sábado, 12 de novembro de 2016

Trump também triunfou… contra Obama

Sim, é verdade, não é mentira, não é um sonho… ou um pesadelo: Donald Trump venceu a eleição presidencial de 2016, derrotando Hillary Clinton, e será o 45º presidente dos Estados Unidos da América, sucedendo a Barack Obama. E o dia 20 de Janeiro de 2017, em que o candidato do Partido Republicano e futuro comandante-em-chefe tomará posse em Washington, não virá cedo demais. 
Foi um resultado, um desfecho, surpreendente, inesperado, chocante? Era impossível, ou pelo menos extremamente improvável, que ele vencesse a - - sem dúvida favorita à partida – candidata democrata? Sim, mas só para aqueles que não sabem, nem querem saber, a realidade, (todos) os factos, o contexto, e a história recente do país, em especial nos últimos oito anos em que o Sr. Hussein tem residido no Nº 1600 da Avenida da Pensilvânia. E são muitos, mesmo muitos, os que em todo o Mundo, nos próprios EUA, aqui na Europa… e em Portugal (sobre isso irei relatar alguns episódios em breve, e será… divertido) não sabem nem querem saber. Bastantes deles estariam mais e melhor preparados se… me lessem, me ouvissem, se estivessem dispostos a conversar comigo. Porém, não o fizeram (apesar dos contactos e dos «convites» que fiz ao longo dos anos), e agora é vê-los a fazerem as figuras mais tristes, mais ridículas, mais histéricas, a dizerem e a escreverem os maiores disparates. É certo que no nosso país as «birras» se limitam, e felizmente, a isso – a dizer e a escrever disparates; no entanto, no outro lado do Atlântico, os disparates também se fazem: muitos dos desiludidos com o resultado da eleição foram para as ruas protestar – invariavelmente em cidades que os «azuis» controlam, como Chicago, Los Angeles, Nova Iorque, Portland – e não se limitam aos gritos e às (absurdas) palavras de ordem: também, repetindo o que fizeram em outras ocasiões, estão a atacar quem pensam ser (correcta ou incorrectamente) apoiantes de Donald Trump e dos republicanos (aliás, há também vários casos desses antes do, e durante o, dia 8), a vandalizar e a destruir propriedade pública, a lutar contra polícias. Não é irónico que aqueles que mais se manifestam contra o «ódio» e a favor da«tolerância» se revelem os mais odiosos e os mais intolerantes? Enfim, não aprendem… continuem assim que apenas irão conseguir que, em futuras eleições, o domínio do GOP em todas as instâncias do poder – local, estadual, federal, nacional – se torne ainda mais esmagador do que já é. Só faltava a Casa Branca… e ela acabou de ser conquistada. Ao mesmo tempo, e contrariando os receios que existiam, manteve-se o controlo do Congresso, as maiorias tanto na Casa como no Senado.  
Reconheço que, para mim (e para duas das minhas filhas, que nos últimos tempos se foram interessando cada vez mais pela política nos EUA, e que me acompanharam), a passagem da noite de 8 para 9 acabou por se tornar uma experiência inesquecível e… muito satisfatória. Ao início, e recordando o que aconteceu há quatro anos em que não esperava, de todo, que Mitt Romney perdesse, agora encarei a situação com mais calma, realisticamente, na expectativa… e disposto, preparado, a enfrentar mais uma derrota daqueles que eu priorizava… o que, felizmente, não aconteceu. Ia dizendo a mim próprio «mais um pouco, e vou para a cama»… mas fui adiando: era viciante acompanhar em tempo real a contagem dos votos, as alternâncias na liderança, os Estados que «caíam» para um lado ou para outro. Particularmente enervante foi – mais uma vez! – a contagem na Flórida. Todavia, assim que se tornou certo que Donald Trump vencera o «sunshine state», tudo se tornou realmente possível… e a confirmação da vitória foi uma questão de tempo. A seguir, e além das vitórias previsíveis em Estados tradicionalmente «encarnados», vieram as – extraordinárias – tomadas de «azuis» como o Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin. Escaparam as habituais «repúblicas socialistas soviéticas americanas» como a Califórnia, Oregon, Washington, Massachusetts, Nova Iorque – o Estado natal do novo presidente, que não dava um à nação desde Franklin D. Roosevelt. Antes das seis e meia fui deitar-me… mas não consegui dormir. Levantei-me antes das oito, a tempo de ver em directo, ao vivo e a cores, o discurso de vitória do novo presidente.
Afinal, Michael Moore adivinhou mesmo o que aconteceu, e este resultado acabou por ser «o maior «fuck you!» registado na história da Humanidade». Eis o ponto crucial: Donald Trump venceu Hillary Clinton porque, por mais e maiores (e, reconheço, indiscutíveis) que sejam as interrogações - e inquietações - suscitadas pela sua personalidade e pelo seu percurso profissional e público, por mais e maiores que sejam as suas insuficiências no estilo e na substância, a sua opositora era, é, indubitavelmente pior. O magnata do imobiliário e milionário não é o responsável «moral» ou material, directo ou indirecto, por centenas, quiçá de milhares, de mortes; não aproveitou um cargo no governo para vender (várias vezes a individualidades e a entidades estrangeiras de incerta respeitabilidade) acesso e favores, enriquecendo a si próprio e à sua «fundação»; não violou leis e regulamentos e não colocou em perigo a segurança nacional ao instalar e utilizar um servidor privado de correio electrónico para tratar assuntos estatais; não beneficiou do colaboracionismo e da batotice tanto do seu próprio partido (que prejudicou o seu principal rival para a nomeação) como d(e uma parte significativa d)a comunicação social (que submetia à sua equipa textos para aprovação e pedidos de pesquisa de candidatos do «outro lado», e revelava perguntas que iriam ser feitas em debates). Não, a esposa de Bill Clinton, corrupta e criminosa, não tem um currículo caracterizado por uma inocente «hilaridade».
Donald Trump, porém, também triunfou contra Barack Obama, talvez o principal derrotado neste sufrágio. O Nº 44 comportou-se de uma maneira indigna; fez o que, creio, nunca nenhum outro presidente antes dele fez: participar activa e intensamente na campanha sem estar em causa a sua reeleição. Ronald Reagan não fez isso a favor de George H. Bush, Bill Clinton não fez isso a favor de Al Gore, George W. Bush não fez isso a favor de John McCain. Ele próprio admitiu que era o seu «legado» que estava em causa e nos boletins de voto… e o resultado significou uma «repudiação» desse «legado». Que ficará como um – muito danoso e dispendioso - «parêntesis» na história dos EUA. 

1 comentário:

Lura do Grilo disse...

Eu quase não acreditava. Fui-me deitar pelas 2 horas com a Flórida a balançar. Os meus filhos ficaram até mais tarde. Já a probabilidade de vitória subia vertiginosamente.

Quando acordei vim ao computador e surprise. Gritei de alegria e fui acordar toda a gente. Um prazer ver a víbora e o seu mentor derrotados.