comparando-a – desfavoravelmente – com a anterior: «Porque deixaram o Iraque para o Irão? Porque desistiram depois de tantos sacrifícios feitos pelos americanos?» Não é de todo implausível que, depois de tanta diplomacia… macia por parte do Nº 44, se tenha de enfrentar militarmente Teerão, e então, aí sim, poderá fazer sentido uma pergunta recente de Joe Biden, susceptível de fazer parte do seu «best of».
(Adenda - Há quatro anos teve algum significado, mas tratou-se, fundamentalmente, de uma traição. Agora, o impacto é insignificante e é pouco menos do que ridículo. Colin Powell expressou mais uma vez o seu apoio a - e o seu voto em - Barack Obama. Se da primeira vez poderia haver alguma atenuante, algum benefício da dúvida, neste momento, em que há um registo, um «cadastro» das decisões do actual presidente, não há qualquer desculpa. Powell bem que podia tornar-se membro do Partido Democrata: este, ontem e hoje sempre racista, adora afro-americanos dispostos a colocarem as grilhetas neles próprios.) 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

iMEDIAtaMENTE! (Parte 2)

Este texto começou por ser uma adenda ao post anterior, mas o tema é suficientemente importante para merecer um post próprio… Ao contrário de outros, eu não «salto» logo a «declarar» o vencedor. Não é novidade – e esta semana isso foi novamente confirmado – que se deve esperar até à manhã seguinte a um debate político para se saber, com toda a certeza, o que de mais importante dele resultou… e ficou. Do segundo entre Barack Obama e Mitt Romney, realizado em Nova Iorque, mais do que as mentiras habituais por parte do incumbente, essa ideia – essa certeza – principal foi a de que o moderador, o «árbitro», entrou no «jogo» para beneficiar um dos contendores: o actual presidente.
Foi precisamente isso que Candy Crowley, jornalista da CNN, fez na passada terça-feira. Ao, inacreditavelmente, arrogar-se «corrigir» um dos candidatos em favor do outro, algo inédito (tanto quanto julgo saber) em toda a história política norte-americana, ela efectivamente «despiu» a capa de «imparcialidade», de «isenção», de «equidistância», e mostrou, e confirmou, aquilo que é: (mais) um(a) operativa(o) democrata sob um disfarce de observador. Note-se que ela seria merecedora de igual crítica e de condenação se, inversamente, tivesse beneficiado, ajudado, Mitt Romney. Mas sinceramente: é de acreditar que isso alguma vez pudesse acontecer? Pode-se e deve-se recordar afirmações anteriores por parte de Crowley que denunciavam a sua «inclinação», em especial a de que a adição de Paul Ryan ao ticket republicano poderia significar como que um «death wish». A sua actuação desastrosa, vergonhosa, só mostrou que os (pre)conceitos que os conservadores têm em relação a grande parte dos media estão correctos
… E o mais irónico, em última análise, é que Candy Crowley estava errada, que Mitt Romney tinha razão, como aliás ela própria acabou por admitir depois! Barack Obama não afirmou, especificamente, que o ataque ao consulado em Benghazi, era um «acto de terror», ou «terrorismo» - antes o designou, concretamente, como «(um) este tipo de violência insensata». Violência essa que seria consequência de um vídeo, disponível no YouTube, que «incitou à violência» dos muçulmanos, que na Líbia se traduziu inclusivamente na morte de quatro norte-americanos, incluindo o embaixador… Mentira, como agora se sabe; porém, o próprio presidente, a sua secretária de Estado Hillary Clinton, a sua embaixadora Susan Rice, o seu porta-voz Jay Carney, e outros na administração, durante semanas repetiram essa mentira, de que o ataque não fora planeado, que não tinham informação sobre possíveis ataques, que não tinham recebido pedidos de reforço da segurança…
Tudo isto existe (ou existiu, aconteceu), tudo isto é triste, e tudo isto não tinha de ser o «fado» da política norte-americana, desta campanha e deste debate. Mas foi, é, e há que reconhecê-lo. No entanto, há quem tenha escolhido destacar daquele um outro momento mais… «importante». Concretamente, o de quando Romney se referiu aos «binders (arquivos, ficheiros) full of women». Decididamente, para alguns, nunca nada do que o ex-governador do Massachusetts – e qualquer republicano em geral – possa dizer ou fazer será positivo. É «preso por ter cão» e «preso por não o ter»! Então em vez de o elogiarem, de o louvarem, por ter tomado a iniciativa de procurar e de contratar mulheres competentes e qualificadas para o seu gabinete em Boston, contestam-no por causa da expressão que utilizou… e que corresponde exactamente, prosaicamente, ao que aconteceu? Uma medida concreta de (tentativa de) diminuição das «desigualdades de género», que supostamente deveria agradar aos «progressistas de trazer por casa», é desvalorizada por não ser protagonizada pela «pessoa certa», e reduzida como que à condição de «piada de mau gosto» que «denuncia» o alegado «pouco respeito» que Romney e o GOP têm pelo «belo sexo». Enfim, é a «guerra às mulheres» que assim continua… em prejuízo dos «burros» que, por este andar, e a continuarem a insistir em insignificâncias (outra foi a do «Big Bird», o «Poupas» da «Rua Sésamo»), arriscam-se a perder e por larga margem.
Se querem escolher e destacar verdadeiras gaffes cometidas no segundo debate, que tal a de Barack Obama a dizer que um baixo preço de gasolina é sinal de uma má economia? Ou a de que – ecoando, mais uma vez, o «complexo de Messias» inerente ao seu culto da personalidade – ele terá, pela oração, recuperado, e curado, um jovem ferido? Não convém, pois não? Tal como não convém informar, divulgar, que nos três debates até agora realizados - «coincidência», claro! – os candidatos republicanos falaram menos tempo e foram mais vezes interrompidos (pelos opositores e pelos «moderadores») do que os seus congéneres democratas. Talvez porque - como ridiculamente sugeriu o chefe de Candy Crowley na CNN tentando desculpabilizar a sua colega - Barack Obama é mais lento a falar e, logo, diz menos palavras do que Romney… Estará a chamar «preguiçoso» ao presidente? «Racista»!
Também em Portugal se deu destaque ao ataque – a tiro! – a uma das delegações da campanha democrata. Todavia, não me parece que alguma vez tenham falado de incidentes semelhantes envolvendo instalações republicanas, nem vi, até ao momento, qualquer referência às (muitas) ameaças de morte contra o governador, e de motins, caso ele ganhe a eleição. Soube-se disto em Portugal sem ser no Obamatório? E quem é que soube, sem ser aqui, que houve «jornalistas» na Universidade de Hofstra que aplaudiram Barack Obama numa «sala ao lado», tal como Michelle no próprio auditório, assim desrespeitando as regras? Recuando mais um pouco no tempo, quem é que sabe que no tão «respeitável» New York Times há o hábito de enviar textos para a Casa Branca a fim de se obter «aprovação prévia»? Que na NBC há já uma «tradição» de editar vídeos enviesadamente? Que a CNN «revelou» que os economistas apoiam «relutantemente» Mitt Romney numa proporção de três para um? Estes são apenas alguns, poucos, exemplos, dos muitos, dezenas, quiçá centenas possíveis, que vêm sendo acumulados há décadas, e que o Media Research Center diligentemente tem descoberto, exposto e denunciado. Contudo, a situação nunca esteve tão má como agora. Para Patrick Caddell, consultor eleitoral democrata que trabalhou para George McGovern, James Carter e Gary Heart, o problema já não é «apenas» de bias mas sim de um autêntico comportamento criminoso que põe em causa o futuro do país; os media tornaram-se inclusivamente num «inimigo do povo americano».
Sim, os media mentem, imediatamente ou posteriormente, por acção ou por omissão, mas nem sempre é deliberadamente, maliciosamente. Por vezes é por ignorância ou por estupidez. Assim como houve gente capaz de acreditar que Mitt Romney queria abrir as janelas de aviões, também há os que acreditam que ele dançou «Gangnam Style» na convenção republicana. Claramente, não costumam ver «The Tonight Show» com Jay Leno nem sabem as brincadeiras que, com recurso à manipulação de imagens, regularmente se fazem por lá… Porém, e pelo menos, essas manipulações, por serem humorísticas, não são eticamente reprováveis.