quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Blá-blá-blá de Blasio

(Duas adendas no final deste texto.)
A 5 de Novembro de 2013 os cidadãos de Nova Iorque não elegeram apenas o primeiro mayor (presidente de câmara) militante do Partido Democrata dos últimos 20 anos, e por 73% dos votos! Também confirmaram que uma parte considerável do eleitorado norte-americano continua perigosamente afectado pela ignorância, pela irresponsabilidade e pela superficialidade – expressa igualmente numa abstenção também próxima de 75% naquela cidade. Tal como aconteceu com as victórias (de 2008 e de 2012) de Barack Obama, a de Bill de Blasio (cujo nome verdadeiro é Warren Wilhelm) representa o triunfo do estilo sobre a substância, da cor da pele sobre o conteúdo do carácter - isto é, a negação da «doutrina King». O presidente do país ganhou (duas vezes) principalmente porque é negro; o novo mayor de NY ganhou principalmente não porque é branco mas sim porque tem uma família bi-racial – é casado com uma negra e tem dois filhos mestiços…   
… E é melhor que seja essa a explicação, porque a alternativa é bem pior: os nova-iorquinos decidiram que queriam um comunista a dirigi-los. Porque é isso que Bill de Blasio é: um comunista. Não apenas por ter estado na Nicarágua a apoiar os sandinistas e em Cuba a gozar a lua-de-mel (depois trabalhou para Bill e Hillary Clinton). Também porque, já distante de eventuais e efémeros «devaneios de juventude», no seu discurso político actual, imediatamente antes e depois de ter sido eleito, ecoam pensamentos marxistas…. E, não, não estou a referir-me aos irmãos Chico, Groucho e Harpo mas sim ao «primo» Karl. O novo mayor já afirmou, mais do que uma vez, que o seu principal objectivo será o de acabar com as «desigualdades económicas e sociais» que «ameaçam» (?!) Nova Iorque, e que para isso vai seguir uma «nova direcção progressista».  
A cerimónia da sua tomada de posse, realizada no início de Janeiro, foi um espectáculo deplorável, mais típico de outra época… ou de outro país. Para se aferir o quanto foi mau basta dizer que até o New York Times a criticou! Não faltou um fossilizado Harry Belafonte a protagonizar mais um gerontocrático embaraço e a acrescentar a «racial» à lista das supostas «desigualdades»; outro convidado, o «reverendo» Fred Lucas Jr., (des)classificou a cidade como sendo uma «plantação»; e, talvez como acto simbólico inicial a marcar a futura política de «redistribuição de riqueza», a Bíblia de Franklin Delano Roosevelt sobre a qual Bill de Blasio fez o juramento desapareceu durante algumas horas… Enfim, foi uma demonstração de deselegância e de má educação – em especial para com o antecessor Michael Bloomberg, mas não só; ou, como Jake Tapper comentou, foi uma inauguração marcada pelo «partidarismo (ou facciosismo) amargo e por um tom de exclusão». Que seria confirmado – e agravado – um mês depois no «discurso do Estado da Cidade» em que BdB elencou os componentes fundamentais da sua utopia, que inclui o aumento generalizado dos salários dos funcionários públicos e a concessão de documentação a todos os imigrantes ilegais; a abertura de (mais) clínicas de aborto e o fecho de centros de (apoio à) gravidez; e ainda a contribuição «desinteressada» de ex-presidiários na definição das políticas de segurança de Nova Iorque.   
Na verdade, o que é que poderá correr mal? Sinceramente, haverá mesmo motivo para alarme? Afinal, qual é o «problema» de a metrópole mundial por excelência do capitalismo e da alta finança ter como principal autarca alguém que admite não ser a favor do mercado livre e acredita na «mão pesada do governo»? Que já avisou que vai – ou que quer – aumentar (muito) os impostos aos ricos para financiar vários (novos) programas sociais, em particular programas de educação pré-escolar? Que concordou, e reforçou, as (execráveis) declarações de Andrew Cuomo de que conservadores, portadores de armas, pró-vida e pelo casamento tradicional não têm lugar no Estado (e na cidade) de Nova Iorque? E que, ao contrário do governador estadual, não se arrependeu nem lamentou essas declarações, chegando a confessar – ao menos não é hipócrita -  que «não se deve entrar em maluqueiras com esta ideia de diversidade»… isto a propósito da hipótese (muito remota…) de a sua administração contratar republicanos…
Em «contrapartida», as pessoas que efectivamente integram o seu círculo mais próximo de amigos, aliados, assessores e amanuenses denotam uma elevada «diversidade»… nos tons de vermelho. Por exemplo, há Laurie Cumbo, que explica a ocorrência do denominado «knockout game» como o resultado de uma «preocupação genuína» com a influência judaica; Melissa Mark-Viverito, que foi presa em 2011 quando, ao participar no «Occupy Wall Street», resolveu ajudar a bloquear o trânsito na Ponte de Brooklyn – antes, em 2009, foi à Bolívia trabalhar na campanha eleitoral de Evo Morales; Inez Barron e Margaret Chin, admiradoras de Fidel Castro, Robert Mugabe, Muammar Khaddafi e Mao-Tse-Tung.  Uma galeria de «ídolos do proletariado» à qual quase só falta Che Guevara, cujo (icónico) rosto adorna a camisa que Bill de Blasio afirma usar só aos fins-de-semana…      
Rudy Giuliani, ante a perspectiva de ser destroçado todo o seu legado, está, compreensivelmente, (muito) preocupado. Peggy Noonan acusa BdB de ser um divisor, e não um unificador. Ann Coulter vai avisando que os índices de criminalidade vão aumentar drasticamente. Mas Christopher Bedford acredita que ainda vai levar algum tempo até de Blasio conseguir destruir a cidade, e George Will calcula que dentro de três anos os nova-iorquinos se vão arrepender e exigir o regresso à era pré-de Blasio. Talvez não seja preciso tanto tempo… Na verdade, vários dos seus camaradas democratas não parecem ser grandes entusiastas dos extremismos demográficos, fiscais e pedagógicos do mayor, de entre os quais se destaca… Andrew Cuomo, provavelmente perturbado por estar a perder o protagonismo entre os «progressistas» da «Grande Maçã». E há mais… BdB já anunciou que não irá integrar (a 17 de Março próximo) a tradicional marcha anual em honra de São Patrício por os organizadores daquela não permitirem a participação de grupos LGBT – nunca é boa ideia irritar os irlandeses e/ou descendentes de irlandeses em Nova Iorque. Reiterou repetidamente, antes e depois de ser eleito, a vontade de acabar com os (populares) serviços turísticos de passeios por carruagens com cavalos, alegando que se trata de maus-tratos a animais – mas há quem aponte para outro motivo, o interesse de Steve Nislick, promotor imobiliário e apoiante de Blasio, nos estábulos… para os transformar em lucrativos prédios de apartamentos. E a recente «resposta», ou falta dela, das autoridades municipais às sucessivas e intensas ondas de frio e quedas de neve, que incluiu uma deficiente e desigual limpeza nos diferentes bairros da cidade e a decisão de manter as escolas abertas, originou várias e veementes críticas.
O blá-blá-blá de Bill de Blasio é preocupante por poder configurar uma «cultura de intimidação» (típica, aliás, dos democratas), por prenunciar uma passagem das palavras (ameaçadoras) aos actos (prejudiciais). Seria de esperar que os nova-iorquinos (e não só) já tivessem aprendido a lição – sobre o que acontece quando certas pessoas têm acesso ao poder. Porém, e aparentemente, a memória é curta junto à foz do rio Hudson.
(Adenda – Alguém poderá ficar verdadeiramente surpreendido por Bill de Blasio ser mais um hipócrita adepto do «faz o que digo mas não o que faço»? Esta semana, depois de participar numa iniciativa sobre segurança rodoviária, foi «apanhado» em excesso de velocidade e a passar sinais vermelhos. O seu mandato tem tido um início «hilariante e horrífico» e provavelmente vai continuar assim. Entretanto, em Portugal há quem pareça estar iludido pela excessiva «hospitalidade» do novo mayor.)
(Segunda adenda – Entretanto, e como que em «compensação» pela – extrema – viragem à esquerda em Nova Iorque, no outro extremo dos EUA, na Califórnia, São Diego tem um novo, e republicano, mayor: Kevin Faulconer.       

2 comentários:

Fernando disse...

“We are in a gigantic financial asset bubble,” warns Swiss adviser and fund manager Marc Faber. “It could burst any day.”

Faber doesn’t hesitate to put the blame squarely on President Obama’s big government policies and the Federal Reserve’s risky low-rate policies, which, he says, “penalize the income earners, the savers who save, your parents — why should your parents be forced to speculate in stocks and in real estate and everything under the sun?”

Fernando disse...

Isto precisa mesmo de ser sabido:

Team Obama’s Federal Communication Commission Wants to Deploy Agents to Radio Stations & Newsrooms Across the Country to Learn How & Why Stories Are Selected