quinta-feira, 16 de agosto de 2012

«R & R»

A candidatura do Partido Republicano à eleição presidencial de 2012 vai ser mesmo feita sob a sigla «R & R», quase como se significasse «Rock & Roll»… Porém, a escolha para «vice» de Mitt Romney recaiu não em Condoleeza Rice ou em Marco Rubio mas sim em Paul Ryan. O que constitui(u) para mim, pelo menos inicialmente, uma leve desilusão…
… Mas não porque o congressista do Partido Republicano pelo Wisconsin seja má pessoa, mau candidato, sem qualidades pessoais e profissionais, sem qualificações para ser vice-presidente e, eventualmente, presidente dos Estados Unidos da América. Muito, muito pelo contrário! Paul Ryan é, sob todas as perspectivas, humanas e políticas, simplesmente excepcional. No entanto, o seu alto conhecimento, as suas elevadas competências em assuntos e matérias fiscais, orçamentais e económicas torna(va)m-no, sim, uma opção perfeita para secretário do Tesouro – isto é, e em termos europeus, para ministro das Finanças. A consistência e a coragem com que tem denunciado e demonstrado o excessivo endividamento do país e a necessidade de serem adoptadas, urgentemente, medidas decisivas e efectivas para diminuir esse endividamento – medidas que ele tem proposto – tornaram-no, de facto, o grande especialista, e a grande referência, dos conservadores norte-americanos neste domínio fundamental. E, sem surpresa, também por isso que há algum tempo se convertera num dos alvos preferidos e privilegiados da demagogia e da mentira democratas. Estes, previsivelmente, não tardaram em anunciar que iriam renovar e reforçar os seus ataques, incidindo em especial nas propostas do congressista para a reforma do Medicare.
Dito de outro modo: as «áreas de especialização» de Mitt Romney e de Paul Ryan são, practicamente, as mesmas. São, ambos, gestores, «homens de números», com provas dadas tanto no sector público como no sector privado. A haver complementaridade entre ambos, ela será «apenas» geracional. Ryan servirá para convencer, para consolidar e para motivar – o que já não é pouco – a base eleitoral do GOP, mas, à partida, pouca ou nenhuma capacidade terá para alargar (significativamente) aquela base, para «entrar em territórios» independentes e mesmo democratas, para apelar a outros segmentos – étnicos e/ou ideológicos – da população norte-americana, para oferecer outras capacidades e outras experiências distintas das de Romney. Marco Rubio, Condoleeza Rice e até David Petraeus poderiam, precisamente, proporcionar isso.
Todavia, estas são conjecturas, hipóteses, previsões, susceptíveis de serem desmentidas (ou confirmadas) no decorrer da campanha eleitoral. Aguardemos, pois, pelo que vai acontecer. E em especial pelo debate que os candidatos a vice-presidente vão realizar a 11 de Outubro, em Danville, no Kentucky. «Pobre» Joe Biden! Ele até sabe o que o espera. Vai ser penoso – hilariantemente penoso – vê-lo definitivamente demolido e destroçado… intelectualmente, claro. Não que seja algo difícil… 

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