quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Linhas vermelhas de sangue

(Duas adendas no final deste texto.
Por causa da incompetência e da inconsciência criminosas – repito-o, criminosas - de Barack Obama e de todos os que o rodeiam, a partir de hoje, 11 de Setembro de 2013, lembra-se e lamenta-se não apenas os atentados de 11 de Setembro de 2001 mas também o atentado de 11 de Setembro de 2012. Todos foram cometidos em território dos EUA: em Nova Iorque, Washington e Shanksville, há 12 anos; e no consulado de Benghazi, na Líbia, há um. 
O mais triste, o mais terrível, é a sensação, a ideia, e até mesmo a certeza, de que todas as lições, todos os ensinamentos, tudo o que se melhorou, corrigiu, aperfeiçoou – em termos de prevenção, de coordenação, de (re)acção – depois daquele fatídico dia do segundo ano deste século e milénio foi perdido, desperdiçado, corrompido, estragado, pela actual administração, mais preocupada em «parecer bem», em pedir desculpa por supostos «crimes» e «erros» do seu país do que em assegurar a segurança dos seus cidadãos em todas as ocasiões e circunstâncias. Desvalorizar ameaças, avisos, palpites, sinais, tornou-se práctica corrente na Casa Branca. E não foi só no ano passado em Líbia; pode dizer-se que o mesmo aconteceu este ano em Abril, em Boston, e em 2009, em Fort Hood. Porém, o que aconteceu em Benghazi foi particularmente grave porque foi como que «anunciado». Recordemo-lo: antes do ataque, (vários) pedidos de mais e melhor segurança foram feitos pelo embaixador Christopher Stevens; durante, foi pedida ajuda a Washington, que não foi enviada – e quatro homens morreram; depois, a actual administração mentiu quanto à causa do ataque, atribuindo a culpa a um filme colocado no YouTube (cujo realizador continua preso na Califórnia!) e que teria causado «protestos». Tudo para que não ficasse (ainda mais) em evidência a outra mentira – a de que a Al Qaeda estava derrotada, destruída, depois da morte de Osama Bin Laden; e, consequentemente, para que a reeleição do Sr. Hussein não fosse (muito) prejudicada – o que, de facto, e infelizmente, aconteceu.
Um ano depois, e apesar das promessas feitas nesse sentido, nenhum dos culpados foi capturado e presente à justiça – embora um deles já tenha dado entrevistas aos media norte-americanos, e haja alegações de que os atacantes de Benghazi treinaram «colegas» na Síria; ainda não é permitido aos sobreviventes serem visitados e questionados por congressistas e jornalistas – John Kerry «renovou» a proibição que havia sido decidida pela sua antecessora (porque será?) – e prestarem depoimentos públicos; os funcionários do Departamento de Estado «castigados» pelas suas… insuficiências neste caso já foram reintegrados, enquanto Gregory Hicks, Nº 2 de Chris Stevens em Tripoli, que, ele sim (com outros dois colegas), depôs – corajosamente – perante o Congresso, queixa-se de ter sido punido. Entretanto, dá-se o colapso da estrutura para os negócios estrangeiros dos EUA… Prova adicional de que a Al Qaeda não representa uma ameaça «menor» – e muito menos «inexistente» - foi dada pela «vaga» de encerramentos de embaixadas e de consulados ocorrida em Agosto, na sequência de alertas para eventuais atentados – algo que não foi inédito, mas que nunca antes tinha atingido uma tal dimensão. Com Barack Obama os EUA «encolheram-se» como nunca antes se tinham «encolhido» - os inimigos não só não passaram a gostar da pátria de Abraham Lincoln como perderam (grande parte d)o medo que antes lhe tinham…
… E a grande, enorme «trapalhada» relativa à Síria mais não fez do que «amplificar» e «consolidar» esse colapso. Já abordei a situação anteriormente, mas justifica-se um resumo actualizado: no seguimento da transposição da «linha vermelha» (utilização de armas químicas) estabelecida pelo Nº 44, John Kerry faz uma intervenção apaixonada apelando a um ataque imediato… e vem Barack Obama dizer que vai remeter a decisão ao Congresso. O presidente dá entrevistas a várias televisões e prepara-se para fazer um discurso à nação justificando o ataque… mas o seu secretário de Estado, respondendo uma pergunta de uma jornalista, alvitra que se o governo da Síria entregar, no prazo de uma semana (mais uma «linha vermelha») à «comunidade internacional» todas as suas armas químicas («oferta» que alguém na administração considerou uma «major goof»)… então não haverá um ataque… que, a acontecer, seria «inacreditavelmente pequeno». Vladimir Putin, que não é, ao contrário do seu homólogo dos EUA, um amador, aproveita logo e apela ao seu aliado de Damasco para aceitar… o que acontece – no próprio dia do discurso de Obama a apelar e a justificar um ataque! A acontecer um tal acordo de «entrega e verificação» de armas químicas por parte do governo sírio, tal acontecerá sob a égide das Nações Unidas… organização que o Sr. Hussein desvalorizou, e caricaturou, como sendo dada a manobras de prestidigitação - «hocus pocus». Conclusão: Bashar al-Assad mantém-se no poder e o presidente da Rússia «sai por cima» desta situação – é o incontestado vencedor deste «jogo de xadrez geopolítico», por mais que alguns «yes (wo)men» clamem que foi uma victória do seu «querido líder».
Espero para ver se alguém em Portugal tem suficiente descaramento para falar/escrever novamente sobre a «competência» desta administração e os seus «sucessos» em matérias de diplomacia e de defesa. Na verdade, tudo isto foi, é, ridículo, dá (alguma) vontade de rir… mas o assunto é sério. Muito sério. E triste, quanto mais não seja, em última análise, porque acontece, porque culmina, na véspera de mais um aniversário do 11 de Setembro, com mais um discurso redundante de Barack Obama que confirma a perda de poder e de prestígio dos EUA, e em que ele, para não variar, e mais uma vez, mentiu.
As verdadeiras linhas vermelhas… de sangue estiveram lá, nas paredes de Benghazi. Ao contrário do que alguns disseram e desejaram, o atentado de há um ano não desapareceu nem desaparecerá. Nem a Síria nem qualquer outro tema distrairá do que aconteceu na Líbia em Setembro de 2012. E Hillary Clinton que não pense que os «fantasmas» daqueles que abandonou não voltarão – durante a sua (mais do que provável) campanha presidencial, ou até antes – para a assombrar. Os gritos não exorcizarão a sua culpa. Porque quatro cadáveres (e bastava um...) fazem, mesmo, a diferença.
(Adenda – David Burge, incisivo e sucinto como habitualmente, contabiliza os minutos de silêncio pelas vítimas do 11 de Setembro… as de 2001 e as de 2012.)
(Segunda adenda – Quase 12 anos depois do início da intervenção armada dos EUA no Afeganistão, feita em resposta aos atentados de 11 de Setembro de 2001, verifica-se que 73% das mortes de soldados norte-americanos naquele conflito ocorreram desde que Barack Obama é presidente. Tal como em relação à ameaça de ataque à Síria, e ao contrário do que aconteceu durante a «era Bush», os esquerdistas «pacifistas» mantêm-se calados (que nem ratos?) sobre este assunto. Entretanto, há a informação de que a CIA já iniciou a entrega de armas aos opositores de Bashar al-Assad, sobre os quais há vários relatos (confirmados) de intolerância e de crueldade, e não só contra cristãos. Aparentemente, a actual liderança de Washington não aprendeu com as experiências – e os erros – anteriores.)  

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