domingo, 9 de março de 2014

Forças (des)armadas

(Uma adenda no final deste texto.)
Poderá ter sido mais do que uma coincidência? Cerca de 48 horas depois de Chuck Hagel ter anunciado uma redução do número de efectivos das forças armadas dos EUA, a Rússia avançou para a Crimeia. Como se quisesse dizer: «Eles vão ser menos, logo nós não temos medo»…
Porém, nem russos, chineses ou outros declarados (ou não) rivais dos EUA precisam de se preocupar (muito) com um potencial confronto com o Pentágono… porque os próprios (ir)responsáveis governamentais estão a tratar, internamente, de minar a operacionalidade e a moral militares. A «transformação fundamental» prometida por Barack Obama passa também pela defesa. E as mudanças mais significativas já introduzidas não são tanto (ainda) ao nível quantitativo mas sim ao nível qualitativo. O Partido Democrata está a enfraquecer – deliberadamente? – a melhor, mais sofisticada, mais poderosa estrutura mundial, tornando-a num espaço onde impera o «politicamente correcto». Onde agora predomina a apologia da causa LGBT e a afronta ao cristianismo. Onde se contemporiza com muçulmanos e se apontam compatriotas de direita como inimigos. 
Os exemplos têm-se sucedido desde a tomada de posse do Nº 44. Em Junho de 2012 o Departamento de Defesa organizou pela primeira vez o seu próprio evento de «orgulho gay», com mensagens especiais do presidente e do então secretário da Defesa Leon Panetta; na capela da Academia de West Point já se celebram «casamentos» entre pessoas do mesmo sexo… e quem ousar criticá-los arrisca-se a ser punido pela sua eventual comandante lésbica; na base aérea de Kadena, no Japão, já se organizam espectáculos de travestis em apoio dos LGBT’s em uniforme. Entretanto, o Pentágono anunciou que levaria a tribunal marcial os militares cristãos que «promovessem» a sua fé, e para a prisão os sacerdotes que prestassem serviço durante o último «fecho governamental»… decisões, provavelmente, resultantes da – bizarra – associação do DdD com o extremista anti-religioso Mike Weinstein; e presépios foram retirados de pelo menos duas bases, a de Guantánamo e a de Shaw. Neste contexto, (quase) não surpreende que no ano passado se soubesse não de um mas sim de dois casos em que entidades dentro do exército classificaram cristãos e/ou direitistas como potenciais perigosos extremistas; o que «justificará», por sua vez, que um sargento tenha sido proibido de ler livros de autores como David Limbaugh, Mark Levin e Sean Hannity…        
… Porque, provavelmente, aqueles famosos conservadores são exemplos dos «homens brancos, heterossexuais e cristãos» que são criticados num recente manual de treino militar como sendo (injustamente) privilegiados. Em outro manual, específico para os soldados colocados no Afeganistão, aqueles são aconselhados a não defenderem naquele país os direitos das mulheres, a não criticarem a pedofilia e os talibans. Estes, ou os seus simpatizantes, podem por sua vez insultar militares norte-americanos mortos em acção em frente aos seus familiares e camaradas… o que aconteceu numa cerimónia fúnebre realizada em 2011 na base de Bagram, em Kabul; igualmente ofensiva foi a decisão, por parte do Departamento de Defesa, de não atribuir, postumamente, condecorações – cruzes púrpura – aos militares mortos em Fort Hood pelo terrorista infiltrado Nidal Hasan em 2009. Afinal, há agora prioridades maiores do que homenagear devidamente os que caíram em combate… tais como, na Marinha, fazer das «alterações climáticas» um princípio orientador, o que inclui gastar dezenas de milhões de dólares em «combustível biológico» de qualidade duvidosa. E, além de «verde», o Pentágono não se importa de ficar «vermelho»: não se compreende a «lógica» nem as vantagens de os EUA decidirem recorrer a um satélite chinês para realizar (parte das su)as comunicações militares!
As «novas forças (des)armadas» norte-americanas encontraram em Chuck Hagel, mais do que em Robert Gates ou em Leon Panetta, o seu representante ideal. Há todos os motivos para desconfiar e duvidar de alguém que é elogiado por notórios anti-semitas como Ahmed Yousef (conselheiro do Hamas) e Louis Farrakhan… talvez porque gostaram de saber que o ex-senador republicano concorda(va) que os EUA são como que o «rufia do Mundo» e que acredita(va) que Israel controla(va) o Departamento de Estado – apenas duas de várias opiniões e posições polémicas que Hagel assumiu ao longo dos anos, incluindo em iniciativas organizadas por grupos de pressão árabe-americanos. Apesar da oposição dos senadores do GOP à nomeação, expressa na respectiva audiência no Capitólio, e em que se destacou Ted Cruz, ele foi mesmo confirmado. Pouco mais de seis meses depois, Bill O’Reilly pediu a demissão do secretário de Defesa por este não ter assegurado o pagamento, aquando do shutdown, de benefícios a familiares de militares mortos.
Barack Obama já deu a entender, mais do que uma vez, que, qual rei ou imperador, considera as forças armadas como sendo algo seu. E, segundo diversos comentadores e especialistas, será esse sentimento de posse que o leva a proceder naquelas a «experiências sociais radicais» (que fazem dos soldados «ratos de laboratório»), «purgas» e mais «purgas», e até mesmo uma «operação de demolição». A manipulação e a perversão são de tal ordem que há quem fale que está em vigor uma nova directiva «Don’t Ask, Don’t Tell»… mas revertida.
(Adenda – Mike Weinstein «voltou a atacar»: agora conseguiu que a academia da força aérea norte-americana removesse um verso da Bíblia do quadro branco de um aluno! É (mais) um exemplo de um (inadmissível) abuso sobre um indivíduo que, se continuar a ser repetido, pode degenerar em más condutas que afectam toda (um)a instituição. Como foi o caso da equipa dos Navy Seals abatida em 2011 devido em grande parte à negligência da actual administração, o que está hoje mais do que comprovado.)   

2 comentários:

Fernando disse...

Immigration change gives legal status to undocumented relatives of US military

"I don't want to overstate it, but it sounds very similar to imperial decree if you ask me,"

Lura do Grilo disse...

Magnífico. Como eu costumo dizer o furacão Katrina foi menos letal que o Obama