segunda-feira, 23 de março de 2015

300, e não «espartanos»

(DUAS adendas no final deste texto.)
Bobby Jindal afirmou recentemente que não tem «muita confiança na coluna vertebral («backbone») do GOP no Congresso». Depois, Glenn Beck mostrou que já não tinha qualquer confiança no «partido do elefante», ao declarar que «(já) não sou um republicano. Não darei um tostão ao Partido Republicano. Estou fora. (…) Eles (os republicanos) não são bons.» Por causa deste «desabafo» o ex-apresentador da Fox News e fundador da Blaze até se envolveu numa azeda troca de palavras com Karl Rove, ilustrando as divergências que persistem na direita americana.
A que se deve esta desconfiança, esta desilusão, até esta desistência? Ao facto de, apesar de ser um vencedor (as midterms do passado mês de Novembro confirmaram-no como o incontestável partido dominante ao nível nacional, exceptuando a presidência), o PR se comportar como um vencido. Apesar de dispor de maiorias nas duas câmaras do Congresso, na Casa e no Senado, permitiu, nas votações do orçamento para 2015 e face ao filibuster dos «burros», e através de uma «lei limpa» (uma «clean bill», um documento sem condições prévias) que não fossem reprovadas disposições que financiam o essencial da amnistia – por acção executiva – de imigrantes ilegais do Sr. Hussein. Uma vez mais, o medo de serem apontados – pela mainstream media que sempre foi e sempre será (?) o «braço armado» (com câmaras e microfones) do Partido Democrata – como culpados de um eventual, e adicional, shutdown do governo federal foi suficiente para diminuir a resistência republicana e assim trair a confiança daqueles que neles votaram e que os elegeram. Apesar de «elefantes», revelaram contudo terem memória curta: o anterior encerramento – parcial, e com consequências negativas mais imaginárias do que reais – não impediu nem diminuiu o triunfo de 2014, por maior que fosse a histeria quer nas sedes de campanha do PD quer nas redacções da ABC, da CBS, da NBC, do NYT, do WP, do LAT…   
Outro assunto em que o Partido Republicano – ou muitos dos seus militantes – insiste(m) em dar «tiros nos pés», em dar «parte de fraco», é o dos «direitos LGBT» em geral e do «casamento gay» em particular. Já aqui afirmei, e demonstrei, que defender ou tolerar tal «programa» não é, nada tem, de conservador. Convém sempre revelar – ou recordar – que o GOP foi fundado sobre duas premissas, dois objectivos principais: combater e eliminar a escravatura, e combater e eliminar a poligamia. Pelo que a defesa do casamento natural, normal e tradicional, entre um homem e uma mulher é tão intrínseco ao partido de Abraham Lincoln como a recusa do racismo sob qualquer forma. Nesse sentido, é de lamentar e assume especial gravidade a iniciativa de mais de 300 «republicanos» de redigirem e de assinarem um documento (um «amicus brief»), submetido ao Supremo Tribunal dos EUA, de apoio à redefinição do casamento. A vontade de ser «moderno» e/ou o receio de parecer «antiquado» levou aqueles «elefantes» a «esquecerem-se» de (e a traírem) um dos princípios basilares do PR. Pelo que, sim, Charlie Baker, David Koch, Jon Huntsman, Mark Kirk, Susan Collins, Rudolph Giuliani, e todos os outros que deram o seu nome, deveriam ser expulsos sumária e inapelavelmente daquele. A não ser que reflectissem, reconhecessem o erro que cometeram e renunciassem a uma posição que, na práctica, reforça as acções individuais de alguns juízes activistas e anti-democráticos que têm vindo a «anular» as decisões legais e soberanas, tomadas directamente em referendos ou indirectamente através dos seus representantes, por milhões de cidadãos eleitores dos EUA.
Estes 300, e não «espartanos», (ainda) membros do GOP, que em vez de resistirem à «invasão» dos (novos) «bárbaros» como que lhes abrem o caminho, acabaram por, ironicamente, escolher para se manifestarem um momento em que cada vez mais na comunidade afro-americana, a começar por líderes religiosos, se indignam com a equiparação, feita por Barack Obama e por vários outros democratas, das campanhas pelos direitos civis dos negros nos anos 60 do século passado com as realizadas pelos militantes homossexuais – mais concretamente, com o aproveitamento explícito, feito pelo presidente há cerca de duas semanas, da celebração dos 50 anos da marcha em Selma para promover a comunidade «arco-íris». Um assunto em que o Sr. Hussein, longe de «evoluir» na sua opinião como alegou, na verdade mentiu consciente e sistematicamente, tendo inclusivamente utilizado as próprias filhas para essa manipulação. David Axelrod, no seu livro de memórias «Believer – My Forty Years in Politics», recentemente publicado, mais não fez do que confirmar a suspeita de que o Nº 44, de que foi assessor e conselheiro próximo, não foi honesto – algo que, aliás, tem acontecido consecutivamente desde 2009.
Neste contexto, e em contraste, é de louvar a coerência e a coragem de Ben Carson, que, com a autoridade de médico e de cirurgião veterano e prestigiado, está à vontade para questionar os – pouco consistentes – argumentos que pretendem legitimar o comportamento homossexual. Apesar de, por causa disso, ter sido criticado, insultado e mesmo ridicularizado pela equipa do «Saturday Night Live», por Dan Savage (excremento humano por «excelência»), Joe Biden (que não devia «atirar pedras») e até Glenn Beck (!), e independentemente de a decisão pelo Supremo Tribunal dos EUA – que será tomada e anunciada este ano – poder vir a colocá-lo (aparentemente) do «lado errado da lei», a atitude de Carson, representativa de muitos, honra-o a ele e à memória de um movimento generoso e justo iniciado há mais de 150 anos para extinguir as «relíquias gémeas do barbarismo».    
(Adenda – As palavras de Glenn Beck sobre (e contra) Karl Rove - «a espinha de um verme, a ética de uma rameira» - podem ser, e são, muito violentas, mas não constituem um caso único de animosidade extrema no âmbito da direita. Veja-se – e ouça-se – Larry Pratt, director executivo da Gun Owners of America, a criticar os republicanos que, quando candidatos, dizem uma coisa e, quando eleitos, dizem outra, neste caso sobre a defesa da Segunda Emenda: «o mais invertebrado grupo de rapazolas que alguma vez se poderia ter imaginado». Alguém que de certeza não se enquadra nessa definição é o governador do Indiana, Mike Pence, que, corajosamente, decidiu assinar e promulgar uma lei de liberdade religiosa passada pelos legisladores daquele Estado, e que tem como um dos objectivos proteger os cidadãos que recusam colaborar, directa ou indirectamente, em «casamentos» entre pessoas do mesmo sexo, e que por isso possam vir a ser alvos de acções – judiciais, e não só – por parte de organizações LGBT. Outro que sem dúvida tem a sua coluna vertebral no sítio é Ted Cruz, que a 23 de Março último anunciou a sua candidatura à presidência dos EUA, sendo assim a primeira das «grandes figuras» a fazê-lo; haverá tempo, oportunidades e pretextos para acompanhar e comentar a sua campanha, mas, por agora, registe-se que, como seria previsível, a sua decisão suscitou – obviamente, principalmente à esquerda, mas também à direita – reacções negativas, quase todas caracterizadas pela ignorância, pela intolerância e pelo ridículo.)
(Segunda adenda - Em entrevista à ABC, Mike Pence esclareceu que a lei de liberdade religiosa que assinou, e que tantas reacções a raiar o histérico tem recebido por parte dos «progressistas», mais não é, fundamentalmente, do que a transposição para o Estado do Indiana de uma outra, federal, que Bill Clinton assinou quando era presidente... e quando o seu entrevistador, George Stephanopoulos, trabalhava para o Nº 42. Aliás, outros 19 Estados têm leis semelhantes à agora aprovada em Indiana. Pelo que Hillary Clinton, antes de «atirar pedras», deveria verificar o seu «telhado».)  

quarta-feira, 11 de março de 2015

«Hillarity» (Parte 2)

(QUATRO adendas no final deste texto.)
Cada vez mais, a cada dia que passa, e há vários meses, talvez até desde há cerca de um ano, a victória de Hillary Clinton na eleição presidencial de 2016 parece menos inevitável e mesmo provável. Aliás, a hipótese de ela nem sequer se candidatar surge como crescentemente possível. Porquê? Porque as gaffes, os erros, as situações dúbias, os escândalos, até as ilegalidades, em que ela regularmente se envolve, ou se deixa envolver, tornam menos certa essa (quase) certeza…
… E a mais recente «bronca» a estalar e a afectar a mãe de Chelsea é particularmente grave: o New York Times (!) revelou, e na sequência da investigação que um comité do Congresso continua a fazer sobre o atentado em Benghazi em 2012, que Hillary Clinton só utilizou uma conta de correio privada enquanto foi secretária de Estado – sim, para assuntos relacionados com a sua actividade governativa e diplomática – e não uma estatal, do próprio DdE, como estava obrigada a fazê-lo… por normas aprovadas pela própria administração de Barack Obama! Nem sequer procedeu, pelo menos, a uma permanente cópia, armazenamento e entrega d(e todas)as mensagens, e tal procedimento só recentemente, e parcialmente, terá sido feito… em papel! Mas há mais e melhor… ou pior: a sustentar tal conta de correio privada estava (está) um servidor próprio que ela fez instalar na sua casa de Nova Iorque! São evidentes os perigos que tal práctica acarretou, em especial os de as comunicações relativas à política externa dos EUA serem alvo de um ataque informático por estarem a ser processadas num sistema menos seguro, menos reforçado. Além disso, dificulta, ou até mesmo impede, uma fiscalização dos actos de um(a) (alto(a)) funcionário(a) público(a) por parte de outros órgãos de soberania – nomeadamente, o Congresso – e de órgãos de comunicação social, além de instituições e cidadãos que procuram documentos oficiais e a eles pedem acesso através do «Freedom of Information Act (FOIA)».
Lawrence O’Donnell, da MSNBC (quem diria!) resumiu bem o problema: o sistema «caseiro» para o correio electrónico de Hillary Clinton constitui(u) uma «espantosa quebra de segurança (nacional)» e foi «desenhado para desafiar a lei». Como quase sempre acontece com os democratas, também neste caso é bem evidente a hipocrisia daqueles: em 2007 a então senadora por Nova Iorque e candidata presidencial criticou e condenou a administração de George W. Bush por alegados procedimentos menos transparentes, e mesmo ilegais, relativos a comunicações; mais tarde, já na actual administração, o embaixador Scott Gration – que, como todos os outros, estava sob a sua tutela – foi forçado a demitir-se (do seu posto no Quénia) por ter utilizado correio electrónico privado; e, de um modo geral, as normas obrigando à utilização de correio electrónico do (Departamento de) Estado tornaram-se mais restritivas para os seus funcionários nos últimos seis anos. Bem que podem tentar desviar as atenções, dizendo que, por exemplo, Jeb Bush e Scott Walker – por «coincidência», dois dos principais favoritos à nomeação republicana – também tiveram problemas semelhantes… o que não é verdade, e, mesmo que fosse, não desempenha(ra)m cargos federais, não exerceram funções que obrigam a lidar com matérias de política externa, defesa e segurança. Enfim, este episódio apenas vem confirmar uma certeza, uma imagem há muito associada aos Clinton: as leis são para os outros, e eles estão acima delas.      
Demonstrando mais uma vez que na Casa Branca não há qualquer noção do ridículo e que lá tomam todos (ou quase) os americanos por estúpidos, Josh Earnest declarou que Barack Obama soube deste problema da sua ex-secretária de Estado… pela comunicação social. Tal como em tantas (semelhantes) ocasiões… Uma desculpa que já não «pega», se é que alguma vez «pegou»: acaso é admissível que, durante quatro anos, no Nº 1600 da Avenida da Pensilvânia e em outras instituições federais, nunca se tivesse recebido uma mensagem de correio electrónico de Hillary Clinton e não se tivesse reparado que o «e-ndereço» não tinha a designação «state.gov» ou outra similar mas sim… «clintonemail.com»? Claro que não, e entretanto confirmou-se que ela e o Sr. Hussein se corresponderam electronicamente. Pelo que Mark Levin tem (como habitualmente) razão: este é (também, mais) um «escândalo de Obama». Aliás, e como demonstra Michelle Malkin, este é (que se saiba) o sexto caso de «problemas» na utilização de correio electrónico registado na actual administração.
Antes deste, e também muito recentemente (há cerca de um mês) outro grande escândalo afectou, e ainda está a afectar, Hillary: o de que vários governos de outros países fizeram doações à Fundação Clinton… no período em que ela era secretária de Estado! O que, sem dúvida, dá um outro – e sinistro – significado à expressão «negócios estrangeiros». Com a agravante de alguns desses países que tão «generosos» foram para com Bill e Hillary serem muçulmanos… e, logo, não se distinguirem por garantir direitos iguais às mulheres, uma causa que a ex-primeira dama aparentemente preconiza. E é, de facto, aparentemente, porque, tal como na Casa Branca sob Barack Obama, também a ex-senadora por Nova Iorque pagou, no Congresso, mais aos homens do que às mulheres.
Se os actos da putativa candidata presidencial não têm sido propriamente encorajadores nem susceptíveis de diminuir as desconfianças, as suas palavras ainda menos têm contribuído para tal. George Will usou de eufemismo para caracterizar Hillary Clinton como não sendo uma oradora fluente… e entusiasmante. Digamos que não caiu bem aquela afirmação de que a América devia sentir empatia para com os seus inimigos – ou seja, deduz-se, também para com o ISIS e a Al Qaeda. Ou a de que as corporações (empresas) não criam empregos, que surgiu como uma variação do infame «you didn´t build that» de Barack Obama – além de que, como recordou Chuck Lane, do Washington Post, pelo menos a NBC criou um emprego para Chelsea Clinton – onde esta ganhou 600 mil dólares num ano. Ou ainda a afirmação (justificação?) de que o Hamas põe os seus mísseis em áreas civis porque a Faixa de Gaza é muito pequena. Ou a de que o «reinício (do relacionamento) com a Rússia» resultou… embora os ucranianos talvez tenham uma opinião diferente. Ou a de que aos defensores da Segunda Emenda da Constituição, segundo ela uma «minoria», não deve ser permitido «aterrorizar a maioria». Ou a de que Abraham Lincoln foi senador pelo Illinois. Ou a de que, quando ela e o marido saíram da Casa Branca em 2000, estavam falidos («dead broke»), o que, pura e simplesmente, é mentira – não estavam é tão abastados quanto desejariam, e que posteriormente viriam mesmo a estar. Agora, chegam ao cúmulo de recorrer a expedientes financeiro-legais para evitarem pagar impostos cuja implementação eles apoiaram!
2014 foi um ano que, como reconheceu, entre outros, Jonathan Karl da ABC, não correu muito bem para Hillary Clinton… na verdade, foi como que um «annus horribilis» que ainda continua em 2015. E que começou, pode dizer-se, no lançamento do seu mais recente livro, «Hard Choices», que não teve o êxito que ela e a editora esperavam. Desde o início que observadores independentes perceberam que seria um desastre e que não justificaria os 14 milhões de dólares (!) que a Simon & Schuster pagou como adiantamento: uma semana depois do lançamento já não estava no «Top 10» e um mês depois já não estava no «Top 100». O que não impediu que ela realizasse uma digressão de promoção da obra, nos EUA e na Europa, com as despesas a serem pagas por organismos do governo federal norte-americano. O que não prejudicou a sua «carreira» pós-Departamento de Estado de conferencista que cobra preços elevados e que faz «exigências de diva» - como, por exemplo, só ela ficar com registos, gravações, dos seus discursos.       
Uma semana depois da notícia no New York Times, Hillary Clinton lá deu uma conferência de imprensa… na sede da ONU, onde, curiosamente, a obtenção de credenciais pela comunicação social é muito difícil. Talvez tenha sido «pior a emenda do que o soneto»: ela «justificou» utilizar um servidor próprio e uma(s) conta(s) privada(s) por ser de maior «conveniência» - um «argumento» que Lawrence O’Donnell (outra vez!) não aceita – e prometeu que não transmitiu material confidencial. Porém, desde quando é que os Clinton são dignos de confiança? Ficou evidente nesta ocasião que pelo menos um deles mente: Hillary disse que uma parte significativa das mensagens dos seus quatro anos como secretária de Estado foram privadas e trocadas com o marido, mas o porta-voz deste declarou que o Nº 42 só enviou dois e-mails em toda a sua vida! E, afinal, quantos aparelhos é que ela usa?
A situação é de tal modo confrangedora que Mark Halperin, Maureen Dowd e Ron Fournier, todos insuspeitos de serem direitistas, expressam agora dúvidas não só quanto ao sucesso da sua (potencial) candidatura mas também quanto à própria concretização da candidatura! Já lá vai o tempo em que Sally Kohn declarava que Hillary Clinton devia ser presidente, não apenas dos EUA, mas do Universo! Agora, a ideia de ela ser presidente porque «é a vez dela», ou porque é a vez… de uma mulher, já não chega.  
(Adenda – Os que pensa(ra)m, e deseja(ra)m, que o «caso do e-mail» deixe de o ser… desistam: ele está para ficar, e novas e assombrosas (ou nem tanto, tratando-se dos Clinton) revelações vão sucedendo-se. Primeira, independentemente de ter sido ou não o único aparelho que usou enquanto secretária de Estado, o Blackberry de Hillary não lhe foi dado pelo respectivo Departamento… e esteve, durante pelo menos dois meses, sem protecção específica (encriptação) contra eventuais ataques informáticos. Segunda, pelo menos 30 mil mensagens foram apagadas no seu servidor pessoal… sem serem lidas, tendo o critério usado sido uma busca por palavras-chave – o que, obviamente, não é uma garantia de que conteúdos relevantes tivessem sido poupados. Terceira, desconhece-se se ela terá preenchido e assinado o formulário OF-109 do DdE, obrigatório para todos os que cessam funções naquele departamento e que deve listar, e confirmar, a entrega e/ou a reprodução de todas as comunicações produzidas, emitidas e/ou recebidas. Portanto, sim, Hillary provavelmente não cumpriu uma série de leis, normas e regulamentos, e até é possível que pela segunda vez um Clinton venha a responder por perjúrio. Até no Gawker – que vai processar o DdE (tal como a Associated Press) apesar de não ser propriamente um órgão da direita – se usa a expressão «nixoniano»!) 
(Segunda adenda – Não havendo qualquer dúvida – aliás, ela própria o admitiu na conferência de imprensa na sede da ONU – de que Hillary Clinton não só não entregara ao governo federal todas as suas mensagens electrónicas emitidas e recebidas enquanto foi secretária de Estado como também apagara, indevidamente, uma grande quantidade daquelas, a questão era saber se era culpada de perjúrio ou de roubo (de documentos estatais) mediante o ter preenchido e assinado, ou não, o impresso OF-109 do Departamento de Estado. Hoje (17 de Março), e finalmente, a porta-voz daquele, Jen Psaki, esclareceu: Hillary não preencheu nem assinou. Logo, é culpada de roubo.)     
(Terceira adenda – Mas será que Hillary Clintom dotou o seu sistema privado – que usou para assuntos estatais – de correio electrónico com algum tipo de protecção? O mais básico, pelo menos? É duvidoso que tal tenha acontecido, porque agora descobriu-se que o seu servidor pessoal esteve desprotegido contra o chamado «spoofing». E vem ela, com um inacreditável, e hipócrita, atrevimento, alertar contra o perigo de a revogação do «ObamaCare» permitir às seguradoras «escreverem as suas próprias regras»! Um procedimento que, obviamente, não é prejudicial se for um Clinton a fazê-lo… E se ela decidir também dar lições quanto a desperdício de dinheiros públicos e ao «aquecimento global», é lembrar(-lhe) que, quando era senadora, foi quem gastou mais em voos privados.)  
(Quarta adenda – Hillary Clinton pode ainda (por quanto tempo?) beneficiar de uma considerável vantagem nas sondagens para a eleição do(a) próximo(a) presidente dos EUA, e constituir potencialmente a vencedora antecipada em muitos (ou a maioria dos) Estados se concorrer, mas se há um em que quase de certeza não triunfará é aquele onde o marido já foi governador e ela primeira-dama. Aquando das últimas midterms ambos participaram na campanha de candidatos democratas no Arkansas… mas sem sucesso (para os «burros»); aliás, e pela primeira vez em quase 150 anos, todos os congressistas (e os dois senadores e o governador) daquele Estado são republicanos! Porém, Hillary tem um problema pior para enfrentar na sua caminhada para a Casa Branca: o passado (e o presente?) sórdido de Bill; como se não chegassem todas as mulheres que ele alegadamente assediou, violou e com quem «adulterou», vieram revelações de que ele tem um pedófilo e organizador de orgias como amigo… No campo das agressões sexuais, a ex-secretária de Estado também tem os seus «esqueletos no armário», mais concretamente a orgulhosa defesa que fez, enquanto advogada, de um – comprovado – violador. E, se recuarmos mais no tempo, a recordação da correspondência que trocou com Saul Alinsky poderá trazer-lhe muitas desvantagens.)

terça-feira, 3 de março de 2015

Uma questão de patriotismo

Foi há cerca de duas semanas, mas os «ecos» de mais uma polémica «progressivamente» - e artificialmente - empolada ainda podem ser escutados… Houve uns quantos histéricos, e histéricas, e hipócritas, que como que molharam as cuecas de indignação por Rudolph Giuliani – numa cerimónia privada, note-se, mas cujos pormenores foram tornados públicos – ter de alguma forma questionado o patriotismo de Barack Obama. Mais concretamente, por ter afirmado que «eu não acredito que o presidente ama (os Estados Unidos d)a América». Posteriormente, o ex-mayor de Nova Iorque não só não recuou como reincidiu, repetiu, (n)o seu pensamento e nas suas palavras.
As reacções «escandalizadas» de muito(a)s do(a)s «suspeito(a)s do costume» não se fizeram esperar. Desde logo, a de Debbie Wasserman Schultz, que aproveitou talvez para tentar uma distracção relativamente a uma embaraçosa revelação relativa a uma sua eventual mudança de posição. Stephanie Miller, Steve Cohen e Van Jones, à falta de argumentos válidos, recorreram ao (falso argumento do) racismo como causa dos comentários de Rudy Giuliani… e outros fizeram o mesmo, se bem que mais sub-repticiamente, como no New York Times. Obviamente, da MSNBC (uns e outros), da CBS e da NBC, de muitos dos correspondentes na Casa Branca, vieram os inevitáveis e «isentos» reparos. Até, imagine-se, o fundador da Starbucks, Howard Schultz (será parente da Debbie e do Ed?), se achou no direito de «meter o bedelho» na discussão… criticando, claro, Giuliani. Curiosamente, do Partido Republicano também houve quem manifestasse reservas quanto à opinião do seu correligionário nova-iorquino. Lindsey Graham, Marco Rubio, Mike Pence e Rand Paul, nomeadamente, mesmo que criticando a cobertura mediática e injustificada que o assunto proporcionou, não deixaram de expressar, de uma forma ou de outra, o seu distanciamento.
Porém, e evidentemente, Rudy Giuliani, tinha, e tem, toda a razão. E é, foi, o próprio Barack Obama a dar-lhe toda a razão. Quem por várias vezes andou a pedir, no estrangeiro e a estrangeiros, desculpa pelos supostos erros dos EUA, e que, como salientou Mark Levin, anunciou querer «transformar fundamentalmente» o país, demonstrou não gostar dele, não o amar. Mais: ele disse em 2008 que George W. Bush não era patriótico por ter aumentado, e muito, a dívida, acusação com a qual muitos à esquerda concordaram entusiasticamente; pelo que o Sr. Hussein é o primeiro a declarar-se a ele próprio não patriótico – e, logo, a não amar o seu país – porque aumentou a dívida muito mais do que o seu antecessor – algo que Ed Henry, da Fox News, lembrou a Josh Earnest, que deveria preocupar-se mais com os legados de outros, a começar pelo do seu chefe… Enfim, se Obama realmente amasse a América não teria assistido, durante cerca de 20 anos, a Jeremiah Wright lançar imprecações como «God damn America!» E, já agora, Michelle Obama teria sentido orgulho no seu país antes de o seu marido ter sido nomeado pelo Partido Democrata como candidato à presidência. Portanto, e por tudo isto, como é que se pode duvidar, questionar, (d)o que Giuliani disse?