quinta-feira, 1 de novembro de 2012

«Frankenstorm»

(Três adendas no final deste texto.)
Neste ano o Halloween, o «Dia (e Noite) das Bruxas» nos Estados Unidos da América, não proporcionou propriamente uma festa, uma celebração em toda a nação, porque aconteceu em simultâneo com um susto a sério, enorme, e que provocou muitos mortos. Mais do que monstros de brincadeira, vampiros, lobisomens e fantasmas a fingir, o que houve desta vez foi uma tempestade «perfeita» e monstruosa – o furacão Sandy, que atingiu a costa leste do país e que não tardou a receber a alcunha de «Frankenstorm».
Compreensivelmente, as campanhas eleitorais para a presidência dos EUA, tanto por parte de democratas como de republicanos, foram suspensas durante algum tempo – com a excepção, nomeadamente, de Michelle Obama… Porém, esta pausa forçada não significou que não existissem alguns aproveitamentos político-partidários, ideológicos, da calamidade. A começar, claro, por Al Gore, que não deixou de… alegar que o furacão é uma consequência, e uma prova, do «aquecimento global», no que foi secundado por «eminências da ciência» como Cenk Uygur, Chris Matthews e Martin Bashir… O que não é de surpreender, tal como a exaltação da destruição por parte do (que resta do) movimento Occupy Wall Street.
Para além do oportunismo dos charlatães do clima (que parecem «esquecer» que existiram tempestades, e piores, no passado), houve inevitáveis – e até normais – demonstrações de calculismo em relação à eleição da próxima semana: especulações sobre se o Sandy afectaria ou não a eleição, e, se sim de que modo; se poderia até causar o adiamento do próprio acto eleitoral… E, dos «suspeitos do costume», vieram as previsíveis acusações a Mitt Romney, mas que, aliás, seriam dirigidas a qualquer republicano na sua posição: a da sua suposta desvalorização dos auxílios governamentais federais de emergência – para a esquerda esta «Frankenstorm» foi mais uma «prova» de que o «grande governo» é necessário; e, para cúmulo, a da suposta irrelevância, e mesmo falsidade, da ajuda aos afectados e desalojados que o governador e a sua equipa de campanha prestaram!      
Para Barack Obama este furacão providenciou mais uma oportunidade a Barack Obama para parecer «presidenciável» - e bem que ele tem precisado dessas oportunidades… No entanto, comentadores como Charles Krauthammer não deixaram de notar, correctamente, que o Nº 44 não se comportou da mesma maneira aquando – e a propósito – do ataque em Benghazi. Mais: se foi divulgada agora uma fotografia da «sala da situação» a monitorizar o Sandy, porque não foi divulgada uma antes a mostrar a reacção – ou a falta dela – da administração ao atentado terrorista que matou quatro norte-americanos, incluindo o embaixador na Líbia? Estes, ao contrário das vítimas da tempestade, foram «deixados para trás», e – os indícios nesse sentido acumulam-se crescente e inquietantemente – de uma forma consciente e deliberada, quiçá criminosa. Todavia, e como salientou Jonah Goldberg, ao menos o Sr. Hussein não atribuiu a culpa pelo furacão a um vídeo; nem (digo eu) a George W. Bush…
Outro aspecto positivo da tragédia, sem dúvida menor mas algo significativo: Samuel L. «votei em BHO porque ele é negro» Jackson, que desejou em Agosto último que o furacão Isaac devastasse Tampa e destruísse a convenção republicana, desta vez (porque será?) não se pronunciou.
(Adenda - Aqueles que, «ingenuamente», acreditam que o furacão Sandy possa ter beneficiado Barack Obama provavelmente ainda não sabem, ou não querem saber, das notícias e das imagens de filas para abastecimento de combustível (a fazerem lembrar os tempos de Jimmy Carter) e, o que é pior, as de violência, morte e miséria, mesmo que momentânea (gente a procurar comida em contentores de lixo!))
(Segunda adenda - Nova Iorque depois do Sandy começa a parecer-se com o Louisiana depois do Katrina? Algo que os dois Estados têm em comum: governadores democratas aquando das respectivas calamidades.)
(Terceira adenda - Michael Bloomberg, que deu o seu apoio a Barack Obama em especial pela posição do actual presidente sobre o «aquecimento global», diz que o «frio é o próximo grande problema para nós». De notar que ainda se está no Outono... ah, a ironia!)  

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