sexta-feira, 5 de agosto de 2016

O «Evangelho» segundo Matthews (Parte 4)

Caras e caros leitora(e)s do Obamatório: acaso sentiam necessidade e/ou saudade de mais uma selecção de alguns dos mais recentes, revoltantes e/ou risíveis dislates de Chris Matthews? Não? Pois, eu também não… mas manda a exigência de rigor e a preocupação pela sanidade proceder, com uma regularidade mínima, a uma verificação (ou uma confirmação…) do estado mental (deplorável) dessa autêntica personificação da parvoíce «progressista» na comunicação social que é o apresentador do programa «Hardball». E como tal não era feito aqui há quase dois anos, eis então uma dose de «sillyness» do «estadista da MSNBC» suficiente para alimentar toda e qualquer «silly season»…  
… E, como habitualmente, as atoardas dele podem ser divididas em duas «categorias» principais: uma, «não há pior do que os republicanos»; outra, «não há melhor do que os democratas». Quanto à primeira, as primárias para a nomeação do candidato do PR à presidência forneceu a CM muito material para… divagação. Os dois hispânicos na corrida eleitoral foram particularmente visados… e vilipendiados: Chris Matthews interrogou-se sobre se alguém veria um debate hipotético apenas entre «os dois gajos cubanos», e ambos se comportaram como «chacais» ao atacarem Donald Trump. Porém, o seu desprezo por Ted Cruz mostrou-se bem maior do que o por Marco Rubio: o senador do Texas «desfruta» (assim como Carly Fiorina) quando uma clínica que pratica abortos é atacada, «opera abaixo do nível da vida humana», usou de tácticas «mccarthistas» ao criticar Trump por este não pretender divulgar as suas declarações de impostos, e foi como que «Joe McCarthy no seu pior» por exigir que o seu rival de Nova Iorque (e que entretanto obteve mesmo a nomeação e continua sem divulgar a sua declaração) revelasse uma conversa que tivera com o New York Times.
Evidentemente, a sua hostilidade contra os «elefantes» abrange outros alvos, individuais e colectivos: criticou Chris Christie por se ter referido aos membros do ISIS como «animais» - e sem dúvida que é ofensivo… para os animais; acusou Reince Priebus de ter como objectivo principal «impedir os negros de votarem»; equiparou os dirigentes do GOP aos mullahs do Irão por supostamente desprezarem a vontade da maioria; e considerou que os republicanos «arruinaram a sua noite» (uma das noites) da convenção realizada em Cleveland ao terem dado oportunidade a Patricia Smith, mãe de Sean Smith (um dos assassinados em Benghazi), de discursar naquela e de acusar Hillary Clinton – embora se deva realçar que é menos grave do que dizer que se gostaria de bater nela (na Sra. Smith) até à morte; e como não podia deixar de ser, eles são racistas até se mencionarem cidades que tenham uma significativa percentagem da população constituída por minorias étnicas.
Quando à segunda «categoria», a veneração de Chris Matthews pelos «burros» continua forte e imaginativa: acredita que existe (que continua a existir) uma «vasta conspiração de direita» contra Hillary Clinton; afirmou que Barack Obama teve de, enfim, «abanar o pirilau» («dick around») para conseguir a aprovação pelo Congresso, em 2009, do seu programa de «estímulo» à economia; admitiu que ainda se sente excitado (na perna apenas?) pelos discursos de Barack Obama; e, no que será uma das suas asserções mais inacreditáveis (e há muitas por onde escolher), garantiu que «os republicanos odeiam Hillary» mas não pensa que «os democratas odeiem Donald Trump»!     
Os lapsos cerebrais de Chris Matthews não se restringem, obviamente, a observações desequilibradas sobre políticos dos dois principais partidos norte-americanos. Na verdade, ele sempre consegue arranjar tempo para episódios especialmente bizarros, tais como: revelar que estava a «sentir borboletas» no Iowa; e perguntar, depois de outro atentado, porque é que o terrorismo «parece sempre envolver bombas». Porém, já não dá tanta vontade de rir a forte possibilidade – aliás, quase certeza – de ele se ter servido da sua influência televisiva (por reduzida que seja…) para apoiar a candidatura da esposa, Kathleen, a um lugar de representante (pelo PD, obviamente) do Maryland… e de tal forma o favorecimento foi ostensivo que a MoveOn promoveu uma petição para que ele fosse despedido! É, por incrível que isso possa parecer, a um liberal nem tudo deve ser sempre permitido…
No entanto, manda também a honestidade intelectual que se reconheça quando Chris Matthews dá mostras de sensatez, de solidariedade e até – quem diria! – de empatia para com um adversário ideológico. No caso, a mesma pessoa a quem ele chamou de «chacal», «mccarthista» e de «sub-humano»: sim, exactamente, o senador júnior do Texas, depois de o seu progenitor ter sido envolvido, pelo milionário-candidato de Nova Iorque com a ajuda do National Enquirer, no homicídio de John Kennedy. Matthews disse a 3 de Maio último, quase três meses antes da convenção do Partido Republicano e seis da eleição, o seguinte: «Donald Trump cometeu um grande erro hoje. (…) A resposta de Cruz foi pessoal e, acredito, permanente. Ele disse que é um mentiroso patológico quem diz algo como aquilo sobre o pai dele. Esta pode ser a primeira vez em que simpatizo profundamente com um candidato nesta corrida, e é Ted Cruz. Ninguém deveria ter a sua família arrastada desta maneira para um tal assassinato de carácter. Penso que o Sr. Trump vai pagar por isso em Novembro, por conservadores que vão recordar-se do que ele fez a outro conservador.» 

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