segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Obituário: Antonin Scalia

(Uma adenda no final deste texto.)
Não são, de facto, e felizmente, muitos: este é apenas o segundo obituário no Obamatório: o primeiro, há quase quatro anos, foi sobre Andrew Breitbart, e hoje é sobre outro grande vulto do conservadorismo norte-americano, que faleceu no passado sábado, no Texas, devido a um (aparente) ataque cardíaco: Antonin Scalia, juiz do Supremo Tribunal dos Estados Unidos da América, escolhido e nomeado em 1986 por Ronald Reagan e confirmado no Senado por 98-0. Mas, infelizmente, a sua morte dificilmente poderia ter acontecido em pior momento – aliás, para Mark Levin foi mesmo um «absoluto desastre» e para Ben Shapiro poderá significar «o fim da Constituição». E ela seria sempre de lamentar porque o eminente constitucionalista, nascido em 1936, que disseminou a sua sabedoria e sensatez em muitas sentenças e frases, constituiu sempre um combatente corajoso e temível contra os abusos da esquerda, quer estivesse na maioria quer na minoria aquando das decisões do SCOTUS, em especial em casos relativos à posse e uso de armas e ao «casamento» entre pessoas do mesmo sexo – quanto a este, o seu texto de «dissent» (que aqui divulguei na altura) perdurará sempre como uma exaustiva, lúcida e valorosa denúncia das perversões que o «politicamente correcto» - e juridicamente incorrecto – pode proporcionar.
O estatuto – e a estatura (se não física, então moral) – de Antonin Scalia tiveram o condão de, mesmo que brevemente, unir os actualmente tão desavindos candidatos presidenciais do Partido Republicano (enfim, os que ainda continuam na «corrida»…) no elogio à sua pessoa, à sua vida e obra: Jeb Bush, Ben Carson, Ted Cruz, John Kasich, Marco Rubio e Donald Trump pronunciaram-se nesse sentido; de destacar as homenagens expressas também por George W. Bush e Jeff Sessions. Quanto aos democratas, e com a excepção bem-educada, honesta e respeitosa (neste caso) de Bernie Sanders, as reacções não primaram pelo decoro. Desde logo, pelo oportunismo e pela pressa por eles expressas em, ainda antes de o corpo do juiz ter arrefecido, procederem à sua substituição. Barack Obama, que não reagiu imediatamente à notícia – o seu pessoal na Casa Branca fê-lo por ele – porque («surpresa»!) estava a jogar golfe, depois deixou bem clara a sua intenção. Porém, no Senado, e mais concretamente para a liderança (republicana) do mesmo, não há qualquer vontade de sequer ouvir – quanto mais confirmar – algum eventual candidato que o Sr. Hussein proponha, e Mitch McConnell já reiterou essa (o)posição. Porquê? Porque há uma tradição – seguida por «azuis» e por «vermelhos» nos últimos 80 anos – de não preencher vagas no STJ dos EUA no último ano de mandato de um presidente… e porque, obviamente, da parte do GOP não há qualquer vontade em dar a mais pequena possibilidade de que (mais) um juiz liberal seja empossado para ajudar na «transformação fundamental» preconizada pelo Sr. Hussein e pelos seus «camaradas». E o próprio Scalia, compreensivelmente, não gostaria que o seu substituto desfizesse aquilo que ele fez. Bob Woodward tem a certeza de que Obama não pode(ria) levar a sua avante neste caso através de uma ordem executiva, mas, sabendo (de ginjeira!) como ele é, não me admiraria que tentasse…
A ausência de decoro neste assunto por parte dos democratas também se nota na – flagrante e desavergonhada – hipocrisia, tão intrínseca às suas atitudes e comportamentos: tanto Barack Obama como Chuck Schumer já foram entretanto «apanhados» a defenderem actuações opostas consoante o presidente em exercício fosse (seja) «burro» ou «elefante». No entanto, a contínua «vira-casaquice» dos democratas na política, mais uma vez desmascarada com a morte de Antonin Scalia, até é civilizada se comparada com o contentamento manifestado por democratas no entretenimento e na comunicação social pela morte do juiz, revelando o seu muito baixo nível, a sua vileza… enfim, o habitual. Ao mesmo tempo, mais ou menos as mesmas pessoas começaram a desejar que Clarence Thomas, e o mais rapidamente possível, «seguisse o exemplo» de Scalia – nada mais «normal» do que militantes e/ou votantes e/ou apoiantes do PD (com ou sem capuzes e mantos brancos) a quererem que um afro-americano que não lhes obedece receba um «castigo»… definitivo. Se eu fosse da mesma laia desejaria que Ruth Bader Ginsburg fosse a próxima da «lista», e depressa. Mas não sou. ;-)
(Adenda – Realizou-se ontem o funeral de Antonin Scalia, que incluiu (pormenor particularmente comovente) uma missa conduzida pelo seu filho Paul. Entre os que compareceram estava Ted Cruz, apesar de haver quem tivesse dito que ele não iria. Porém, quem de facto não apareceu foi Barack Obama, e o facto de, na véspera, ter comparecido na vigília – por menos de dois minutos! – não compensa, de todo, a deselegância, sem dúvida cometida por motivos ideológicos. Como posso ter a certeza? É suficiente saber a que funerais o Sr. Hussein foi enquanto presidente: nenhum de uma só personalidade conservadora, mais à direita; um de alguém que ele não conhecia pessoalmente (ao contrário do juiz do Supremo Tribunal dos EUA); um de um racista que foi dos principais líderes do Ku Klux Klan, organização associada ao Partido Democrata de que ele faz parte.)  

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