quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Nos prémios «Blogs do Ano» da MC

Após uma prolongada e ponderada reflexão (na verdade, nem por isso…) decidi participar, com o Obamatório, nos prémios «Blogs do Ano», promovidos pela Media Capital. Enviei a minha inscrição hoje, último dia do prazo… Obviamente, não espero de todo ser o vencedor, nem na categoria específica («Política, Economia e Negócios») nem na principal geral, o «Blog do Ano» propriamente dito. O que não me impede de considerar, «objectivamente» e sem falsas modéstias, que o Obamatório é o blog, mais do que do ano, da década! ;-)
Falando a sério, esta iniciativa poderia até constituir uma oportunidade, mesmo que indirectamente, para a MC, que detém a TVI, me compensar de algum modo pela censura que aquela estação de televisão me fez não uma mas sim duas vezes entre 2013 e 2015. Porém, e realisticamente, por isso bem posso esperar sentado… Não é esta, no entanto, a primeira vez em que concorro com o Obamatório a uma «competição» de blogs: a anterior (e única até agora) foi em 2012, no «Blogs do Ano» realizada pelo (também) blog Aventar, com um desempenho que se pode considerar honroso.

sábado, 27 de agosto de 2016

Anatomia de Grayson (Parte 3)

Caras e caros leitora(e)s do Obamatório: acaso sentiam necessidade e/ou saudade de mais uma selecção de alguns dos mais recentes, revoltantes e/ou risíveis dislates de Alan Grayson? Não? Pois, eu também não… mas manda a exigência de rigor e a preocupação pela sanidade proceder, com uma regularidade mínima, a uma verificação (ou uma confirmação…) do estado mental (deplorável) dessa autêntica personificação da parvoíce «progressista» na política partidária que é o representante da Flórida pelo Partido Democrata. E como tal não era feito aqui há quase seis anos (!), eis então uma dose de «sillyness» do autodenominado «congressista com tripas» («congressman with guts») também suficiente para alimentar toda e qualquer «silly season»…
… Que não seria necessário apresentar se, depois de ter sido derrotado pelo seu rival republicano Daniel Webster em 2010, ele tivesse reflectido e em definitivo desistido de se dedicar à «coisa pública» e voltado à «vida civil». Mas não: um novo distrito eleitoral (o 9º) foi criado naquele Estado, e em 2012 ele candidatou-se e venceu a respectiva votação. Pelo que o Congresso voltou a «beneficiar» da sua presença e da sua participação… em adicionais episódios embaraçosos. Como: afirmar que a anexação da Crimeia pela Rússia constituiu «uma transferência de poder virtualmente sem derramamento de sangue», pela qual, aliás, os EUA deveriam estar contentes («pleased»); assegurar que «o aborto não é homicídio»; troçar de Marco Rubio por este ter proposto fazer de Setembro o mês dedicado à divulgação das doenças da espinal medula. Nada disto, por insultuoso que seja, é verdadeiramente surpreendente para quem esteja a par das atitudes e dos comportamentos de Alan Grayson no passado…
… Porém, já é causa de algum espanto (ou talvez não…) a sua própria, privada «guerra à mulher»: em Março de 2014 soube-se que ele havia sido objecto de uma queixa de violência doméstica pela sua então esposa (entretanto divorciaram-se), tendo aquela recebido de um juiz da Flórida uma «temporary protective injuction», uma ordem do tribunal proibindo ao então marido qualquer contacto com ela. Na verdade, Lolita Grayson alegou que sofreu repetidos abusos físicos – dos quais existirão registos policiais e hospitalares desde 1994 – durante o casamento de 25 anos que a uniu ao controverso político… que, note-se, voltou a casar em Maio último, e com uma mulher, Dena Minning, que agora concorre ao seu lugar em Washington – o que poderá parecer insólito, mas adiante se explicará porque não é. Dois anos depois o assunto ainda é melindroso o suficiente para Alan Grayson ameaçar um jornalista do Politico que teve a (infeliz?) iniciativa de lhe pedir um comentário às acusações da sua ex - que ele nega veementemente.  
A quem perguntar se a situação de Alan Grayson poderia ficar pior depois disto, a resposta é… sim, pode! Em Fevereiro último o New York Times revelou que Grayson leva(va) uma «vida dupla»: havia criado e geria um «hedge fund», isto é, um fundo de protecção ou cobertura de risco, que, na prática, é um tipo de fundo de investimento altamente especulativo que visa rentabilizar ao máximo os capitais que lhe são confiados; enfim, algo contraditório para alguém que se destacara por criticar «psicopatas gananciosos» à direita, nomeada e obviamente os irmãos Koch; afinal, este «campeão dos progressistas» decidiu lançar-se em actividades capitalistas a partir do «paraíso fiscal» das ilhas Caimão, com o «nada» narcisista «Fundo Grayson» (posteriormente rebaptizado «Fundo Sibylline»… sibilino?!), criado em 2013, e que procuraria lucrar de situações resultantes de «desastres económicos, políticos e naturais», e em que numa das suas comunicações de angariação usou a famosa frase da família Rothschild que diz «o tempo de comprar é quando há sangue nas ruas»! Como não poderia deixar de ser, esta revelação suscitou a instauração de um inquérito pelo Comité de Ética da Casa, que, num relatório apresentado em Abril, concluiu que há «razões substanciais para acreditar» que AG violou leis federais e regras do Congresso por iniciar e desenvolver esta carreira paralela ao seu cargo de político eleito. No entanto, e comprovando – como se tal fosse necessário – que ele não tem o mínimo de vergonha na cara e que a hipocrisia é a sua essência, reagiu à «bronca» com a imaturidade previsível e, posteriormente, teve a «lata» de (novamente) criticar Wall Street!
Em circunstâncias normais, com pessoas normais, uma tal sucessão de situações escabrosas, escandalosas, levaria o envolvido a demitir-se, a fugir, a talvez tentar refugiar-se num (difícil) anonimato durante algum tempo… mas, todavia, não se está a lidar aqui com pessoas normais. Alan Grayson não só se mantém no seu posto como quer passar para um que está no patamar acima – e, lá está, «passar o testemunho» à sua actual esposa; mais concretamente, quer vencer e substituir Marco Rubio. O «congressista com tripas» quer ser o «senador com tripas»! Contudo, a sua (má) imagem até junto dos seus «camaradas» é tal que Harry Reid apelou a que ele desistisse e da corrida e, depois, disse-lhe pessoalmente que queria que ele perdesse! Em vez de se encolher, Grayson ainda mais se empertigou: declarou que é detestado pelo «establishment», pelas «elites corruptas» do Partido Democrata, sendo este uma ferramenta para a lavagem de dinheiro a favor de grandes doadores. Nada como uma (oportuna) «zanga de comadres» para se descobrirem (algum)as verdades…     

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Quem manda é ela

Em política – e não só nos EUA – uma das questões perenes é a de saber como abordar a presença e a eventual influência da família dos políticos e, em especial dos cônjuges. Havendo nesta actividade, como se sabe, ainda mais homens do que mulheres, é então sobre namoradas, esposas, companheiras de deputados (senadores, representantes), governadores… e presidentes que as atenções mais recaem. E afirmar que a elas caberá sempre uma posição secundária já não tem fundamento quando se vê qual foi o percurso de Hillary Clinton depois de ter sido primeira-dama do Arkansas e, depois, do país: senadora, candidata à presidência, secretária de Estado e, novamente candidata à presidência… e, desta vez, nomeada pelo seu partido.
Em relação a Michelle Obama já há quem queira «empurrá-la» para outros «voos» depois de o marido deixar a Casa Branca em Janeiro do próximo ano. Há que admiti-lo: comparada com Hillary Clinton e até com o próprio marido, ela não tem um passado repleto de «esqueletos no armário», de associações suspeitas ou mesmo criminosas, de afirmações incoerentes, insultuosas e mesmo incendiárias, não faz da mentira uma prática quase permanente. O que não quer dizer, evidentemente, que não tenha estado envolvida em algumas controvérsias desde que entrou no Nº 1600 da Avenida da Pensilvânia em Washington. Segue-se uma breve súmula das mesmas no último ano…  
… Das quais há a destacar antes de mais as duas vezes – uma numa cerimónia de formatura universitária, outra na recente convenção do Partido Democrata – em que ela disse que (desde 2009) «todos os dias acordo numa casa construída por escravos»… o que não é exactamente verdade, porque na Casa Branca trabalharam homens livres, e de outras etnias para além da africana. Mas porquê estragar as ilusões da ideologia (e a rescrita da História) com as evidências da realidade? E questionar as viagens e as visitas que a primeira-dama faz, em especial algumas que levanta(ria)m dúvidas legítimas devido ao custo ou até mesmo quanto ao local propriamente dito? Afinal, é mais fácil e mais «fofinho», tanto para jornalistas desonestos como para espectadores manipuláveis, ficar-se «derretido» com a presença de Michelle Obama num programa de «late night comedy» numa sessão de karaoke no carro com o apresentador daquele; e em que a artista mais cantada, mais elogiada, é Beyonce, que está longe de ser um bom exemplo mas que, em Portugal, é também vista por alguns como uma voz contra a violência quando, na verdade, está na prática a incitá-la.
A «missão» em que, porém, a primeira-dama mais se tem empenhado no seu «mandato» é o combate à obesidade nas escolas entre os jovens norte-americanos, através de uma iniciativa designada «Let’s Move». No entanto, aquilo que mais se tem… movido neste caso – como em tudo em que a esquerda se mete – é o Estado, a pressão e o poder da burocracia, do governo federal, que se traduz invariavelmente numa diminuição da liberdade (e da capacidade) de escolha. Na tentativa de imposição de uma «alimentação saudável» e da eliminação de «junk food», até biscoitos e sumos podem ser proibidos! O que explica a resistência de muitos dos «interessados, tanto alunos como professores e administradores dos estabelecimentos de ensino (públicos) abrangidos, que podem ver os seus financiamentos reduzidos ou mesmo retirados, e até a serem alvo de multas (!) caso se recusem a seguir as directrizes (ou doutrinas) nutritivas «progressistas»; houve quem não se deixasse intimidar e decidisse por se libertar desta «ditadura do palato». Todavia, e o que não surpreende, a campanha terá falhado em emagrecer… convenientemente os alunos, e havia indicações de que o Congresso poderia estar a preparar-se, enfim, para terminar mais esta experiência social esquerdista. É pois de admirar que ela não queira que se divulgue no Twitter o que foi o almoço depois das aulas?
Para descanso das mentes… e do metabolismo de muitos, já faltam só cinco meses para os Obama saírem. Barack até que estaria disponível para um terceiro termo, se não fosse a Constituição «e, mais importante, a Michelle, proibirem-no». Já não existiam muitas dúvidas, mas fica assim confirmado que quem manda é ela.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

O «Evangelho» segundo Matthews (Parte 4)

Caras e caros leitora(e)s do Obamatório: acaso sentiam necessidade e/ou saudade de mais uma selecção de alguns dos mais recentes, revoltantes e/ou risíveis dislates de Chris Matthews? Não? Pois, eu também não… mas manda a exigência de rigor e a preocupação pela sanidade proceder, com uma regularidade mínima, a uma verificação (ou uma confirmação…) do estado mental (deplorável) dessa autêntica personificação da parvoíce «progressista» na comunicação social que é o apresentador do programa «Hardball». E como tal não era feito aqui há quase dois anos, eis então uma dose de «sillyness» do «estadista da MSNBC» suficiente para alimentar toda e qualquer «silly season»…  
… E, como habitualmente, as atoardas dele podem ser divididas em duas «categorias» principais: uma, «não há pior do que os republicanos»; outra, «não há melhor do que os democratas». Quanto à primeira, as primárias para a nomeação do candidato do PR à presidência forneceu a CM muito material para… divagação. Os dois hispânicos na corrida eleitoral foram particularmente visados… e vilipendiados: Chris Matthews interrogou-se sobre se alguém veria um debate hipotético apenas entre «os dois gajos cubanos», e ambos se comportaram como «chacais» ao atacarem Donald Trump. Porém, o seu desprezo por Ted Cruz mostrou-se bem maior do que o por Marco Rubio: o senador do Texas «desfruta» (assim como Carly Fiorina) quando uma clínica que pratica abortos é atacada, «opera abaixo do nível da vida humana», usou de tácticas «mccarthistas» ao criticar Trump por este não pretender divulgar as suas declarações de impostos, e foi como que «Joe McCarthy no seu pior» por exigir que o seu rival de Nova Iorque (e que entretanto obteve mesmo a nomeação e continua sem divulgar a sua declaração) revelasse uma conversa que tivera com o New York Times.
Evidentemente, a sua hostilidade contra os «elefantes» abrange outros alvos, individuais e colectivos: criticou Chris Christie por se ter referido aos membros do ISIS como «animais» - e sem dúvida que é ofensivo… para os animais; acusou Reince Priebus de ter como objectivo principal «impedir os negros de votarem»; equiparou os dirigentes do GOP aos mullahs do Irão por supostamente desprezarem a vontade da maioria; e considerou que os republicanos «arruinaram a sua noite» (uma das noites) da convenção realizada em Cleveland ao terem dado oportunidade a Patricia Smith, mãe de Sean Smith (um dos assassinados em Benghazi), de discursar naquela e de acusar Hillary Clinton – embora se deva realçar que é menos grave do que dizer que se gostaria de bater nela (na Sra. Smith) até à morte; e como não podia deixar de ser, eles são racistas até se mencionarem cidades que tenham uma significativa percentagem da população constituída por minorias étnicas.
Quando à segunda «categoria», a veneração de Chris Matthews pelos «burros» continua forte e imaginativa: acredita que existe (que continua a existir) uma «vasta conspiração de direita» contra Hillary Clinton; afirmou que Barack Obama teve de, enfim, «abanar o pirilau» («dick around») para conseguir a aprovação pelo Congresso, em 2009, do seu programa de «estímulo» à economia; admitiu que ainda se sente excitado (na perna apenas?) pelos discursos de Barack Obama; e, no que será uma das suas asserções mais inacreditáveis (e há muitas por onde escolher), garantiu que «os republicanos odeiam Hillary» mas não pensa que «os democratas odeiem Donald Trump»!     
Os lapsos cerebrais de Chris Matthews não se restringem, obviamente, a observações desequilibradas sobre políticos dos dois principais partidos norte-americanos. Na verdade, ele sempre consegue arranjar tempo para episódios especialmente bizarros, tais como: revelar que estava a «sentir borboletas» no Iowa; e perguntar, depois de outro atentado, porque é que o terrorismo «parece sempre envolver bombas». Porém, já não dá tanta vontade de rir a forte possibilidade – aliás, quase certeza – de ele se ter servido da sua influência televisiva (por reduzida que seja…) para apoiar a candidatura da esposa, Kathleen, a um lugar de representante (pelo PD, obviamente) do Maryland… e de tal forma o favorecimento foi ostensivo que a MoveOn promoveu uma petição para que ele fosse despedido! É, por incrível que isso possa parecer, a um liberal nem tudo deve ser sempre permitido…
No entanto, manda também a honestidade intelectual que se reconheça quando Chris Matthews dá mostras de sensatez, de solidariedade e até – quem diria! – de empatia para com um adversário ideológico. No caso, a mesma pessoa a quem ele chamou de «chacal», «mccarthista» e de «sub-humano»: sim, exactamente, o senador júnior do Texas, depois de o seu progenitor ter sido envolvido, pelo milionário-candidato de Nova Iorque com a ajuda do National Enquirer, no homicídio de John Kennedy. Matthews disse a 3 de Maio último, quase três meses antes da convenção do Partido Republicano e seis da eleição, o seguinte: «Donald Trump cometeu um grande erro hoje. (…) A resposta de Cruz foi pessoal e, acredito, permanente. Ele disse que é um mentiroso patológico quem diz algo como aquilo sobre o pai dele. Esta pode ser a primeira vez em que simpatizo profundamente com um candidato nesta corrida, e é Ted Cruz. Ninguém deveria ter a sua família arrastada desta maneira para um tal assassinato de carácter. Penso que o Sr. Trump vai pagar por isso em Novembro, por conservadores que vão recordar-se do que ele fez a outro conservador.»