sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Nenhuma «batalha» é pouco importante

(Uma adenda no final deste texto.)
Entrado o Obamatório no seu Ano Oito, é possível que de aqui a um ano faça um balanço mais abrangente do que foi este meu projecto, que adorei desenvolver mas que, frequentemente (e porque, claro, eu tenho muitas outras coisas em que pensar, para fazer, com que me preocupar), me foi extremamente difícil manter – mas que «aguentei» porque sei que há pessoas que apreciam o que eu escrevo neste âmbito… e foi, é, por elas que eu persisti e persisto…
Porém, será pouco provável que a avaliação final resultante desse balanço não seja de desilusão, de fracasso, de «missão não conseguida»: a minha meta de influenciar, de alterar, mesmo que ligeiramente, a perspectiva predominante em Portugal sobre a realidade política norte-americana, não foi alcançada; a desinformação, a omissão, e por vezes a pura e simples mentira, beneficiando «burros» e prejudicando «elefantes», ainda são constantes e até ridiculamente hilariantes – por exemplo (apenas um entre vários), o recente «espectáculo» de Barack Obama a chorar «lágrimas de crocodilo» pelas mortes resultantes da suposta falta de «gun control» foi «engolido» acrítica e emocionalmente pela generalidade dos principais órgãos de comunicação social nacionais. Consequência habitual e quase inevitável: a multiplicação de leitores-consumidores-cidadãos ignorantes, iludidos, pouco exigentes, prontos a ceder aos seus preconceitos, e capazes de escreverem – e de acreditarem – em imbecilidades como «o seu legado é maior do que julgamos: nunca haverá alguém tão fixe e humano como este Presidente». Admito: quando se lê algo como isto, escrito por alguém (que, aliás, eu conheço pessoalmente) que já tem idade para ter juízo, que deveria pelo menos suspeitar de que pode haver «outro lado da História», é difícil não pensar que, de algum modo, se falhou. 
Nos últimos sete anos – e a ver vamos o que acontece neste oitavo que agora começou, embora tenha poucas ou nenhumas expectativas nesse âmbito – nunca fui convidado para participar em qualquer programa de rádio ou de televisão, ou para dar uma entrevista, ou um mero depoimento, relativamente a este meu trabalho sobre o que se passa na grande nação do outro lado do Atlântico – e, acreditem, tal não se deveu a falta de contactos, de dinamismo ou de insistência da minha parte. Em certos casos, e como já denunciei, isso deveu-se a deliberada discriminação. E, no entanto, outros «comentadores», outros «especialistas» houve que, apesar de estarem semanas, e às vezes meses, sem «postar» algo de novo, lá iam sendo solicitados para debitar as suas – muitas vezes deficientes – impressões… Assim, e como habitualmente, os únicos espaços que me resta(ra)m para o confronto de ideias e o debate de opiniões, factos e argumentos – confronto e debate que eu, evidentemente, me esforço sempre por manter minimamente civilizado, cordato – foram, são, os comentários em blogs que eu vou visitando, e em que sinto – consoante as circunstâncias e os contextos – ser meu dever intervir. Neste ano que passou, e neste âmbito, merecem registo as minhas intervenções no: Estado Sentido; Der Terrorist (uma, duas, três); Aventar (uma, duas, três, quatro, cinco, seis); Actualidade Religiosa; Delito de Opinião (uma, duas); e Praça do Bocage
… E, como se pode verificar, foi no Aventar, e em especial com (o entretanto falecido) João José Cardoso que tive as mais «acesas» discussões – vale a pena lê-las na íntegra (mas a minha opinião é «suspeita»…). Da(s) minha(s) parte(s), merecem destaque: «Não é correcto classificar o KKK como uma “milícia cristã”, por mais cruzes que eles usassem (e queimassem)… não seguiam, de certeza, os ensinamentos de amor ao próximo e de tolerância preconizados por Jesus. Era, é, antes de mais, um grupo supremacista, racial, político, “braço armado” do Partido Democrata racista, segregacionista, esclavagista. E foi criticado, condenado, combatido, por muitas igrejas cristãs dos EUA»; «o Partido Democrata, com Barack Obama, acelerou a “deriva esquerdista” que se iniciara antes, através de Jimmy Carter, Lyndon Johnson, e, até, com Franklin D. Roosevelt. Um partido que agora preconiza, entre outras “causas”, o aumento de impostos, a criação de um “sistema nacional (estatizado) de saúde” (o denominado «ObamaCare»), a limitação de posse e uso de armas, o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo e o reconhecimento do regime dos irmãos Castro em Cuba não é, certamente, de direita; em termos “portugueses”, o PD está entre o PS e o BE. O Tea Party é um movimento que tem como objectivos a diminuição da carga fiscal e da presença (e do “peso”) do Estado na sociedade; o “nacionalismo” não é um conceito que lhe esteja associado (pelo menos directamente), e não é, indubitavelmente, “liberal”, termo que nos países anglófonos é relativo à esquerda – sendo que “conservador” é o correspondente à direita». Não sendo possível mais, temos de nos resignar ao que temos; mas, nesta «guerra», nenhum «campo» é demasiado pequeno, nenhuma «batalha» é pouco importante.
(Adenda – Exemplos recentes que demonstram – e tal nem seria necessário – de como a ignorância, ou pior, existente em Portugal sobre os EUA assume invariavelmente aspectos lamentáveis, são os artigos recentes de João Lopes, que - «surpresa»! – (des)classificou de «medíocre» o novo filme de Michael Bay, «13 Horas», e de Rui Moreira, que (des)classificou de «populista e racista» Barry Goldwater; pelo estatuto que eles têm, tais atoardas são – ou deveriam ser – inadmissíveis. Também não ajuda que se (re)publiquem em português idiotices com o título «A América virou à esquerda», o que é desmentido pela simples análise da composição do Congresso federal e dos congressos estaduais e da distribuição dos governadores. Porém, e lá está, sempre há gente disposta a acreditar em tudo o que prefere… «O próximo Presidente democrata será mais liberal do que foi Obama, o próximo Presidente republicano será mais liberal do que foi George W. Bush»?! Os anos passam, a ciência avança, mas os «videntes» de pacotilha permanecem.)  

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Ano Oito

O Obamatório celebra hoje o seu sétimo ano de existência, e, óbvia e simultaneamente, entra no seu oitavo ano… que será o último com a «intensidade», o «ritmo», registados desde 2009 (àqueles que poderão dizer que o número de textos por ano diminuiu, o que é verdade, eu respondo que a sua dimensão tem aumentado…) Não, este blog não irá «fechar portas» em Janeiro de 2017, com a tomada de posse do 45º Presidente dos Estados Unidos da América – seja ele, ou ela, quem for, independentemente de ser democrata ou republicano(a). O objectivo principal sempre foi registar e comentar a presidência de Barack Obama, e aquele será conseguido, finalizado, realizado, quando ele sair da Casa Branca. E, felizmente, só faltam 12 meses…
… E, depois disso, neste espaço, far-se-ão – não sei por quanto tempo, mas far-se-ão – ocasionais, pontuais, apontamentos sobre as consequências, os «ecos», a «ressaca» destes dois mandatos que tão prejudiciais têm sido – e continuam a ser – para os EUA e para o Mundo. E nada poderia ter salientado mais nitidamente esse facto do que o último – e foi mesmo o último! – discurso do Estado da União – ou «estado de negação»? – feito pelo Sr. Hussein no Congresso, no passado dia 12 de Janeiro. Não só pelo conteúdo, previsível na sua descrição de uma realidade alternativa, de um mundo de fantasia, enfim, em mais uma série de mentiras e de demonstrações de demagogia, em completo desfasamento com os factos
… Mas também pelo contexto desse discurso: o de uma humilhação às mãos do Irão. Exactamente no mesmo dia, e algumas horas antes, dois barcos da Marinha dos EUA, e os respectivos tripulantes, foram aprisionados por forças de Teerão, que alegaram – o que não ficou demonstrado – que aquelas embarcações haviam entrado indevidamente nas suas águas territoriais; os militares norte-americanos passaram pela vergonha de lhes ser apontadas armas, de terem as mãos atrás da cabeça, detidos (com a única mulher do grupo a ter de envergar um hijab), interrogados e – através de um deles, que poderia (deveria?) ir a conselho de guerra por causa disso – a pedir desculpa perante uma câmara de televisão iraniana. Se alguém, perante isto, pensou em «1979», «embaixada» e «Jimmy Carter», compreende-se... Se tudo isto já era suficientemente mau, pior ficou quando a actual administração tentou desvalorizar e até desculpabilizar a actuação das autoridades de Teerão, e agradeceu, através de John Kerry, a rápida libertação dos militares – algo, alegou-se, decorrente do novo clima de «desanuviamento» resultante do acordo nuclear com os persas… sim, aquele acordo que, basicamente, não impede que os «ai-as-tolas» construam a bomba atómica e lhes entrega 150 biliões de dólares para fazerem o que quiserem… eventualmente, apoiar mais uns quantos grupos e acções terroristas.
O «melhor», porém, estava para vir, e não tardou, apenas quatro dias depois: uma troca de prisioneiros entre os dois países – na verdade, quatro reféns norte-americanos (civis, inocentes, detidos pelos iranianos, alguns há vários anos, incluindo um clérigo e um jornalista) por sete criminosos iranianos – que evoca o mau negócio feito por Bowe Bergdahl (este, sim, já em conselho de guerra), que como que incentiva a que mais cidadãos dos EUA sejam capturados para serem obtidas vantagens, e que «esclarece», três meses depois, a (ofensiva) afirmação do Secretário de Estado de que não se devia deixar o acordo (com o Irão) «refém dos reféns»; e o levantamento das sanções económicas, decididas pelo Sr. Hussein em mais uma ordem executiva ilegal, pois trata-se de outra matéria da competência do Congresso: assim desrespeitou aquele mais uma vez, depois de lá ter feito o «SOTU», que, com ele, é mais do tipo «STFU»…
… E, sim, ele deveria ter aproveitado a ocasião para demitir-se, mas nem isso seria já suficiente, depois de tantas demonstrações, por ele e pela sua administração, de autêntica colaboração com os inimigos da nação – em outro exemplo de um comportamento que não seria exagero considerar… traiçoeiro, na mesma altura dez prisioneiros foram libertados, de uma só vez, de Guantánamo. A haver verdadeira justiça – e não falamos da «social» - na terra do Tio Sam, e se os republicanos, pressupondo que voltarão a ocupar o Nº 1600 da Avenida da Pensilvânia e que os «têm no sítio» (os actuais líderes do GOP no Capitólio não os têm), Barack Obama enfrentará uma acusação e, quiçá, a prisão. Entretanto, o ano que falta arrisca-se a ser o mais problemático, porque não restam dúvidas de que ele fará tudo o que bem entender. É o que os norte-americanos levam depois de uma maioria deles ter eleito, por duas vezes, alguém que: favorece uma «autoridade internacional»; apresenta «duas falsas escolhas»; demonstra uma persistente «inabilidade em perceber a realidade»; confunde liderança com «falar torrencialmente»; tem uma dúbia noção do que é verdadeiramente «vergonhoso»; e que prefere ser «meteorologista» a comandante-em-chefe. Por isso, é melhor «agarrarem-se»… porque a «ponta final» desta «viagem» arrisca-se a ser bem «agitada».

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A mais estúpida de 2015

Não será tão exagerado assim afirmar que as frases mais estúpidas de cada ano, politicamente, nos Estados Unidos da América foram ficando cada vez mais estúpidas à medida que se avançava pelo mandato presidencial (agora prestes a entrar - finalmente! - nos últimos 12 meses do segundo termo) de Barack Obama. E a estupidez, evidentemente, é um reflexo e uma consequência da agressividade dos democratas perante a crescente erosão eleitoral do seu partido e a incerteza quanto ao desfecho da votação para presidente, que ocorrerá no próximo mês de Novembro. Incerteza essa, para eles, agravada por a sua candidata principal, Hillary Clinton, ter tantas debilidades que um novo triunfo para os «burros» é cada vez mais duvidoso…
… Pelo que de «criatividade» - e de imbecilidade – nas palavras não tem havido escassez. Assim, nas «finalistas» para a afirmação mais estúpida de 2015 há, novamente, uma considerável diversidade; porém, e o que também não surpreende, vários dos «protagonistas» (pelos piores motivos) são «repetentes». Desde logo, nada mais nada menos do que três «vencedores» anteriores estão novamente presentes: Debbie Wassserman Schultz, que triunfou em 2011, disse que os candidatos a presidente pelo Partido Republicano estão «dizendo “sim, vamos correr com as mulheres e com os imigrantes para fora deste país, vamos tirar os cuidados de saúde às mulheres”»; Chris Matthews, que triunfou em 2012, disse que «não estou certo de que “hispânico” seja a palavra indicada para eles (Marco Rubio e Ted Cruz), porque são nacionais cubanos ou seja lá o que for, ou vêm de Cuba», e, depois, e especificamente sobre o senador do Texas, especulou sobre «o horror de este país possivelmente ser liderado por Cruz, um inimigo do Estado»; Paul Krugman, que triunfou em 2014, disse que «existe um nível de abertura na esquerda para, pelo menos, reconhecer que existem outros pontos de vista, nível esse que não é simétrico à direita».         
Bojardas bem idiotas, sem dúvida, mas não o suficiente para lhes dar pela segunda vez o «troféu» tão «cobiçado». Melhor teria sido, talvez, eles orientarem a bazófia para a temática das «alterações climáticas» e do «aquecimento global», onde quase diariamente se estabelecem novos máximos de estupidez ou de pura e simples loucura. Barbara Lee (representante da Califórnia, obviamente!), apresentou uma proposta de resolução na qual afirma que «as mulheres enfrentarão desproporcionalmente os impactos danosos das alterações climáticas, e, com recursos sócio-económicos limitados, poderão estar vulneráveis a situações tais como trabalho sexual, sexo transaccional e casamento prematuro, que as colocam em risco de contrair HIV e (outras) doenças sexualmente transmissíveis, gravidez não planeada e pobre saúde reprodutiva»; Joe Biden, que disse que todos os que negam a existência de alterações climáticas, e em especial os republicanos, «também negam a (existência de) gravidade»; Jerry Brown, que acredita que a situação é tão má, tão preocupante, que «estamos a falar sobre extinção»; e Martin O’Malley, para quem as alterações climáticas «criaram os sintomas, ou as condições de pobreza extrema que levaram à expansão do ISIL e a esta violência extrema».
Outra «categoria» (ou falta dela) em que habitualmente se «apuram» muitas candidatas à frase mais estúpida é a da – eufemismo! – «descrição mais desfavorável» de republicanos e de «right-wingers», e do que eles pensam, dizem, fazem… ou tentam fazer. Neste âmbito 2015 viu serem proferidas «pérolas» verbais como: «se vamos começar a denunciar por extremismo grupos religiosos e políticos, podíamos começar em casa com os republicanos», de William Saletan (que «escreve» para a Slate); «desejo que existisse um Partido Republicano que fosse efectivamente à procura dos votos de afro-americanos e que, tipo, não fosse racista», de Eugene Robinson (que «escreve» para o Washington Post); «a Loretta Lynch, a primeira mulher afro-americana a ser nomeada para (o cargo de) procurador(a)-geral, é-lhe dito para se sentar na traseira do autocarro quando se trata do calendário do Senado», de Dick Durbin, senador do Illinois; «existe uma diferença de vileza (“vileness gap”) que se está a desenvolver entre os nossos partidos políticos, eles não falam desta maneira no Partido Democrata, e isto não é um comentário partidário, é uma examinação do registo e da retórica», de Jonathan Alter (que «escreve» para o Daily Beast); «(Estou) Agora a caminho do chão do Senado para discutir a horrífica proposta de lei, que proíbe abortos depois de 20 semanas, que o GOP quer que votemos amanhã», de Elizabeth Warren, senadora do Massachusetts, que, tal como Barack Obama, Hillary Clinton, Wendy Davis e muitos outros «liberais» e «progressistas», não se opõe a que uma interrupção voluntária da gravidez possa ser feita inclusivamente aos nove meses.
Uma área de estupidez em expansão é a que desvaloriza e despreza os EUA e os norte-americanos em geral e, em simultâneo, valoriza o(s) estrangeiro(s), com destaque para imigrantes – em especial se forem ilegais – e «refugiados». Nesse (perigoso) sentido se dirigiram, em 2015: Bill Richardson, com «Kim Jong-un tem sido vítima de muita má imprensa, de muita má atenção internacional»; Bill de Blasio, com «não queremos que quaisquer dos nossos conterrâneos nova-iorquinos se sintam como cidadãos de segunda classe, não queremos que eles se sintam deixados de fora» (sim, o mayor da «grande maçã» falava dos ii’s a quem decidiu atribuir cartões de identificação); Jared Polis (representante do Colorado), com «este congresso republicano está a levar-nos para uma América onde, qualquer dia, poderá haver mais pessoas aqui ilegalmente do que as que estão aqui legalmente»; Trevor Noah, com «eu não diria que (os EU d)a América são um país de supremacia branca, mas acredito que sofre de um nível de segregação racial institucionalizada» (ou seja, o sul-africano e substituto de Jon Stewart na apresentação do «The Daily Show» crê que nos EUA existem ainda áreas, casos ou instâncias em que o racismo é legal… mas não deu quaisquer exemplos); Dana E. Abizaid (que «escreve» para a Salon), com «nós (os americanos) somos os terroristas no Médio Oriente, e a nossa comunicação social cúmplice nunca dirá a verdade». Decorrente e/ou contígua ao anterior é o (novo?) sub-género de estupidez específico do ódio à polícia, fomentado e/ou corporizado grandemente pelo movimento «Black Lives Matter», e nele se destacaram (que «surpresa»!) dois apresentadores da MSNBC, que propuseram basicamente o mesmo embora com palavras diferentes: Ed Schultz, «que tal desarmar a polícia?»; e Alex Wagner, «existem questões mais abrangentes, que abordaremos depois, sobre se policiar de todo (isto é, existir polícia) é ou não apropriado».
Entretanto, e evidentemente, nunca faltam (estúpidos) exemplos para o segmento «coisas incríveis, até inacreditáveis, que Barack Obama disse, e que outros disseram sobre ele e/ou a sua presidência». Atente-se em: David Axelrod a dizer «estou orgulhoso pelo facto de, basicamente, termos uma administração instalada há seis anos e na qual não houve um grande escândalo, o que diz muito sobre as suas estruturas éticas»; e Eric Holder a dizer (despedindo-se dos seus subordinados ao deixar de ser procurador-geral) «penso que daqui a 50 anos, ou talvez mais cedo do que isso, as pessoas olharão para o trabalho que todos vocês fizeram e dirão que esta foi outra idade de ouro (do Departamento de Justiça)». Por seu lado, o ex-chefe dos dois não dá sinais de ter debelado os seus delírios megalómanos, narcisistas… e imbecis. É vê-lo e ouvi-lo (e lê-lo): a declarar-se «profundamente dedicado a proteger este direito constitucional fundamental»… o do aborto (!!)… e, supostamente, ele é especialista em Direito Constitucional (e mostra-se renitente à intrusão do governo federal nas decisões pessoais neste âmbito, quando… é exactamente isso o que o «ObamaCare» constitui); a ufanar-se (perante crianças) de que (precisamente!) «lembrei-me de inventar coisas como os cuidados de saúde»; a avisar que «ao longo do próximo ano vão ouvir muitas promessas de muitas pessoas, que vão fartar-se de fingir» (olha quem fala… «apenas» o vencedor da «mentira do ano 2013»); e a garantir (a Vladimir Putin?) que «o que eu não estou interessado em fazer é em posar ou em perseguir qualquer noção de liderança americana ou de América vencendo, ou de quaisquer outros lemas que eles se lembrem de arranjar»… sim, não é novidade que o Sr. Hussein não (nunca) teve como objectivo principal o fortalecimento do seu (?) país.
Por muito lamentáveis que sejam – e são – estas (e outras) declarações do Nº 44, não é ele, no entanto, o «agraciado» com o «prémio» de «a mais estúpida (frase) de 2015». Quem o conseguiu foi… (rufar tambores) Hillary Clinton! Na verdade, a esposa de Bill constituiu-se no ano passado como uma autêntica «categoria de estupidez» unipessoal e ambulante. E qual foi a atoarda que lhe deu o triunfo? Não foi «a cada sobrevivente de um assalto sexual… tem o direito de ser ouvida, tem o direito de ser acreditada, estamos consigo» («nada» hipócrita, vindo de quem atacou as amantes e as vítimas de assédio do marido); não foi «as alterações climáticas constituem uma das razões para a crise de refugiados da Síria» (concorda, pois, com os seus «rivais» na nomeação democrata, Bernie Sanders e Martin O’Malley); não foi (mas até que podia ser… esta ficou em «segundo lugar») «os muçulmanos são pessoas pacíficas e tolerantes e nada têm a ver, de todo, com o terrorismo»…
… Mas, sim, foi «a ideia de que são necessárias mais armas para parar pessoas que estão a cometer tiroteios em massa é não só ilógica mas também ofensiva». Recordo: para obter a «distinção» de «mais estúpida» uma frase não deve apenas ser ridícula, hilariante, sem razoabilidade, assentar em falsidades e em mentiras, mas ainda, se concretizado o «pensamento» que lhe esteve na origem, poder eventualmente conduzir a situações potencialmente perigosas. Acredito que «a mais estúpida de 2015» preenche aqueles (lamentáveis) requisitos.