sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Diplomacia macia (Parte 3)

(Três adendas no final deste texto.)
Não é que todo o Mundo esteja actualmente a «ferro e fogo», mas a verdade é que são várias as situações graves de crise e de conflito em outros tantos pontos do globo: na Venezuela o «jovem» regime comunista e ditatorial (redundância) de Nicolás Maduro apodrece, o que não impede uma repressão – desvalorizada, entre outros, por Oliver Stone – cada vez mais violenta de uma população carente e indefesa; na Nigéria os terroristas muçulmanos do Boko Haram matam dezenas de jovens em escolas cristãs; na Síria continua uma guerra civil entre maus (Assad e assalariados) e piores (Al Qaeda e aliados); na Ucrânia morreram mais de 100 pessoas numa quase guerra civil entre apoiantes da União Europeia e da Rússia; no Irão continuam a construir armas nucleares mas já sem as restrições de boicote económico e de sanções políticas; na Coreia do Norte o «velho» regime comunista e ditatorial (redundância) de Kim-Jong-Un já apodreceu mas ainda consegue massacrar os seus habitantes e ameaçar as nações vizinhas… com as armas nucleares que efectivamente construiu.
Enquanto tudo isto acontece, o que faz e diz John Kerry, secretário de Estado (isto é, ministro dos Negócios Estrangeiros) dos EUA? Em digressão pela Ásia, afirmou que as «alterações climáticas» - uma forma (um pouco) menos ridícula de se dizer «aquecimento global» - são o pior problema que o planeta enfrenta, mais, constituem até a maior «arma de destruição maciça» da actualidade! Isto num Inverno em que novos recordes de frio e de queda de neve foram batidos no Hemisfério Norte! Como se não fosse suficientemente patético tornar uma fraude científica parte de uma doutrina política nacional oficial, vai-se ao cúmulo de a «elevar» ao estatuto de suprema emergência e prioridade internacional! Evidentemente, o candidato derrotado (por George W. Bush) na eleição presidencial de 2004 limita-se apenas a seguir a orientação do «chefe», que declarou no seu mais recente discurso do Estado da União que «as alterações climáticas (antropogénicas) são um facto»…
… E que reiterou a falsidade, convenientemente, numa visita recente à Califórnia… única região do país onde há uma seca – que, aliás, é mais atribuível a (más) políticas ambientais do que a fenómenos atmosféricos. Melhor seria que Barack Obama se limitasse a repetir os estafados disparates ecologistas… mas não: revelando que não aprendeu com a estupidez de ter traçado uma «linha (vermelha)» na situação da Síria, voltou a fazer o mesmo, agora em relação à Ucrânia! Disse que «haverá consequências se as pessoas pisarem a linha» em Kiev. Jake Tapper, e não só, interrogou(-se) sobre quais seriam essas consequências. As mesmas que… não existiram para Damasco? A não ser que ele se estivesse a referir às linhas de trânsito nas estradas e nas ruas…
Perante tantas, tão graves e sucessivas demonstrações de inacreditável e hilariante incompetência, é de surpreender que a maioria (53%) dos norte-americanos acreditem, segundo uma sondagem da Gallup, que o seu presidente não é respeitado pelos outros líderes mundiais? É o resultado de uma contínua diplomacia macia… ou, por outras palavras, de uma «fraqueza provocadora» dos EUA… porque como que «provoca», «convida» todo o tipo de rufias internacionais a fazerem o que muito bem lhes aprouver. E com umas forças armadas reduzidas à dimensão que tinham antes da Segunda Guerra Mundial, que é o que acontecerá se for concretizada a proposta de orçamento do Pentágono para 2015 apresentada esta semana por Chuck Hagel, que medo e respeito poderá o país ainda inspirar aos seus inimigos? O secretário da Defesa nem sequer conseguiu que o seu homólogo ucraniano lhe atendesse os telefonemas que fez!
Diversos comentadores, como os conservadores Charles Krauthammer, George Will, Noah Rothman e Roger L. Simon, e os liberais Hank Heinkopf e Juan Williams, criticam asperamente a política externa e de defesa obamista, em especial o seu relacionamento com a Rússia, que alguns insistem em considerar um sucesso… e não o fracasso que de facto é. Agora não restam dúvidas de que, também nisto, Mitt Romney tinha razão. Esta administração, e nomeadamente o «esforçado» John Kerry, recebe, vá lá, o elogio de David Axelrod, mas a sua opinião não pode ser considerada insuspeita… Porém, as palavras mais desencantadas e eloquentes sobre uns EUA cada vez mais «encolhidos» na cena mundial vêm de Garry Kasparov. O famoso campeão de xadrez e opositor de Vladimir Putin, após relacionar, uma e outra vez, o que acontece(u) na Ucrânia com as… insuficiências da actual administração norte-americana, chegou à (inevitável?) conclusão: «ainda seria hoje um cidadão soviético se Barack Obama tivesse sido presidente em vez de Reagan
Felizmente para o Mundo, nessa época o Sr. Hussein era apenas um adolescente que queria principalmente drogar-se – se não com cocaína e charros, pelo menos com cigarros – e divertir-se. No entanto, e vendo bem, é isso que actualmente (continua a) acontece(r)… mas mais com golfe e festas. Distracções e descansos indispensáveis para quem, antes e depois, tanto se «cansa» clamando pelo aumento do salário mínimo e contra a desigualdade de rendimento.
(Adenda – Demonstrando não ter qualquer receio nem respeito pela «comunidade internacional», e em especial pelos EUA, a Rússia decidiu invadir a Ucrânia… algo que Sarah Palin previu há seis anos, baseando-se na já então evidente pusilanimidade do senador e candidato Barack Obama. E o que faz este agora quanto ao assunto, além de proferir uma declaração algo frouxa e pouco convincente mas em que, vá lá, fala de «custos» em vez de «linhas»? Obedece às ordens da esposa e, com Joe Biden, faz exercício - «devidamente» vestido – na Casa Branca; depois, vai «festejar» com os seus camaradas de partido; talvez de «ressaca», no dia seguinte falta a um encontro com os seus conselheiros em segurança nacional... mas, enfim, era num sábado! Pelo seu lado, John Kerry não quer ficar atrás no ridículo: antes, afirma que a Rússia está «pronta para ajudar a economia da Ucrânia»; depois, declara que Moscovo comete «um incrível acto de agressão»… que não é, contudo, de «alguém que seja forte»!)
(Segunda adenda – O Washington Post, em editorial não assinado (o mesmo é dizer, uma opinião oficial de todo o jornal), afirmou que a política externa de Barack Obama é «baseada em fantasia». Só agora é que descobriram isso?! Entretanto, há aqueles que continuam a recusar-se a aceitar a verdade e que preferem, ainda, culpar George W. Bush, como David Gregory e Rachel Maddow. Será que alguma vez se irão cansar de repetir a mesma patranha?) 
(Terceira adenda – Peter Baker, do New York Times, não pensa que Vladimir Putin tenha «muito respeito pelo Presidente Obama». A sério?! Terá isso a ver com a promessa de «maior flexibilidade» que o Nº 44 fez a Dmitri Medvedev? No que se refere à Ucrânia o objectivo do Sr. Hussein parece ser, agora, segundo Neil Munro, apenas o de «desescalar» este conflito internacional… para, é de supor, voltar a concentrar-se no que é mais importante para ele: escalar o conflito nacional com os republicanos.  Porém, a incompetência de BHO na política externa e de defesa não é surpreendente e se antecedente: como demonstra Ann Coulter, outros presidentes democratas falharam em momentos cruciais do passado.)   

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