domingo, 26 de junho de 2016

Cuspir nos cadáveres

(Uma adenda no final deste texto.)
Há ocasiões, há acontecimentos – incluindo os horríficos, os infelizes, os trágicos – que aconselham a que se espere algum tempo para mais e melhor se adquirir a (e reflectir sobre a) informação disponível antes de se fazer um comentário minimamente fundamentado. Há cerca de duas semanas, a 12 de Junho, aconteceu na Flórida, e mais concretamente em Orlando, aquele que foi o maior assassinato colectivo por armas de fogo na história dos Estados Unidos da América, e, ao mesmo tempo, o pior atentado terrorista no país desde 11 de Setembro de 2001…
… Quando um individuo chamado Omar Mateen, cidadão norte-americano muçulmano de origem afegã, matou 49 pessoas e feriu mais de 50 no Pulse, um clube homossexual daquela cidade. Repare-se em como este criminoso constituía um autêntico «três em um» do mal, do ódio, da perversão: durante o ataque ele telefonou para a polícia reivindicando o atentado em nome do ISIS e jurando fidelidade ao líder daquele, Abu Bakr Baghdadi: existem relatos, informações, de que Mateen seria ele próprio homossexual, embora não assumido; e, mas isto está confirmado, era um democrata registado – repito, um democrata registado. Porém, quem é que a esquerda, Partido Democrata, «liberais» e «progressistas», lamestream media, culpam principalmente, se não exclusivamente, pelo ocorrido? «Obviamente», a direita, Partido Republicano, cristãos e conservadores, a NRA. Por exemplo, é ver, e vomitar, com o que ACLU, New York Times, Reddit, Rolling Stone, Salon, afirmaram, escreveram, fizeram.
Espantoso? Estranho? Indigno? Insólito? Revoltante? Sim, mas não surpreendente… pelo menos, não para quem conhece de facto como é, como se processa, a politica norte-americana das últimas décadas, e a relação de forças – e de fraquezas – entre os seus protagonistas mais importantes. Ou para quem lê e consulta regularmente o Obamatório…
O que aconteceu em Orlando veio demonstrar que, infelizmente, pouco ou nada se aprendeu com os anteriores ataques em São Bernardino e em Boston. Que o «politicamente» («religiosamente», «culturalmente») correcto implementado, imposto, por Barack Obama em todos os níveis da administração pública, incluindo as forças policiais, tem causado graves danos, que se estendem lamentavelmente à perda de inocentes vidas humanas. Os receios, e acusações, de «islamofobia» têm feito com que muitos e variados «sinais de alarme» relativos a certas pessoas e aos seus comportamentos não sejam detectados, e, se e quando o são, não sejam valorizados. Na verdade, há anos que Omar Mateen «avisava» que poderia um dia causar problemas graves, de que há a destacar: aquando do 9/11 celebrara os ataques e afirmara que a América os merecera; um colega dele já denunciara, ao patronato da empresa de segurança (!) em que ambos trabalhavam, estranhas e desagradáveis atitudes do futuro terrorista; o FBI já o havia investigado em 2013 e em 2014 e não o considerara uma ameaça; e, em Abril deste ano, o FBI foi contactado por elementos do DisneyWorld (localizado em Orlando), que suspeitaram de Mateen e a esposa depois de o casal ter visitado o famoso parque de diversões…       
Se o «antes» do atentado já foi mau, o «depois» foi ainda pior. Como em outras ocasiões semelhantes, os democratas não esperaram que os corpos das vítimas arrefecessem para deles se aproveitarem de modo a reafirmar os seus habituais – e errados – dogmas políticos. Porque obviamente que não iriam clamar por maiores e melhores medidas contra o islamismo radical; o que eles querem, sim,é mais gun control, maior controlo de armas, uma diminuição da capacidade de os cidadãos se defenderem. O Pulse – do qual Omar Mateen era, ao que consta, um cliente regular – é, como não podia deixar de ser e como não é difícil de adivinhar, (mais) uma gun free zone. Pelo que os «burros» mais não fizeram do que, simbolicamente, ou até literalmente, cuspir nos cadáveres de cinco dezenas de membros de uma comunidade – a LGBT – de qual se proclamam como os principais defensores…
… Embora, na realidade, não o sejam. Demonstrando, novamente, que são, sim, mais do que hipócritas, uns demagogos sem vergonha, vários representantes do PD na Casa decidiram organizar uma «festa temática» cujo tema foram os anos 60… nada mais, nada menos do que um «sit in» em que, literalmente, se sentaram no chão daquela câmara do Congresso de modo a exigirem à maioria republicana – que, vá lá, não alinha em todas as depravações azuis – que retirasse direitos constitucionais, isto é, os conferidos pela Segunda Emenda, a todos os cidadãos que, muitas vezes arbitrariamente e sem conhecimento dos próprios, têm os seus nomes colocados em «listas negras» - como a «no fly list» e a «terror watch list» - elaboradas por organismos do governo federal; não se tratou, como eu ouvi a mais do que um órgão de comunicação social português, de implementar e de expandir background checks, verificações de segurança e tempos de espera, que aliás já se aplicam em muitos Estados (e que raramente têm efeitos positivos), mas sim de negar a cidadãos o due process, o direito de terem os seus casos dirimidos em tribunais. Pormenor particularmente ridículo em toda esta palhaçada? O de John Lewis, um dos líderes deste quase shutdown, já ter estado igualmente numa dessas famigeradas listas, e de o seu mentor e líder da campanha dos afro-americanos pela igualdade, Martin Luther King (que usava armas!), também!   
Saúde-se ao menos, e desta vez, a honestidade de um colega de bancada de John Lewis, Charles Rangel, que admitiu acreditar que eles, representantes do povo, merecem mais ser protegidos por armas e por homens armados do que o povo que representam! Povo que, para a actual administração, mais não é do que uma maralha ignorante e facilmente influenciável e manobrável, porque, através do Departamento de (in)Justiça, decidiram publicar a transcrição das comunicações de Omar Mateen com a polícia… mas na quais todas as referências ao ISIS foram apagadas! A gozação foi tanta e tão feroz que os obamistas lá divulgaram depois a versão integral, não «corrigida», da transcrição… Evidentemente, esta não foi a primeira vez que os patéticos «pajens» do Nº 44 se serviram da censura para (tentar) ocultar a «verdade inconveniente» da existência do terrorismo islâmico e da violência agravada e generalizada que lhe é inerente. Contudo, qual é a surpresa? Os (maus) exemplos vêm de cima, e o «chefe» deles é, além de um incompetente com mau carácter, um ideólogo vil que cresceu e se formou rodeado de comunistas e de muçulmanos. Os cerca de seis meses que faltam para ele sair da Casa Branca vão custar mesmo muito a passar.
(Adenda – Não é novidade que a «comunidade LGBT» não prima propriamente pela consistência e pela inteligência quando se trata de mostrar o seu «orgulho»; nem, frequente e ironicamente, pela coragem. Na recente parada «arco-íris» em Nova Iorque, realizada duas semanas após o ataque em Orlando, podia ler-se numa enorme faixa: «ódio republicano mata». Repito uma segunda vez: era democrata, além de muçulmano, o autor do atentado… Aliás, antes, activistas homossexuais já haviam protestado contra Donald Trump às portas da sua «torre» na «Grande Maçã»… não é curioso eles nunca se manifestarem frente a mesquitas? Entretanto, bem que podiam pedir protecção àqueles democratas no Congresso que, apesar de exigirem, até com «birras» indignas de adultos, (mais) controlo ou mesmo confiscação de armas, não deixam de ter as suas…)           

Sem comentários: