sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Figuras tristes, e até aterradoras

(Uma adenda no final deste texto.)
Aqui no Obamatório já me referi muitas vezes à ignorância, e mesmo à «espectacular» estupidez, de muitas ditas «estrelas» das artes e do entretenimento dos EUA mais inclinadas à esquerda, que, não contentes em assumir a sua concordância e o seu apoio a conceitos e a políticos «progressistas», vão mais além e insultam os que ideologicamente estão no campo oposto – assim correndo o risco de alienar metade (ou mais) da sua audiência. Seria de esperar, se fossem pessoas sensatas, que, perante o desastre que tem sido a presidência de Barack Obama (mas que para eles, lá está, tem sido um sucesso), se tornassem mais comedidos e mostrassem, até, algum arrependimento. Porém, vários não só não fazem isso como insistem em regurgitar as mesmas frases feitas, em reincidir nas mesmas atitudes. Como zombies que, hoje, dia de Halloween, têm a sua grande festa anual. Na verdade, as figuras que fazem são tristes, e até aterradoras…
… Embora em géneros e em estilos «literários e cinematográficos» diferentes. «Múmias» cantantes como Barbra Streisand, que acredita que os EUA «avançaram» com Barack Obama e que apela a que se façam donativos ao Partido Democrata, e Graham Nash, que vitupera os irmãos Koch, não estão propriamente ao mesmo nível de jovens «diabretes» como Kristen Stewart, que exprime simpatia por terroristas, e Lucas Neff, que se sente indignado por – na sequência de mais um ataque armado a uma «zona livre de armas» (uma escola) – os cidadãos cumpridores da lei não se desarmarem e assim ficarem à mercê de criminosos. Entretanto, há um tema – ou causa – que une, sem surpresa, «artistas» liberais de todas as idades e de todas as proveniências, que é… o «aquecimento global» - habituados a viver em boas casas climatizadas, provavelmente nem se aperceberam do frio que se fez sentir no início de Setembro… Ler e ouvir o que pensam e dizem, entre outros, Neil Young (ex-companheiro de Nash nos Crosby, Stills, Nash & Young, acredita que se deve combater as «alterações climáticas» em vez do ISIS), Alec Baldwin, Mark Ruffalo (ambos apelam ao enfraquecimento, e mesmo à destruição, das empresas de exploração de petróleo e de carvão), Emma Thompson, Bette Midler (que, depois do «Verão mais quente de sempre» em 2014, receia que os próximos Jogos Olímpicos, e não os de Inverno, se realizem na Antárctica), Woody Harrelson (que, a mando do bilionário Tom Steyer, mandou-se contra os bilionários irmãos Koch) e Leonardo diCaprio (que desfila em Nova Iorque a favor de tudo o que é «verde» e sustentável depois de passear em aviões e iates privados), provoca arrepios, que são de susto e não por uma súbita descida de temperatura…
Vários «ídolos» ainda têm Barack Obama como ídolo: Gwyneth Paltrow, que está a atravessar um processo de divórcio, recebeu o presidente em sua casa para uma angariação de fundos e disse na ocasião que ele «é tão atraente que não consigo falar como deve ser» e ainda que «seria maravilhoso se fôssemos capazes de dar a este homem todo o poder de que ele precisa para passar as coisas que ele precisa de passar»; Stephen King, demonstrando que tem sempre uma imaginação delirante, acredita que o Sr. Hussein tem feito um «terrific job» - embora a palavra «terrífico» tenha em Português um sentido diferente e mais consentâneo com a realidade. Uns, como Ben Affleck, recusam-se a aceitar a geral, intrínseca e indesmentível maldade do Islamismo, mesmo que tal seja afirmado por… Bill Maher; e outros, como Michael Moore, quais obsessivos-compulsivos, não resistem em atribuir a culpa por todas as calamidades – agora, é a ébola – aos «suspeitos do costume», isto é, ao GOP, à NRA e a Wall Street…
… Enquanto George R. R. Martin, que partilha com o realizador de «Bowling for Columbine» semelhanças em pelo facial e em envergadura, não só não se arrependeu de (ou não aprendeu com) um anterior surto de sectarismo como decidiu reincidir, organizando e participando (n)uma festa de angariação de fundos para o senador democrata Udall – não o Mark, do Colorado, mas sim o irmão Tom, do Novo México; presume-se que o feliz contemplado com o prémio de conhecer pessoalmente Martin e Udall terá de apresentar um cartão de identificação com fotografia para viajar e se hospedar para/em Santa Fé… Já um «vizinho» (mais ou menos...) de Martin no campo da fantasia épica, Viggo Mortensen, não se lembrou de melhor para fazer ao promover o seu novo filme do que… atacar um canal de televisão que, eventualmente, até poderia estar disponível para lhe dar algum «tempo de antena»: aparentemente, ele não precisa da Fox News, que (des)classifica de «mentirosa», «banal» e «manipulativa»…
… Uma opinião partilhada por John Cleese, que se deu ao trabalho de produzir e protagonizar um vídeo em que afirma que os trabalhadores (e os espectadores?) da estação fundada por Roger Ailes são «pessoas extremamente estúpidas» que não se apercebem que o são – sem, obviamente, apresentar quaisquer exemplos que confirmem essa «tese». O membro dos Monthy Python não é, aliás, o único britânico que, algo insolitamente, decide atacar aquele (um entre centenas) órgão de comunicação social norte-americano: Russell Brand, que já perdeu Katy Perry e está também em perda na «Meca do cinema», resolveu invectivar a Fox News em geral e vários dos seus rostos em particular, com destaque para Bill O’Reilly, Sean Hannity e o colectivo d’«Os Cinco»; até tentou entrar sem autorização na sede da estação em Nova Iorque, o que quase lhe valeu a prisão… Brand bem que poderia ser menos patético e fazer como o seu (mais talentoso) compatriota Benedict Cumberbatch, que optou por focar a sua indignação nas supostas discriminações e perseguições de que são vítimas os homossexuais nos EUA, e que incluem, alega ele, castrações químicas pela «extrema-direita cristã»! O que prova que se pode «vestir a pele» de Sherlock Holmes mas isso não significa que se adquira a inteligência da personagem. O melhor é ir de porta em porta a apregoar «trick or treat», a pedir gostosuras ou a fazer travessuras…
(Adenda - É o que se pode chamar de fanatismo... ou estar disponível para caminhar até ao abismo. Apesar das perspectivas eleitorais pessimistas, vários candidatos democratas podem sempre contar com o dinheiro de bastantes amigos de Hollywood. Para Alison Lundergan Grimes abriram-se as carteiras de Ben Affleck e Jennifer Garner, James Cameron, Jerry Seinfeld, Leonardo diCaprio, Nicolas Cage e Steven Spielberg. Al Franken mereceu a generosidade do seu amigo David Letterman, e ainda das de Judd Apatow, Nancy Sinatra e Ted Danson. Jeanne Shaheen teve a sua conta reforçada por, entre outros, Barbra Streisand e Ryan Murphy. E deve-se mencionar Berry Gordy e Shonda Rhimes, afro-americanos de sucesso que porfiam na permanência da «plantação» democrata, que contribuíram, e muito, para os cofres do DNC.)   

sábado, 25 de outubro de 2014

Sinais de desespero (Parte 3)

(DUAS adendas no final deste texto.)
Antes de Jon Stewart (e/ou os seus argumentistas) terem reparado nisso, já há algum tempo que vários candidatos democratas nas próximas eleições de dia 4 de Novembro, e em especial para o Senado, andavam a dar mostras de se quererem distanciar de Barack Obama… por declarações que fazem (ou não fazem), anúncios que protagonizam e até eventos de angariação de fundos em que o presidente participa a favor deles… mas a que os beneficiados não aparecem para não serem vistos ao lado do Nº 44! Sim, a situação está má a esse ponto…
… E só tem piorado à medida que a data das eleições se aproxima. Alguns deles chegam ao cúmulo de recusarem dizer se votaram no Sr. Hussein em 2008 e em 2012. Alison Lundergran Grimes, que se candidata ao Senado pelo Kentucky (e contra Mitch McConnell) e que já divulgara um anúncio (um dos mencionados por Jon Stewart) a criticar o actual presidente e a dizer que… não é ele, tem-se destacado por se recusar sistematicamente a responder àquela pergunta, por vezes repetidamente no mesmo evento; ela prefere dizer que é uma «democrata Clinton». Outras «camaradas» que têm feito o mesmo, embora de uma forma menos veemente, são: Michelle Nunn (Geórgia), que primeiro se calou mas depois confessou; Natalie Tennant (Virgínia Ocidental), que ainda não o admitiu; Jeanne Shaheen (Novo Hampshire, contra Scott Brown), que antes evitara ser vista ao lado de Obama e que preferia que ele «ficasse em Washington», num debate posterior causou o riso da assistência ao declarar que «de algumas maneiras aprovo, noutras coisas não aprovo» o trabalho que ele tem feito; já Mark Begich (Alaska) reconheceu que votou no Nº 44 mas acrescentou que isso é irrelevante porque o presidente «já não é relevante»!
Estes são casos de candidatos que participam em disputas muito equilibradas, muito renhidas, e que enfrentam uma probabilidade elevada de derrota. Porém, outros existem que ou estão mais à vontade (isto é, bem à frente nas sondagens) nas suas corridas eleitorais ou que não vão a votos no início do próximo mês mas que, mesmo assim, não se coíbem de criticar Barack Obama, por vezes com contundência. Como, por exemplo, Al Franken, que repreendeu o «comandante-em-chefe» por admitir que não havia (ainda) uma estratégia para combater o ISIS; Elizabeth Warren, que acusou Obama de ter escolhido Wall Street em vez do povo; Robert Menendez, que alertou para a inexistência de uma reacção adequada perante a invasão da Ucrânia pela Rússia; Debbie Wasserman Schultz, que, inutilmente, procura afastar os seus candidatos e as midterms do presidente. E depois há os que não são políticos a desempenhar – ou a procurar – cargos mas sim comentadores e/ou consultores: David Axelrod censurou a afirmação do seu ex-chefe de que todas as suas políticas estariam nos boletins de voto em todos os Estados – uma «oferenda» que diversas candidaturas republicanas, previsivelmente, não demoraram a aproveitar; Joe Trippi acha que Obama é um «estorvo» («drag») para os democratas e a sua presidência pode já ser considerada «falhada»; e Leon Panetta, que, tendo deixado a chefia do Pentágono há ano e meio e ainda faltando mais de dois anos para o final do mandato desta administração, decidiu lançar o seu livro de memórias, «Worthy Fights», em cujas páginas – e também nas entrevistas que fez para o promover – não hesitou em lançar dúvidas e fazer críticas sobre a liderança do Sr. Hussein na defesa e na diplomacia, com destaque para os fracassos na Líbia e na Síria.    
Isto é o que democratas dizem assumidamente, directamente, on the record. No entanto, se atentarmos no que eles dizem off the record, sob anonimato, e as conclusões que (alguns) jornalistas tiram do que ouvem, então o panorama é muito mais preocupante… para os «burros». Julie Pace disse que os democratas estavam a «torcer-se em nós» tentando evitar Barack Obama. Bob Woodward afirmou que o presidente «alienou completamente» os democratas no Senado. Jake Tapper referiu que, para os seus «camaradas», o Sr. Hussein é um «albatroz». Segundo Ron Fournier, é antes uma «bigorna». O New York Times, a 7 de Outubro, tinha como um dos seus títulos «Nesta eleição, o partido de Obama coloca-o no banco (de suplentes)»; a 21 de Outubro, era «O pânico democrata». No National Journal reproduzia-se o seguinte comentário de um «estratega democrata para o Senado»: «A inépcia da operação política da Casa Branca afundou de aborrecida para embaraçosa». Na Bloomberg advertia-se que se aproximava, antecipando a mais que provável derrota, «o jogo de (atribuição de) culpas democrata».
Deve reconhecer-se, a bem da verdade, que Barack Obama não é o único «grande» (e agora menos «querido») líder «azul» em relação ao qual os candidatos democratas tentam demarcar-se. Harry Reid pode exprimir a sua frustração perante um «alheado» presidente, mas isso não obsta a que os seus comparsas no Senado se afastem dele – o que, considerando a sua incontinência verbal, não surpreende.  E Nancy Pelosi pode «saber», qual bruxa com uma bola de cristal, que os democratas dominarão o Congresso e a Casa Branca… em 2016, e que os republicanos têm os «dias contados», mas isso não obsta a que os seus comparsas na Casa se afastem dela – o que, considerando de onde ela vem, não surpreende.
Nenhum dos dois, todavia, deverá sentir-se actualmente tão repudiado pelos seus quanto Barack Obama. Que, no único comício eleitoral em que participou até agora, em Upper Marlboro, no Maryland, viu várias pessoas da assistência – supostamente seus apoiantes! – a abandonarem o recinto assim que ele começou a falar! E isto poucos dias depois de a sua cidade natal de Honolulu ter desistido de dar o seu nome a uma praia. Pelo que é de se pôr a hipótese de ser o Sr. Hussein a escrever as mensagens de solicitação de contribuições do DCCC, em que as mais recentes são sempre mais ridículas do que as anteriores. Pois é: nunca os sinais de desespero por parte dos democratas foram tantos e tão fortes.
(Adenda – Num «colectivo» de candidatos democratas em que as fragilidades são por demais evidentes e afectam todos os «azuis» ou quase, Mark Udall, que tenta manter o seu lugar de senador pelo Colorado, tem-se destacado como um dos mais risíveis. Como se já não fosse suficiente(mente mau) ser alvo de troça por «paineleiros» da CNN e ser preterido pelo – liberal – Denver Post a favor do seu rival republicano Cory Gardner, foi afectado por gaffes algo graves – suas e não só – em comícios de campanha. «Espalhou-se» ao citar erradamente a mais famosa frase de Martin Luther King, mas provavelmente tratou-se de uma instância de «a boca fugir para a verdade» porque os democratas, ontem como hoje, efectivamente julgam as pessoas «pelo conteúdo da sua cor (de pele)»; na mesma ocasião Michelle Obama também se enganou – ou deram-lhe a informação errada – ao dizer que Udall é «um coloradiano de quinta geração»… quando, na verdade, tal atributo pertence a Gardner. Porém, o certo é que a primeira-dama, anteriormente, havia «atingido» outro candidato democrata ao Senado, Bruce Braley, pelo Iowa, ao chamar-lhe repetidamente «Bailey».)
(Segunda adenda – Não foi só no Maryland que espectadores – e, deduz-se, apoiantes – num comício democrata saíram quando Barack Obama começou a falar: também no Wisconsin isso aconteceu! Porque será que isto acontece? E também, como perguntou Dana Milbank, porque é que o presidente suscita «tão pouca lealdade» de ex-membros do seu gabinete como Hillary Clinton, Leon Panetta e Robert Gates, todos com livros de memórias recentemente publicados e em que se fazem críticas, implícitas ou explícitas, ao Nº 44? A resposta pode ter sido dada, em outro contexto, por Chris Matthews: porque o Sr. Hussein se tornou (se é que não foi sempre) «intelectualmente preguiçoso» e «atrofiado» por culpa de pessoas como Valerie Jarrett… e Michelle Obama! Pelo que não é de prever que, nos dois anos que faltam para o fim do seu segundo mandato, ele mude e se torne um «verdadeiro chefe executivo» e deixe de ser apenas alguém que «dá bons discursos».)        

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A perversão é oficial e geral?

(Uma adenda no final deste texto.)
A decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos da América, anunciada no passado dia 6 de Outubro, de… não decidir sobre os vários casos de legalização (ou não) do «casamento» entre pessoas do mesmo sexo correspondentes a (provenientes de) outros tantos Estados representou, talvez, o facto mais grave, mais perturbante – e têm sido tantos! – da «transformação fundamental» protagonizada, promovida, pressionada por Barack Obama e pelo Partido Democrata, que se radicalizou à esquerda desde que aquele tomou posse. A inacção do SCOTUS, cuja composição actual o torna(ria), supostamente, mais inclinado à direita, mas que já aquando da sua «ratificação» do (claramente inconstitucional) «ObamaCare» muito surpreendeu pela negativa, representa, na práctica, a confirmação das decisões ilegais, ou pelo menos ilegítimas, de juízes activistas – todos, ou quase, designados pelo Sr. Hussein – que anularam resultados de referendos (isto é, decisões tomadas pelos cidadãos directamente) ou deliberações em assembleias estaduais (indirectamente) que estabeleceram o casamento entre um homem e uma mulher como o único reconhecido formalmente. 
Esta é uma situação a que eu já fiz referências aqui no Obamatório. Concretamente, neste ano: «Se o “reconhecimento da igualdade matrimonial” (expressão falaciosa porque os homossexuais sempre puderam casar-se) tem vindo a “ganhar terreno” nos EUA, tal deve-se, na esmagadora maioria dos casos, a decisões judiciais tomadas por magistrados democratas e/ou nomeados por democratas que não hesitam, frequentemente, em anular resoluções tomadas por cidadãos em referendos – o que não é democracia mas sim ditadura. E, na verdade, as acções dos activistas da homossexualidade têm tudo a ver com totalitarismo, com a eliminação da oposição.» E em 2010, a propósito do caso específico da Califórnia: «O que praticamente quase ninguém deste lado do Atlântico deve saber é que o juíz (ir)responsável por esta “inversão”, Vaughn Walker, é homossexual! Só quem seja muito ingénuo é que acreditará que não houve qualquer influência dessa circunstância nesta decisão. É isto que a “seita do arco-íris” toma por uma “grande vitória”? Algo obtido por alguém com o poder de decidir, literalmente, em causa própria?»
Quatro anos depois, deste lado do Atlântico a ignorância e até mesmo a manipulação continuam. Na verdade, não é legítimo dizer que «a maré mudou» quando tal «mudança» ocorre pela imposição da vontade de, literalmente, meia dúzia de pessoas sobre a de milhões. E, obviamente, as sucessivas «sondagens» que alegadamente demonstram que a maioria da população dos EUA já é a favor do «matrimónio gay» não contam, não têm qualquer validade: amostras não são mais do que isso, amostras, além de que o medo de «parecer mal» pode levar os inquiridos a darem a resposta «politicamente correcta» que, na solidão da cabina de voto, é substituída pela expressão da verdadeira, embora oculta, convicção.
Ben Shapiro explica a «lógica perversa» que está por detrás desta «acção por omissão», desta súbita «preguiça» - ou receio – por parte do Supremo Tribunal: tratar-se-á de esperar, quiçá anos, por uma «vaga de fundo» de decisões judiciais estaduais que dêem a aparência, a ilusão, de uma «evolução» das mentalidades, e, aí, eventualmente, ratificar, confirmar, a perversão, torná-la oficial, geral. Se não a perversão aos níveis físico e moral, então, o que é muito mais grave, a perversão ao níveis jurídico e político. Será a consagração d(e um)a tirania. Que tem vindo a ser diligente e progressivamente construída por pessoas como Eric Holder, que, prestes a deixar o cargo de attorney-general, atribuiu esta semana a 29 juristas do Departamento de Justiça o «Prémio de Serviço Excepcional», o mais importante do DoJ, pelas actividades que aqueles desenvolveram na implementação do «casamento» entre pessoas do mesmo sexo e na revogação do «Defense of Marriage Act», assinado por Bill Clinton em 2006. É de prever que o mesmo galardão venha a agraciar os operacionais do Departamento que se destaca(ra)m na oposição às leis estaduais que obrigam à apresentação de um cartão de identificação com fotografia em eleições, combate que, como não poderia deixar de ser, conta também com a colaboração de juízes activistas que, recentemente, reprovaram deliberações naquele sentido tomadas no Texas e no Wisconsin.
Perante o avanço da «revolução LGBT» nos EUA, que, como quase todas as revoluções, é conduzida por uma minoria assanhada, que vai fazer o Partido Republicano? A resposta a esta pergunta ainda não é clara porque, como também já observei, há bastantes «conservadores» que só o são de nome e que ou já desistiram ou estão prestes a desistir. Entre os que continuam a lutar estão diversos governadores «encarnados» e ainda Mike Huckabee, que ameaça deixar o GOP se este não «crescer (ou manter) uma espinha», e Ted Cruz, que anunciou que irá introduzir no Congresso uma proposta legislativa tendente a proteger o casamento tradicional. Bons exemplos que incluem igualmente Anthony Perkins, presidente do Family Research Council, e que contrastam com autênticos renegados como Ted Olson, que, pelos «argumentos» demagógicos a que recorre, bem que poderia ser (e provavelmente é) um democrata desviante e dissimulado.
(Adenda – A todos aqueles que pensam, e afirmam, que eu exagero na denúncia da existência de uma ameaça à liberdade de expressão, e mesmo a um conceito de civilização, por parte dos activistas da homossexualidade, eu limito-me a apontar dois dos mais recentes casos de «proto-totalitarismo arco-íris» nos EUA. Primeiro: em Houston, no Texas, a mayor Annise Parker, democrata e lésbica assumida, exigiu às congregações religiosas da cidade que entregassem textos de sermões antes de os respectivos pastores os proferirem, e ainda mensagens trocadas com os membros daquelas. Segundo: em Coeur d’Alene, no Idaho, um casal de pastores que possui e opera uma capela para casamentos está em risco de receber ordem de prisão por se recusarem a celebrar «matrimónios» entre pessoas do mesmo sexo. Apenas exemplos de uma – perigosa, e perversa – tendência que se previu, e para a qual se avisou, há bastante tempo.     

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

«O pior criminoso na administração»

(Uma adenda no final deste texto.)
Eric Holder apresentou a sua demissão do cargo de attorney-general – o equivalente a um «agregado» de procurador-geral e de ministro da justiça – a 25 de Setembro último. E o mínimo que se pode dizer é que já vai tarde de mais; efectivamente, nunca deveria ter tomado posse. Porque quem é suposto ser o maior, o principal, agente da autoridade dos EUA não deve comportar-se como um criminoso, ou como alguém que protege criminosos. Holder, em bastantes – demasiadas – ocasiões, foi uma coisa e/ou outra. Não demonstrou rigor nem isenção na execução das leis, destas fazendo – aliás, tal como o seu chefe Barack Obama – uma valoração, e uma hierarquização, segundo uma perspectiva político-ideológica: só são para aplicar e defender aquelas com as quais se concorda. Aos que não acreditam, como Chuck Todd, será suficiente citar as suas próprias palavras: ele autodefiniu-se, antes de mais, como um «activista a 1000 por cento»...
… E há que elogiar-lhe, pelo menos, a honestidade quanto às suas intenções – uma das poucas qualidades que demonstrou no desempenho de um cargo em que se acumularam as suspeitas e as queixas contra ele, pelo que o balanço é extremamente negativo. Note-se que, apesar da habitual conflitualidade partidária, é muito raro que se instale uma relação de (extrema) hostilidade entre um membro de uma administração e (vários) representantes do partido da oposição. Porém, com Eric Holder, foi exactamente isso que aconteceu: do Partido Republicano vieram apelos mais ou menos declarados a que o então AG fosse impugnado – por Ted Cruz – e até preso – por Blake Farenthold. «Medidas drásticas» propostas na sequência de uma audiência no Congresso particularmente agressiva, em que Holder, então já declarado «in contempt» pela Casa devido à falta de cooperação, por parte do DdJ, no esclarecimento do caso «Fast & Furious», permitiu-se, qual rufia de rua, ameaçar Louis Gohmert que recordava, precisamente, esse facto.    
No entanto, não foi só de políticos que Eric Holder enfrentou oposição e recebeu reprovação. Também de juízes, como: William H. Pryor, que criticou as directrizes do DdJ tendentes a pedirem, e a aceitarem, penas de prisão menores para traficantes de droga – aliás, estes muito ficaram a dever a Holder e à sua equipa, que conceberam para eles o denominado «Projecto Clemência»… o que, se concretizado, poderá levar a um aumento da criminalidade nos EUA; e Amy Jackson, que repreendeu o AG (e também o Congresso) pela demora na resolução do caso «Fast & Furious», em especial no que se refere à obtenção de documentos do DdJ. Entretanto, Holder também foi alvo de contestação por parte da Coligação de Pastores Afro-Americanos, que em Fevereiro último anunciou o lançamento de uma campanha de recolha de um milhão de assinaturas para uma petição a exigir a impugnação do attorney-general devido ao seu envolvimento activo, militante, na (tentativa de) legalização e generalização, em todo o país, do denominado «casamento entre pessoas do mesmo sexo».
Na verdade, não se pode afirmar que Eric Holder pouco ou nada fez nos mais de seis anos e meio que levou no cargo. O que aconteceu foi que, como já foi referido, revelou uma explícita e exagerada parcialidade, e, vá lá, selectividade: tal como não mostrou muita vontade e muito zelo (pelo contrário) no apuramento da verdade sobre o assédio e discriminação do IRS para com organizações conservadoras, também não considerou necessário que o Departamento de Justiça investigasse as «listas de espera secretas» e as mortes anormais ocorridas em diversos hospitais de veteranos; todavia, não hesitou em mandar para o Nebraska um dos seus agentes para inquirir sobre um carro alegórico – e os seus proprietários – do desfile de 4 de Julho último realizado na cidade de Norfolk, naquele Estado, considerado «ofensivo» e «discriminatório» porque mostrava a «biblioteca presidencial» de Barack Obama como sendo… uma casa de banho externa. Obviamente, não faltou quem falasse em «racismo». E, já se sabia, para Holder qualquer crítica ao seu (agora ex-) chefe na «nação de cobardes» que, segundo ele, é os EUA, só pode ser motivada pelo preconceito.    
Convém igualmente não esquecer que o Departamento de Justiça, sob a liderança de Eric Holder, admitiu para os seus quadros advogados que haviam defendido muçulmanos suspeitos e/ou acusados de terrorismo. E que aquele que dirigiu a acusação contra Dinesh D’Souza – professor, escritor e cineasta (co-realizou dois documentários) que se distinguiu como um dos mais articulados e consequentes opositores de Barack Obama – foi um financiador do actual presidente! Mais: antes de sair, Holder, que já intentou processos em tribunal contra Estados que passaram a exigir um cartão de identificação para votar, teve a «brilhante» ideia de os proprietários de armas serem obrigados a usar pulseiras próprias (a fazer lembrar as estrelas de David dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial) – algo a que Sarah Palin respondeu em termos que o então AG deve ter entendido…
Existe pelo menos uma pessoa que certamente está a lamentar muito a saída de Eric Holder: Lois Lerner, que, na sua «fobia fiscal(izadora)» a qualquer individualidade ou instituição mais à direita terá colaborado de perto com o Departamento de (in)Justiça. Este, na presidência de Barack Obama, foi – tem sido – um instrumento fundamental daquilo que é, nas palavras de Ben Shapiro, uma «organização de tipo mafioso», e Holder foi – ou ainda é - «provavelmente o pior criminoso na administração».
(Adenda – Outro dos (muitos) efeitos nefastos da acção de Eric Holder à frente do Departamento de Justiça, e resultado inevitável do processo de «de-excepcionalização dos EUA» a que Barack Obama se tem dedicado, foi, é, a «emasculação» do FBI. Tal como as forças armadas norte-americanas, a famosa agência policia federal é um dos símbolos do poderio e do prestígio do país que, por causa da imposição do «politicamente correcto (e cobarde)» esquerdista, parece estar a perder capacidades. De facto, não é só de agora que existem relatos de que a instituição fundada por J. Edgar Hoover recebe directrizes tendentes a desvalorizar, a subestimar, a ameaça de terroristas muçulmanos… e, em consequência, atentados como o recente em Oklahoma, em que um recém-convertido ao Islão decapitou uma ex-colega de trabalho enquanto entoava cânticos de louvor a Alá, surgem como trágicas demonstrações dessa negligência. Outras foram, obviamente, o massacre em Fort Hood por Nidal Hasan e a explosão em Boston pelos irmãos Tsarnaev. E a aparente admissão do erro já vem tarde.)