segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Ceifados e martelados

(Uma adenda no final deste texto.)
Barack Obama cresceu rodeado e/ou influenciado por marxistas, socialistas, comunistas. O seu pai era um, e, ainda mais declaradamente, Frank Marshall Davis, que foi seu mentor/tutor, era outro, tendo aliás militado no Partido Comunista dos Estados Unidos da América. Pelo seu lado, Valerie Jarrett, principal conselheira de Obama na Casa Branca (e, segundo alguns, o verdadeiro poder na actual administração), tinha na família três comunistas: o pai, o sogro e um dos avôs. Assim sendo, isso não os tornaria actualmente mais aptos a melhor lidar com comunistas estrangeiros, assumidos ou não, tanto os da «velha escola» como os «modernizados» à pressão, mas que tiveram sempre na foice e no martelo os símbolos de eleição (ou sem esta…)? 
Depende do que se entende por «lidar com». Se for (dar mais) «flexibilidade», como o Sr. Hussein prometeu – e cumpriu – a Vladimir Putin, que não deixou de ser comunista apesar de agora não se apresentar como tal, isso não poderá trazer – nem tem trazido – boas consequências para os EUA. Para o presidente russo se sentir à vontade para afirmar publicamente que a política externa norte-americana (em relação à Síria, pelo menos) é «fraca» e «não tem objectivos», e que alguns dos decisores em Washington parecem ter papa («mush») e não cérebro nas suas cabeças, é preciso que BHO e a sua equipa não infundam a VP e à sua qualquer receio ou respeito. Pelo que Moscovo se sente à vontade para se instalar na Síria, defender o seu aliado Bashar al-Assad e atacar os opositores daquele… se não o ISIS, então os rebeldes «moderados» apoiados pelos EUA. Marco Rubio não duvida de qual é o objectivo de Moscovo: forçar Washington a escolher entre os assassinos do ISIS… e Assad, e, ao mesmo tempo, mostrar que o Kremlin é mais digno de confiança do que a Casa Branca.
E não é que a intervenção russa tenha sido uma surpresa: ela já se adivinhava, já se pressentia, há pelo menos mais de um mês, quando se constatou que tanques estavam a ser enviados para Damasco. Antes, e num outro âmbito, verificou-se que hackers russos atacaram servidores de correio electrónico nos EUA, mais concretamente um do Pentágono… e o (privado) de Hillary Clinton! Porque é que Putin e os seus subordinados não se sentiriam à vontade para procederem a sucessivas demonstrações de força depois de a NASA lhes ter pago quase 500 milhões de dólares para continuarem a transportar norte-americanos para a estação espacial internacional? E depois de ter surgido a informação de que Barack Obama se recusou a receber Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, quando este se deslocou a Washington em Março último, alegada e principalmente para discutir o exibicionismo militar de Moscovo pelos céus e mares europeus? E depois de ter surgido a informação de que Obama terá aconselhado o governo da Ucrânia a não resistir à invasão russa da Crimeia no ano passado? Neste «jogo de xadrez» que é a geoestratégia mundial as «peças brancas» parecem ter clara vantagem sobre as «peças pretas», e Garry Kasparov denunciou como «patética» e «perigosa» a atitude de apaziguamento - que envolveu um (falhado) «reset» - do Nº 44 para com o seu homólogo ex-soviético.
Não são só comunistas da «escola leninista-estalinista» que a actual administração norte-americana tem dificuldade em enfrentar. Também os da «escola maoista-kimista». Que mais é preciso para demonstrar a – assustadora – incompetência, ignorância e, sim, estupidez que grassa no Nº 1600 da Avenida da Pensilvânia depois de ouvir Josh Earnest dizer que os EUA não aceitarão que a pátria de Kim-il-Sung se torne numa potência nuclear? Digamos que algumas pessoas no Partido Democrata não têm prestado atenção ao noticiário internacional nos últimos anos… Como que em resposta, logo no dia seguinte soube-se que o governo do neto e actual líder, Kim-Jong-un, reactivara a sua principal fábrica de materiais radioactivos; uma decisão talvez estimulada, cerca de um mês antes, pelo cancelamento dos habituais (anuais) exercícios militares conjuntos entre a Coreia do Sul e os EUA, devido… exactamente, às ameaças de Pyongyang.  
Em relação a Pequim… as suas provocações já não constituem surpresa. Os chineses interceptaram um avião norte-americano em espaço aéreo internacional e mantêm prisioneira (há mais de seis meses), acusada de espionagem, uma empresária de Houston… e não consta que ambos os incidentes tenham sido discutidos no recente encontro entre Barack Obama e Xi Jinping. Mais: Yuan Yubai, vice-almirante chinês, afirmou numa conferência em Londres, e ao lado de um oficial superior da Marinha norte-americana (e de outro, do Japão) que o Mar do Sul da China pertence… à China. E já quase não merecem uma referência especial os ataques informáticos chineses a organizações norte-americanas, com destaque para o Gabinete de Gestão Pública, de onde aqueles retiraram, afinal, não cerca de um milhão mas sim quase seis milhões (!) de impressões digitais de funcionários públicos dos EUA, com as quais, juntamente com outros dados, o «Império do Meio» est(ar)á a construir um híper-arquivo relativo ao governo federal em Washington. A situação é tão má que John Kerry já se conformou com a possibilidade de o seu correio electrónico ser regularmente lido por chineses… e por russos. Porém, apesar de tudo isto, ainda há «burros» receosos de ofender a China… por se querer dar o nome do dissidente Lu Xiaobo à rua onde se situa a embaixada daquela em Washington, iniciativa que tem em Ted Cruz um dos seus maiores defensores. 
Um «cardápio» de comunistas em quantidade, «qualidade» e variedade que os democratas, com o desastre que tem sido a presidência de Barack Obama, têm permitido aumentar não ficaria completo sem o especial «sabor» latino-americano… ou seja, a Cuba dos irmãos Fidel e Raul Castro. Que, como seria de prever, não alterou a sua conduta depois de o Sr. Hussein se ter decidido pelo restabelecimento das relações diplomáticas. Desde então – e até na MSNBC se reconhece isso! – o regime de Havana aumentou a repressão, tendo só a recente visita do Papa Francisco à ilha acarretado a prisão de dezenas de dissidentes. Sem medo de sanções, Raul exigiu ainda na sede da ONU, durante a última assembleia geral da organização, a devolução da base de Guantánamo. Porque não estariam eles confiantes em continuarem a fazer… o que fazem há quase 60 anos, depois de verem como Andrew Cuomo (em Abril) se comportou durante uma visita de negócios – e de amizade – a Cuba, em que aproveitou para beber um mojito, fumar um charuto e elogiar (a brincar?) o modo como naquele país se lida com a imprensa? E depois de ouvirem John Kerry (em Agosto) durante a reabertura da embaixada dos EUA em Havana, garantindo, em inglês e em espanhol, que os dois países «já não são inimigos nem rivais», que ele se sente «muito em casa aqui», que «nada há de que ter medo» e que os cubanos poderiam auxiliar os norte-americanos a combater as «alterações climáticas»? Quase só faltou a Kerry levar James Taylor com ele e repetirem o (triste) recital que deram em Paris em Janeiro...
Afinal, os castristas continuam a ser, se não inimigos, pelo menos rivais… porque muitos estão na Síria a combater, não tanto o «aquecimento global», mas sim mais os opositores de Bashar al-Assad, ao lado de russos… e também de iranianos! Marco Rubio não duvida(va em Abril) de que foi, e é, um erro por parte do Departamento de Estado retirar Cuba da lista de nações que apoiam o terrorismo. Uma decisão que, a juntar aos factos conhecidos e acima citados, demonstram que, com Barack Obama, os EUA como que têm sido repetidamente ceifados e martelados, e deixados a ver estrelas... vermelhas.
(Adenda - Também no Árctico, e por pressão dos ambientalistas extremistas no seu - hipócrita - ódio ao petróleo, os EUA estão a ceder terreno à Rússia.)   

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